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ELEANOR BLACKWOOD

AVISO: recadinho pra vocês no final do capítulo. Tem spoiler, então se forem lá antes de ler o capítulo vão receber spoilers.


— Você vai conseguir, Eleanor. — sussurro baixinho.

Observo meu reflexo no grande espelho da sala de espera do Grande Salão. O vestido azul que Vivi me emprestou tem o mesmo tom hipnotizante de uma safira sob a luz de velas — profundo, mágico e impossível de ignorar. A saia de cetim brilha por baixo das camadas de tule translúcido, que cobre a parte inferior e as mangas do vestido. Quando papai presenteou Victória com esse vestido eu sabia que ele ficaria perfeito em mim.

Respiro fundo, ajeito as luvas brancas que sobem até os cotovelos e aperto a máscara branca que esconde a parte de cima do meu rosto. Observo meu reflexo e sei que estou bonita, que mesmo com esse disfarce chamarei a atenção. Que o vestido, as joias, são os melhores itens que alguém da nossa classe conseguiria obter.

Ainda assim, o medo de que aos olhos de James a beleza dela ultrapasse a minha me devora de dentro para fora. Poderosa o suficiente para fazer minhas mãos tremerem sem parar. Ainda mais quando me lembro de como Victória estava hoje mais cedo, minutos antes de deixar a mansão.

Parada no centro da entrada, rodeada por diversas criadas, fazendo os últimos ajustes em seu vestido de noite. O tecido carmesim contrastava perfeitamente com seu tom de pele. O decote plissado tinha um broche de rubi com brilhantes no centro e deve ter custado uma fortuna para mamãe. A saia elegante girava perfeitamente ao seu redor acompanhando cada movimento, como se Vivi e seu novo vestido fossem um.

O cabelo castanho descia em ondas até a altura da cintura, os lábios tinham um tom vermelho invejável e com aquela máscara que escondia as manchas de seu rosto, era tão bonita quanto Anna e mamãe. Se eu parecia delicada e etérea, Vivi parecia imponente e misteriosa. O tipo de imagem que James parecia gostar.

Ignoro o medo e respiro fundo.

Eu sou a mais bonita de Egline, deixei por anos tantos ansiosos para meu baile de debutante. Quando me ver hoje, James não conseguirá evitar se apaixonar por mim à primeira vista, como deveria ser.

— Por aqui, senhorita.

Sigo na direção indicada. As portas duplas se estendem até três metros, quase alcançando o teto. São brancas com o brasão dos Bronwell entalhado em dourado, um em cada porta. Os dois guardas curvam a cabeça rapidamente e abrem a entrada, revelando o salão de baile. A visão me faz arfar.

O Grande Salão Real exala opulência e grandeza, tão vasto quanto uma antiga catedral. Dezenas de pessoas se espalham pelo local e de modo algum parece próximo de atingir sua capacidade máxima. O teto abobado é decorado com pinturas delicadas de momentos religiosos, preso a ele, um grande lustre de cristal cintila lá no alto, refletindo a luz das velas.

Tapeçarias e faixas em azul profundo e dourado, decoram as paredes e colunas. O mesmo tom acompanha cada toalha bordada das mesas de comidas e refrescos e nas cortinas de veludo que cobrem as janelas que alcançam quase o teto.

O chão de mármore polido, refletia o brilho dos cristais e das joias dos importantes convidados. Músicos em trajes elegantes, tocam uma melodia conhecida e no centro do salão, casais rodopiam ao som suave. É como mágica.

Seguro o corrimão e desço os degraus com cuidado, mantendo a postura de minhas aulas de etiqueta e ignorando o incômodo dos sapatinhos de cristal que mamãe tanto falava. Não achei que doeria tanto. Lembro da última vez em que mamãe usou o par e ela parecia flutuar por entre os convidados de tão leves e elegantes que seus passos eram.

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⏰ Última atualização: Jan 30 ⏰

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