9 - Muda o disco.

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Alice



- Talita, quando chegar em casa manda mensagem. - Digo, feliz pela garota está quase em casa, salva.

- Eu vou chegar bem. - Talita respondeu.

- Se cuida mana. - Disse Ravih, foi tão baixo que acho que a garota nem sequer ouviu. eu e meu irmão apenas seguimos o caminho de casa, faltavam algumas ruas até lá.

O sol já estava quase indo embora, a cidade que até ontem pulsava com vida agora estava em silêncio, os carros estavam abandonados, as pessoas largaram tudo, fugiram desesperadas. Mas pra onde, cadê todo mundo. as crianças que brincavam nas ruas, até mesmo os vira-latas não estão mais aqui.

- Tá bem? - Ravih me desperta.

- Fisicamente sim, agora de cabeça, abafa. - levantei minha mão com um sorriso malicioso, pressionando as pontas dos dedos contra o polegar, abri e fechei a mão no ar. meu irmão sorri com o ato.

- Quase morremos... de novo. - comenta, a memória das outras quase morte, não é muito agradável, acho que uma quase morte não tem como ser agradável.

- Mas conseguimos sair dessa, juntos. - digo.

- De novo...- continuamos nosso caminho.

De repente, um barulho passou pelo céu, um helicóptero. vejo Ravih fazer sinal com o braço não ferido. tentando chamar a atenção do piloto, talvez eles saibam onde está todo mundo, Mas ele passou reto, deixando para trás apenas seu barulho.

- Que carai de helicóptero, eoem. - ele xinga.

- Acho que se você tivesse usado os DOIS braços, ele teria visto. - vejo o garoto ficar com raiva, mas eu tinha que dizer.

De trás de mim um som surdo e arrastado veio de um beco próximo. Eu paro, sinto meu coração acelerando. Ravih colocou um dedo sobre os lábios, sinalizando para que ficasse em silêncio. Duas daquelas coisas, com olhos vidrados e movimentos desajeitados, estavam vindo em nossa direção, provavelmente atraídos pelo barulho do helicóptero. Senti um arrepio percorrer minha espinha.

- Precisamos voltar, agora Ravih. - sussurro.

Nós nos viramos pra fugir em silêncio, um deles ergueu a cabeça, vejo ele farejar o ar, mas logo me abaixo. No bolso direito da calça sinto meu celular vibrar, tento ser rápida pra desligar quem quer que fosse, mas estava nervosa e o som foi mais rápido que eu, a música começa a tocar em meio a todo o silêncio,..

[ I wanna be your vacuum cleaner ]

- Sério, Alice?- Ravih sussurra, indignado.

[ Breathing in your dust ]

- Que foi? a música é ótima tá.

[ I wanna be your Ford Cortina]

- Agora ela não me parece a melhor hora pra ser, ótima.

Vejo quem é, Talita que estava ligando, talvez pra avisar que chegou bem, mas não era a melhor hora, desligo. um dos mortos começa andar em nossa direção, logo depois com um grunhido, ele alertou o outro, e ambos começaram a se mover em nossa direção.

- Que porra foi essa? - eles se comunicam? olho pro lado mas não vejo meu irmão.

- Corre fia! - Ravih gritou, já correndo na frente.

- Seu filha da puta. - começo a correr Junto. - ia me abandonar, seu merda.

Parece que ao ver a gente, aquelas coisas começaram a correr, enquanto eles desesperados pra nos pegar, eu e meu irmão desesperados pra sobreviver, o som dos nossos próprios passos e a respiração ofegante sendo os únicos sons no bairro. Viramos algumas esquinas, mas os mortos ainda estavam persistentes em nos alcançar.

A Terra Depois de NósOnde histórias criam vida. Descubra agora