Eu conto ovelhinhas

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Oiê! Gostaram do primeiro capítulo?

Peço desculpas pelo suspense, apesar de ter sido totalmente proposital kkkkkkk.
Bem, espero que curtam, comentem e  sigam para não perder as atualizações!

Fiquem com o capítulo em mãos:

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Estava com várias dúvidas sobre a minha índole. Não sou uma pessoa ruim, não saio por aí amaldiçoando a mente dos outros como um hobbie.

Era esquisito ser encarado como um peso morto pelos campistas, não pretendia dar material de prova para as teorias de sociopatia também, que claramente estavam se evidenciando.

Como eu poderia explicar? Minhas lembranças sobre os últimos dias estão bagunçadas e distorcidas. Penso na vez em que Nelson Fuller me perguntou sobre “Guerra e Paz” e se eu tinha gostado, mas eu não havia comprado esse livro, quem dirá lido? Ou na noite em que Nayle e eu brigamos e ele disse que estava farto de discussões “diárias”, mas para mim aquela era a primeira briga.

Eu não era bom em admitir meus lapsos, admitir que esses buracos de minhocas eram totalmente comuns, admitir este sentimento de estar perdendo uma parte da minha vida, várias partes, e era injusto construir um quebra - cabeça de mil peças com um jogo que vem apenas quinhentas.
 
Então, eu fingia, fingir é mais fácil. Mas, não poderia solucionar um problema tão grande quanto esse apenas fingindo. Esse era eu, em um estado controlado, com boas horas de sono dormidas, e eu odiava essa versão, a versão que conhecia, mas agora existe outra variante, um modelo alterado e insano que invadia a mente de outras pessoas. Eu não queria conhecê-lo.

Entrar na mente da July me fez ficar preso nesse abismo escuro que era praticamente minha casa desde que era criança, onde eu sentava e respirava lentamente porque tinha medo que os meus pulmões absorvessem aquela escuridão.

Nós meio sangues temos uma relação difícil quando o tópico é "sonhar". Na maior parte das vezes são apenas inseguranças aterrorizantes, mas existem casos em que somos coagidos pelos nossos piores inimigos ou pior, coisas são reveladas, coisas que não conseguimos interpretar à primeira vista, coisas que colocam a vida de quem amamos em risco. Sonhos, a imagética do inalcançável, o palco do perturbador. Esse era meu domínio, em teoria.

A prática era bem diferente. Dormir me faz sentir independente e confiante, mas a minha vida toda não foi sempre assim. Ser um filho de Hipnos não é tão confortável quanto se imagina, nem tudo é sobre colchões macios e travesseiros de pluma (as vezes é sim), estamos sempre presos na irrealidade e a irrealidade é um lugar íngreme, se você não souber lidar, se não se acostumar com os apagões e a fadiga constante, se você não descobrir um jeito de administrar sua energia, se não traçar uma linha tênue, você é pego por uma espiral póstuma.

Faz bem relembrar que meu pai é irmão gêmeo de Thanatos, a personificação da Morte, não é difícil de compreender que entre a morte e o sono eterno não existe uma grande brecha. Não precisa de muita criatividade para imaginar as consequências do mundo sem a morte.

Tivemos uma boa noção durante a guerra dos gigantes contra os Olimpianos, quando Thanatos foi aprisionado e Frank Zhang, Hazel Levesque e Percy Jackson foram em missão libertá-lo.

Ao contrário dos outros semideuses, os filhos de Hipnos não precisam apenas lidar com a pressão de se ver lutando contra seu lado humano e seu lado divino, buscando um lugar seu entre esses pólos opostos.

Assim como os filhos de Hades e de Plutão transitam entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, nós filhos de Hipnos também estamos entre dois mundos, mundos impalpáveis, o consciente e o inconsciente. Uma dualidade não comentada. Uma dualidade esquecida e subestimada.

Herdeiros do Vaticínio - O filho do despertar Onde histórias criam vida. Descubra agora