CAPÍTULO V

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Notas iniciais: Atenção! Gadice à frente!
Ah, um espaçamento maior entre parágrafos, sinaliza mudança de ponto de vista!

Espero que gostem e boa leitura!

🌼🛡️⚜️

Era a segunda noite naquele quarto e Kelvin se recriminava mentalmente pela expectativa que sentia. Sabia que não aconteceria nada. Podiam ter começado a caminhar em direção a uma relação de verdade, mas ainda era muito cedo.

O jantar, bem condimentado, tinha sido acompanhado de um saboroso e forte vinho doce. Estranhou um pouco a escolha, mas aproveitou mesmo assim. Zeza era um excelente cozinheiro.  Tinham tido a primeira aula após a refeição e se surpreendeu com a disposição do marido em aprender. Ele já conhecia algumas letras, ensinadas pelos soldados com quem crescera, e facilmente reconheceu sua inicial quando Kelvin escreveu o nome dele num papel.

Começou transcrevendo canções populares que ele conhecia para que ele visse como eram no papel e explicou o som das letras e como estas juntas formavam palavras. Percebeu que apesar da iluminação do quarto estar boa, ele apertava os olhos para ler se a letra fosse pequena demais. Pensou se uma lupa não o ajudaria, pediria a um dos criados para pegar uma das disponíveis na biblioteca no dia seguinte.

Já estava pronto para dormir, apenas aguardava que o marido voltasse para o quarto (Flor e Sidney tinham um acordo de que quando um estivesse usando a banheira do quarto que até então dividiam, o outro usaria a do quarto contíguo, para que não precisassem esperar). 

Mas por mais que dissesse a si mesmo para não esperar nada, que tentasse se convencer que o óleo aromático que pedira a Flor para colocar na água de seu banho era por que ele gostava de dormir cheirando a lírios e não por que acreditava que o marido poderia gostar da fragrância também e que os laços soltos e a gola aberta de sua camisa era por que a lareira mantinha uma temperatura agradável no quarto, não conseguia se acalmar de fato. 

Jogou-se de costas na cama e cobriu o rosto com as mãos, gemendo de frustração. A quem achava que estava enganando? Passaria outra noite miserável desejando o toque do marido enquanto ele fingia dormir no chão.

Quando a tia lhe explicara de onde viriam seus herdeiros, não tinha sido clara sobre os prazeres que a atividade poderia envolver. Isso ele descobrira sozinho, na adolescência, ao explorar o próprio corpo quando os criados lhe deixavam se banhar sozinho ou antes de dormir. Era nessas sensações que baseava suas expectativas. Se o próprio toque já deixava Kelvin todo afogueado, ter as mãos dele, ter a boca, percorrendo seu corpo, encontrando as áreas que o faziam se arrepiar inteiro e estimulando-o até que chegasse ao clímax provavelmente o faria desmaiar.

Agarrou um travesseiro e o pressionou contra o rosto. Jogou-o longe logo em seguida pois era o travesseiro que  Ramiro usara na noite anterior e ainda cheirava como ele.

— ...Algum problema?

Assustou-se com a voz do marido e sentou na cama, levando uma mão ao peito. O fato dele estar com o cabelo molhado, usando uma camisa de algodão leve aberta até o meio do peito e ceroulas justas não ajudava em nada a controlar as batidas descompassadas de seu coração.

E como poderia explicar que seu destempero fora motivado pela frustração de não poder se agarrar ao marido como queria? Não, morreria mortificado se tivesse que explicar isso.

Ramiro pegou o travesseiro caído no chão e o colocou na cama novamente, ainda olhando para Kelvin, parecendo quase divertido. Não resistiu e sorriu para ele de volta, tímido.

— Perdoe-me pelo meu descontrole, acho que estou com muitas preocupações na cabeça. — era melhor dar a entender que seu problema tinha a ver com o feudo.

Um Lorde pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora