7 - O Silencio da Casa.

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Sarah


Eu ainda estava abalada com oque houvera. Arthur não conseguiu sair da escola, talvez houvesse um jeito de ajudá-lo, e eu não consegui pensar.  Todos nós crescemos juntos, compartilhando segredos, sonhos e agora pelo que parece, o fim dos dias.

- Adeus. - ouvi Talita dizer, seu tom se despedindo, pelo que parecia a garota não tinha esperança de nós encontrar novamente. - Boa sorte pra vocês.

- Não é o fim, é apenas um até logo. - disse Ravih, tentando infundir esperança em suas palavras, mas sua voz trazia o peso de um coração entristecido.

Vejo Alice sorrir com tristeza.

- Vamos nos encontrar amanhã, no nosso lugar secreto, lembram? - de secreto não tinha nada. - Aquele esconderijo que ninguém mais conhece. - nem era um esconderijo.

A rodovia abandonada com vinte metros de altura, foi um lugar onde o grupo adquiriu várias memórias, e era o lugar onde Arthur mais nós arrastava pra ir, ele adorava beber naquele lugar. nunca gostei de beber nesse nível por conta dos treinos e do meu físico, mesmo sabendo disso ele sempre fazia questão de me chamar.

- Ele gostava tanto de lá. - disse Nicole. A respiração trêmula escapou de seus lábios, enquanto ela lutava para manter a compostura. Lentamente, uma única lágrima traçou um caminho pela sua pele. - Eu estou bem. -disse ela, sinto até mesmo vontade de abraçar a garota, mas ela iria me xingar.

Os outros assentiram, cada um perdido em suas próprias memórias daquele lugar especial. Era uma promessa silenciosa um pacto não dito que eles fariam o impossível para conseguir achar suas famílias e sobreviver até amanhã.

Lisa, cujas as últimas horas já havia visto muito mais do que sua idade sugeria,viu sua irmã ter a garganta arrancada, tentou ajudar um de seus amigos e o presenciou virar uma criatura mordedora e ainda perdeu um de seus sapatos.

- E se...- ela começou, mas foi interrompida por Miguel.

- Não existe, e se, Lisa. Nós vamos conseguir, - disse ele, com uma determinação, o garoto foi o mais atacado e traumatizado pelos bichos.

- Nós vamos conseguir. - digo, quem eu tô querendo enganar, Nicole vai ser a primeira a morrer e virar um daqueles trem.

Maya, olhou para o grupo, seu olhar passando por cada rosto, memorizando-os caso fosse a última vez. "Eu amo vocês," ela murmurou, as palavras quase perdidas no vento.

- Nós nos encontraremos amanhã. Cuidem-se. - disse Ravih, segurando uma das mão de sua irmã, havia um comando em sua voz que não permitia argumentos.

Um por um de nós fomos seguindo nossos caminhos, escuto o eco dos passos de meus amigos ficando cada vez mais distante.

E assim, sob um mundo quase em ruínas, nós nos separamos, não sabendo o que o amanhã traria, mas segurando firmemente na esperança de nos encontrarmos, amanhã ou em algum dia.

[...]

Sozinha estava andando pelas ruas próximo a minha casa, cautelosa. meu coração cheio de medo, eu andava me escondendo por entre os carros. um ou outro carro passava, veloz, fugindo do inferno que a cidade estava se tornando. mas mesmo assim eu sentia a rua vazia demais, meu bairro sempre foi festeiro, cheio, animado.

- Porra, cadê todo mundo? - Sussurro comigo mesma, olhando pra janela da casa a minha frente, vejo em um movimento rápido alguém fechar a cortina. Confesso que faria o mesmo.

De trás de mim, uma sombra se move, cautelosa e agachada. aproxima-se por trás, quase sem respirar, mas respirou e eu senti. por reflexo me viro, e em posição de ataque, golpeio com uma pancada quem estava atrás de mim.

A Terra Depois de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora