Um Lorde pra Mim

CAPÍTULO I

Notas iniciais: galera, o FanficShow, um podcast dedicado a fanfics está com uma rifa solidária para ajudar o pessoal do RS. Aqui não dá pra botar link, mas vou colocar naquelas notas de perfil, aqueles avisos, conversa, sei lá como chama. 😅 É R$ 5,00 cada número, vc paga por pix e anexa o comprovante no formulário, tem tudo explicadinho no post. Toda ajuda conta, seja da forma que for. 💖

Sobre a história: tô muito feliz que finalmente tô compartilhando ela com vocês. Espero que gostem e boa leitura!

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Ramiro entrou em seu quarto com o olhar baixo, sem saber o que esperar. Sidney, seu criado pessoal (e ainda era muito estranho pensar que tinha criados) tinha lhe dito que o noivo, não, o marido já o esperava nos aposentos deles. Ramiro tinha notado quando uma senhora elegante, vestida em um escandaloso vestido vermelho, tinha vindo buscá-lo durante a festa de casamento.

A temperatura no cômodo era agradável, embora um pouco mais quente do que estava acostumado. Apesar das cortinas estarem fechadas, havia mais velas acesas, além da lareira, mantendo o ambiente em meia-luz. Ramiro ponderou brevemente se a decoração tinha sido ideia dos criados ou do próprio marido.

Ouviu quando ele limpou a garganta e finalmente ergueu os olhos para encará-lo. Kelvin estava parado em frente à lareira, usando uma camisa de mangas longas e que chegava até os joelhos. A gola era baixa o suficiente para mostrar todo o colo e Ramiro notou que o cordão que poderia torná-la mais modesta estava desamarrado. A luz das chamas atrás dele tornavam o tecido delicado da camisola quase transparente e permitia que ele visse os contornos de seu corpo. Permitiu que os olhos descessem devagar, até chegar aos pés descalços. Apesar do rosto de Kelvin não demonstrar nervosismo, notou que os dedos dos pés cruzavam uns sobre os outros no grosso tapete que cobria o chão do quarto.

Um dos soldados de seu antigo batalhão, Jonatas, quando soube que além do título e do feudo, Ramiro também tinha sido presenteado com um casamento, comentou, quando soube quem era o noivo, que Kelvin era conhecido como 'a jóia da Campina' por sua beleza, que de fato, era inegável.

Ele tinha uma constituição mais delicada que a sua (o que não era difícil, já que Ramiro praticamente crescera em batalhas) mas pôde notar nos breves minutos em que o teve nos braços, durante a cerimônia e quando dançaram no banquete nupcial, que aquilo não significava fraqueza. Mas não era só a força física que o corpo pequeno escondia. Ramiro via nos olhos dele que a força de seu espírito era ainda maior.

— Eu sempre ouvi as pessoas falarem que eu faço uma boa figura, mas estou começando a achar que elas estavam apenas tentando me agradar. — ele deu um leve sorriso, tentando trazer leveza ao momento, mas Ramiro ouviu a insegurança por trás da piada.

Talvez fosse melhor que ele acreditasse que Ramiro não o achava atraente, pouparia explicações que não se sentia muito disposto a dar no momento, mas ele parecia genuinamente magoado, embora tentasse disfarçar.

Mas antes que pudesse dizer algo, Kelvin continuou falando.

— Entendo que há muitas pessoas que não apreciam a forma masculina e preferem a feminina. Não é o meu caso, como deve saber, mas eu entendo. — ele mexeu nas rendas que adornavam os punhos de sua camisola, mais de seu nervosismo escapando — Não é incomum em uniões arranjadas que não haja... atração entre os pares. Mas ainda podemos encontrar uma maneira...

Toda a segurança que ele transparecera quando se conheceram e durante a cerimônia parecia ter se extinguido. Ramiro sentiu o coração se apertar em simpatia. No meio da própria comiseração, esquecera que Kelvin também estava preso naquele casamento. Sabia que não era bom o bastante para ele, isso era óbvio, mas podia se esforçar para tentar ser cordial e gentil até que aquela farsa de casamento fosse cancelada.