Encantadoramente bela e astuta. Para todos, Eleanor Blackwood, é uma vítima inocente de sua impiedosa irmã mais velha, a gananciosa Victória. No entanto, a verdade que ela mantém escondida é um pouquinho mais perversa do que todos imaginam.
Com sua...
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ELEANOR HUGHES
Mamãe avisou que elas roubariam tudo de mim e não demorou muito para que isso se tornasse perceptível. Primeiro, meu quarto. Anna tinha problemas respiratórios e estava em tratamento, então papai deu meu quarto a ela.
— Mas mamãe escolheu para mim!
Insisti, elevando mais a voz do que o normal e chamando a atenção de Madame Blackwood, que virou o corpo para nos observar. Estava no meio do quarto, observando Anna, que corria ao redor do cômodo, atrás de qualquer coisa brilhante ou fosse colorido. Ela se distraiu quando a garotinha tropeçou e começou a chorar.
Papai se ajoelhou e me segurou pelos ombros, me girando gentilmente para que fiquemos de frente um para o outro.
— Eu sei meu bem, e vamos fazer questão de levar cada coisinha para o seu novo quarto. — garantiu. — No entanto, precisamos que Anna fique com esse quarto para o tratamento dela. Você entende, não é?
— Não, papai!
Aquele era o meu quarto. Mamãe decorou cada pedacinho dele para mim. É onde tenho o esconderijo para a carta de mamãe, é o meu lugar e mamãe me avisou que não devo deixar que roubem nada do que é meu!
— Papai, Anna pode ficar com o meu quarto. — Papai olhou por cima do ombro bem no momento em que ela entrou. — É bem arejado e tem uma janela enorme onde entra bastante vento. — sorriu tranquilamente como se não fosse grande coisa, me fez parecer malvada. — É melhor que eu fique com aquele com a varanda, Eleanor e Anna são novas demais então pode ser perigoso para elas.
Parou com as mãos coladas ao corpo e os dedos entrelaçados na frente do abdômen, assim como mamãe fazia, assim como a mãe dela faz.
Ela era bonita.
Ela era elegante.
E eu odiava isso.
Odiava que quando estávamos lado a lado era visível a diferença entre nós duas. Odiava me pegar imitando sua postura assim que a observava. Odiava imitá-la inconscientemente.
Papai me deu as costas para ficar de frente para ela, me excluindo da conversa. Como todos pareciam fazer desde o momento que ela pisou nessa casa.
— Como você é uma boa irmã mais velha, Vivi. — disse acariciando o cabelo dela. — Sabe que não poderá levar seu piano se ficar com aquele quarto, não sabe?
— Tudo bem, papai, eu tenho a varanda. Posso ler livros ali enquanto tomo chá se estiver acompanhada, não posso mamãe?
Victória olhou para a mãe dela, esperançosa, enquanto a mulher acompanhava Anna com o olhar. Naquela época, Anna já era incontrolável. Escapulia para todo lugar, se pendurando nos móveis mais perigosos possíveis.