CAPÍTULO VIII

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Notas: tá aqui. Tá qualquer coisa. 🫣

🌼🛡️⚜️


Tinham chegado no fim do dia anterior em Correrrio, com o sol ainda se pondo. Criados do castelo levaram seus cavalos para o estábulo e os baús com roupas até o quarto que ocupariam. Flor e Sidney tinham ido cuidar da organização de tudo, enquanto Ramiro e Kelvin foram recepcionados pelo Lorde Tully e seu filho mais velho, o aniversariante.

Agora era por volta do meio-dia e Ramiro e Kelvin se encontravam numa das muitas tendas decoradas disponíveis para os nobres se abrigarem do sol e fazerem suas refeições. Havia carne assando em uma área próxima e pães, frutas, cerveja e vinho eram servidos e aldeões se divertiam com torneios de arco e flecha e combates. Músicos e bobos animavam o local e bardos encantavam a todos com histórias fantásticas.

Kelvin tinha apresentado Ramiro a algumas pessoas que conhecia e ele próprio se surpreendeu com sua desenvoltura quando começou a discutir sobre estratégias de sítio e diferentes formas de combate com Lorde Baratheon de Ponta Tempestade. Contou sobre suas experiências em batalhas e viu que o homem ficou admirado com seu conhecimento.

Outros lordes se aproximaram e logo ele entretinha um pequeno grupo com as próprias histórias. Nem percebeu o tempo passar, mas ouviu quando chamaram o nome de Kelvin e virou-se em direção à voz.

— Kelvin!

— Pai!

Ramiro viu o marido ir na direção de Dionísio e ser abraçado com força por ele. Era nítido que o homem estava com saudade do filho. Quando finalmente soltou Kelvin, segurou seu rosto para olhá-lo e depois beijou sua testa.

Sentiu uma emoção estranha ao ver os dois. Não era inveja, não exatamente, mas talvez algo próximo. Não queria o pai de Kelvin, mas ver a adoração óbvia de Dionísio por ele escancarou uma ferida que ele nem se dera conta que ainda estava aberta: Ramiro nunca tivera um pai. Não parecia tão importante antes, não enquanto literalmente lutava para sobreviver e era ensinado e levado debaixo das asas de um ou outro soldado um pouco mais paciente. E daí que não tinha pai? Ele nunca tinha servido para nada mesmo! E fora a esposa dele que o mandara para longe! Ele não era importante! Pais não eram importantes! Pelo menos, era isso que dizia a si mesmo para tentar se convencer quando a tristeza batia.

Mas via à sua frente um homem que não tinha medo de demonstrar o imenso carinho que sentia pelo filho. Ficava extremamente feliz por Kelvin, mas não conseguiu evitar a melancolia e o medo. Era esperado que ele e Kelvin tivessem filhos (e no ritmo que estavam indo, talvez já até tivessem um a caminho). Será que saberia ser um pai bom como Dionísio parecia ser ou acabaria “sem importância” na vida dos filhos, como seu falecido pai tinha sido para si?

— É tão bonita a relação deles, não?

Ramiro conteve por pouco o pulo de susto que a aproximação silenciosa de Cândida lhe causou. Ligeiramente irritado, olhou para ela e viu por sua expressão (um brilho satisfeito no olhar e um sorriso no canto da boca) que ela tinha feito de propósito.

— Senhora Cândida. Como vai? — cumprimentou-a sem sorrir, ainda incomodado, o que pareceu diverti-la mais.

— Estou bem, sobrinho! — ela estendeu a mão e ele hesitou só um pouco antes de se curvar para beijá-la. Ela acenou levemente, aprovando o gesto. Ramiro sentiu de novo aquele olhar como o de uma ave de rapina espreitando a presa, analisando-o da cabeça aos pés. Ofereceu o braço a ela e sentiu-se ligeiramente vitorioso ao vê-la erguer um pouco as sobrancelhas, surpresa. — Vejo que decidiu seguir meus conselhos. — o tom de aprovação dela era evidente. Ela colocou a mão na curva do braço de Ramiro e permitiu que a conduzisse até às poltronas disponíveis, Dionísio e Kelvin seguindo-os.

Um Lorde pra MimOnde histórias criam vida. Descubra agora