Alice.
- Morreu? - Levanto meu olhar e procuro pelo meu pai, o mesmo estava no chão com uma perna ferida.
- Ravih, liga pra ambulância rápido. - Minha mãe ordena.
Quando fomos para o hospital, achei que finalmente minha mãe ia pra delegacia, mas... ela apenas disse aos médicos que foi um acidente, eles não questionaram sobre nada, apenas aceitaram essa mentira. Depois que meu pai se recuperou, ele deu uma surra, em mim, eu lembro da minha perna sangrar, e dele gritando e me xingando. Minha mãe nem sequer me levou ao hospital, ela apenas cuidou de mim em casa, ela colocou curativo e me deu remédios...
Eu comecei a odiá-la. Nem mesmo queria olhar na cara dela, eu só queria viver dentro do meu quarto, e fingir que não conhecia ela. Fiz uma promessa para mim mesma, eu nunca, nunca seria igual a ela, eu nunca ia seguir os passos dela, nunca. Ela nunca se preocupou de verdade com a gente, ela só não queria ficar sozinha, sem marido. orgulhosa.
Nenhum dos nossos amigos sabia disso, talvez o Arthur já que ele é nosso vizinho, mas ele nunca comentou, nem mesmo perguntou. E agora ele está morto.
O choro baixo de Ravih me despertou da memória ruim, me trazendo de volta para o presente, para o agora, minha respiração pesada, minha mãe grunhido. Tudo isso estava me deixando louca. levanto do chão.
- Não podemos matar ela. - Digo tentando controlar minha respiração.
- Temos que acabar com o sofrimento dela, Alice. - Ravih finalizou tentando entrar no quarto, eu seguro a porta. - ela vai matar a gente quando puder.
- Ravih, eu nunca pedi desculpa pra ela... eu sempre... sempre odiei ela, mas sempre amei. - Nem eu estava me entendendo. - Eu só não queria ser igual a ela, por isso eu ignorei, por isso eu evitava ela. Mas agora, eu quero deixar ela lá. Não podemos finalizar as coisas assim. - Ele me olha pela ultima vez, e depois me empurra fazendo eu cair, e se trancando no quarto com a nossa Mãe. - Merda abre a porra da porta. - Bati com tudo na porta, mas estava trancada. - deve ter alguma cura, vamos tentar achar juntos. - Não me respondia.
Eu só conseguia ouvir o choro de Ravih e os grunhidos da minha mãe.
Passos começaram a ecoar dentro do quarto, ele vai acabar com isso. Nós nem tivemos a chance de conversar. Escuto barulho de vidro quebrando.
- Merda, Alice. - O grito de Ravih faz eu me arrepiar.
- Abre a porta. - Me jogo na porta tentando arrombar, os gritos dentro do quarto estavam aumentando. Era como um déjà vu. - Ravih, não morre!. - Os gritos não paravam, e então eu meti um chute, e a porta abriu, nem sabia que tinha toda essa força.
- Me ajuda aí. - Gritou ao me ver.
Vejo a minha mãe em cima de Ravih, ela estava com os pés desamarrados da cadeira, mas as mãos continuavam com as cordas. Ele segurava o pescoço dela, e a mesma babava nele.
Mas um vez um déjà vu.
Seguro firme a faca que antes tinha pegado na cozinha e meto no pescoço dela, não sente dor alguma, ela se debatia tanto que acabou se soltando por completo da cadeira e empurrando Ravih, que bateu a cabeça no chão. Minha mãe agora estava se rastejando até Ravih que perdeu a consciência com a batida, merda preciso da arma. Vou até o guarda roupa, e lá estava ela. Não era para as coisas acabarem assim.
- Mãe. - Gritei, ela ainda estava com a faca no pescoço. - Me desculpa. - Ela grunhiu pra mim e pulou em minha direção, eu coloquei o dedo no gatilho e disparei contra ela, sua cabeça foi atingida, sangue voou no meu rosto, eu sinto muito. - Minha respiração se descontrolou, acabei caindo no chão, estava sentindo uma dor no peito, e um calor infernal. - Merda. - Minhas mãos tremiam, e meu coração não parava quieto. - Ravih? - Me aproximo dele, minha mão pousou em seu pulso. - tá vivo...- Eu desabo do lado dele e as lágrimas começam a descer. Eu não sou igual a ela, ela jamais me mataria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Terra Depois de Nós
Ficção AdolescenteEm um mundo devastado por um vírus zumbi, um grupo de amigos luta pela sobrevivência. Cada um traz habilidades únicas para a equipe. Enquanto buscam respostas, o grupo enfrenta intrigas, traições e o peso da responsabilidade de salvar aqueles que am...