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EMÍ

Após algumas horas, Emí começa acordar, desnorteada, sem saber onde está, o lugar não é familiar para ela, sua última lembrança é de estar na sala de Marques, lutando para respirar, lutando para não enlouquecer. "Talvez eu tenha enlouquecido, será que eu morri? Quantas luzes!", quando Emí abre seus olhos se depara com um teto branco e muitas lâmpadas, sua amiga Lívia está ao seu lado, com seus olhos apreensivos e um sorriso melancólico.

— Que roupas são essas ? Onde eu estou? — Emí pergunta, com a testa franzida e um olhar perdido.

— Emí Você está no hospital, não se lembra de nada? — Lívia aperta sua mão.

— Lembro de estar na sala do Marques, aquele babaca.

— Consegue lembrar de mais alguma coisa ?

— Ele me pediu para ligar para algumas pessoas, aquilo era impossível até meio-dia, e depois disso, tudo apagou. — Emí massageia suas têmporas, tentando lembrar o que realmente aconteceu, mas era inútil.

Depois de alguns minutos o médico bateu a porta, e entrou naquele quarto pequeno e frio, sem vida, sem cor.

— Como se sente Emília? — pergunta o médico.

— Um pouco melhor, mas meu corpo está pesado e minha cabeça ainda dói, acho que desmaiei porque não comi nada essa manhã, sinto um pouco de enjôo também. — Emília olha para o médico com um semblante preocupado. — Eu vou morrer?

— O que você tem é realmente grave, porém se fizer tudo corretamente, não irá morrer.

— O que ela teve ? — pergunta Lívia, já com os olhos marejados.

— Emília teve um Burnout, basicamente um esgotamento emocional, de hoje em diante você precisa realmente se cuidar.

— Posso ir para casa Dr? — Emí pergunta já tentando levantar.

— Você ficará aqui essa noite, e amanhã voltamos a conversar.

É uma noite longa, fria e triste, "como pude chegar a esse ponto ?", Emí olha para os  lados e se sente sufocada, sente que está em um beco sem saída, e mesmo em meio as lágrimas que insistem em cair, Emí decide, não vou desistir, vou lutar, vou fazer tudo o que for preciso, eu vou ser feliz.

[...]

Já é manhã, o sol está lindo, não há uma nuvem no céu, talvez isso seja um sinal que as coisas podem melhorar, após o café, o médico dá alta para Emí, com um afastamento por tempo indeterminado do escritório, até que isso não era tão ruim, tirar umas férias prolongadas não seria nada mal, porém faz Emí se comprometer em tomar seus remédios e ir ao consultório de psicologia. Era um acordo justo, já que ela queria ir logo para sua casa.
Lívia leva Emí para casa, após uma noite inteira no hospital e muitas coisas para repensar.

— Emí você vai ficar bem? — Lívia se joga no sofá caramelo, com almofadas vermelhas da sala de Emí.

— Sim amiga, pode ir para sua casa, qualquer coisa eu ligo, você precisa descansar, eu preciso descansar, então, não se preocupe, tudo vai ficar bem. — Emí puxa Lívia pelos braços e a arrasta até a porta.

— Ok, mas qualquer coisa, pode me ligar.

— Obrigado amiga, obrigado por tudo, você realmente é a melhor.

Emí se joga em seu sofá, fecha os olhos e por um momento pretende esquecer de tudo,  mas lembra do encontro que havia marcado com Vini, "nossa esqueci completamente" , ela pega o celular, dez ligações perdidas, seu coração gela, "porque Lívia não atendeu", Emília olha suas mensagens e quando começa a ler, nada está bem.

— VOCÊ ACHA QUE EU SOU UM OTÁRIO ? CADÊ VOCÊ?

— EMÍLIA ESTOU A TRINTA MINUTOS ESPERANDO POR VOCÊ!

— ACABOU, NÃO ME LIGA, VOCÊ NÃO ME MERECE.

Só podia ser um pesadelo, como Emí iria explicar para Vini o que havia acontecido com ela, será que ele pensaria que era uma desculpa para justificar não ter ido ao encontro?, Emília começa a responder a mensagem, mais o medo toma conta dos seus pensamentos, ela desisti, já está tudo uma grande merda, isso pode esperar mais algumas horas, Emília iria pensar nela mesmo, e não iria passar mais nenhum minuto se lamentando da sua vida que estava uma porcaria, ela ia entrar em ação, Emília pega o telefone e digita o número.

— Alô, é da clínica de psicologia? Posso marcar uma consulta ?