12- Reunião de família

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Então eu fui embora, deixei Kaworu sozinho, me recusei a dar explicações para ele, recusei uma conversa com ele. Isso doeu mais em mim do que eu esperava. Eu não queria tratá-lo assim, mas... há algo em mim que simplesmente me impede de ser honesto com ele.

Eu chego em casa cabisbaixo, almoço, e então vou para o meu quarto e coloco meus fones de ouvido para escutar música até pegar no sono. Não dormi por muito tempo, mas foi tempo o suficiente para eu ter um sonho, um muito bizarro.
No sonho, uma criatura gigante chamada "Anjo" havia invadido a cidade, e meu pai me fez entrar em um robô gigante super tecnológico para lutar contra a criatura. Eu consegui derrotá-la, mas fui parar no hospital. Vou pesquisar na internet o que significa sonhar com robôs gigantes mais tarde.

Perto das 16:00, bom, especificamente as 15:53, eu levanto da cama e vou para a cozinha fazer um lanche, então me deparo com Asuka. Sinceramente, as vezes esqueço que moramos na mesma casa.

- Ah, Shinji.

- Oi Asuka. - Respondo, em um tom de voz baixo.

- Que cara é essa? - Pergunta a garota, olhando para mim.

- A única que eu tenho.

- Você parece mais deprimido que o normal, está azedando meu leite.

- Desde quando você se importa?

- Não posso tentar ser legal com você?

- Bem, isso é novo.


Eu pego um pedaço de bolo na geladeira e me sento na mesa da cozinha junto com Asuka. Ela percebeu pela minha cara que eu não estava bem, sinceramente, qualquer um perceberia.

- Vai ficar aí calado com essa cara de bunda? Conta logo o que aconteceu! - Diz a garota, já com seu tom de voz grosseiro habitual.

Por algum motivo, naquele momento, decidi me abrir com Asuka e falar a verdade. Quer dizer, se ela estava fazendo um esforço extra para ser legal comigo, por que não aproveitar essa oportunidade?

- É que, eu e Kaworu estávamos na praia, até que ficamos muito próximos um do outro e quase nos beijamos, quer dizer, ele tentou me beijar.

- Quase? Por que não se beijaram? - Pergunta a ruiva.

- Eu tive um instinto estranho de simplesmente voltar atrás e não beijá-lo. Não sei se fiz a escolha certa ou não, e agora o clima entre nós está horrível.

- Você gosta dele?

- Ehh, bem... talvez?

- Suas bochechas estão vermelhas.

- Ok. Eu acho que gosto dele. Mas não estou acostumado a olhar com esses olhos para Kaworu, sempre fomos bons amigos e nisso éramos ótimos. Então, quando ele tentou me beijar eu entrei em pânico e acabei estragando tudo.

- Ah, Shinji, se você gosta dele, não há motivos para você hesitar em beijar ele. Siga seu coração, garoto. - Diz Asuka, levando a mão a testa.

- Eu realmente não sei porquê eu agi daquela-

A porta principal então se abre, eu interrompo minha fala e viro para ver quem é, Asuka faz o mesmo.
Era Misato, o que ela estava fazendo em casa essa hora?

- Asuka, Shinji, e aí? Ouvi vocês conversando, até achei estranho, não sabia que vocês tinham o hábito de conversar. - Diz, parecendo confusa.

- Acredite, eu também estou bem surpreso. - Digo.

- Mas Misato, o que está fazendo em casa uma hora dessa? - Pergunta Asuka.

- O pai do Shinji me liberou mais cedo hoje, então passei no mercado e comprei umas cervejas, vocês querem?

- Acho que as vezes você se esquece que eu e o Shinji temos 15 anos. - Diz a ruiva, acompanhando com os olhos Misato andando até o balcão.

- Pra vocês eu comprei sem álcool! Qual é? Vocês realmente me veem como se eu fosse uma maluca!

*Asuka e Shinji se encaram*

- Mais importante que isso, Misato, há quanto tempo estava na porta? Pergunto, levemente apreensivo.

- Há tempo o suficiente para ouvir tudo, meu caro Shinji! - Exclama.

- Ótimo! Então pode me ajudar aqui, sério, esse garoto realmente não leva jeito com as pessoas! - Reclama Asuka.


Então, sem o meu consentimento, Misato se junta a conversa.

- Então realmente tem algo rolando entre você e aquele garoto do cabelo cinza. Eu sabia! - Exclama Misato.

- Não tem nada rolando. Quer dizer, ainda não. Ah, eu estraguei tudo. - Reclamo.

- Melhora essa cara Shinji, as coisas entre vocês estão só começando! E outra, você não pode ter medo de demonstrar o que sente pra ele, vocês se conhecem há quanto tempo? 10 anos? - Diz Misato.

- 9, na verdade. E desde que entramos na puberdade, acho que paramos de ter conversas muito íntimas e de falar absolutamente tudo um pro outro. Talvez isso tenha me deixado meio inseguro de me abrir com ele.

- Tenho certeza que essa paixão entre vocês não é de agora. Fala com ele, só fica tranquilo e seja sincero, afinal, antes de tudo, vocês são melhores amigos. - Diz Asuka, finalmente em um tom de voz não-agressivo.

- Ela tá certa. Você só tem que ser sincero, se conversar com ele sobre isso tenho certeza que ele vai entender seus sentimentos e porquê agiu dessa forma. - Pontua Misato, enquanto abre uma lata de cerveja.

- Ahh, tudo bem. Eu vou falar com ele. Ainda estou nervoso por causa disso, mas não aguento mais ficar ignorando ele, isso me machuca e com certeza machuca ele também. Espero que ele não esteja bravo comigo.

- Ótimo! Já é um começo, Shinji. Não quero mais te ver andando pessimista e depressivo por aí. Aproveita enquanto você é jovem. E se precisar de umas dicas de como beijar, pode falar comigo!

- Você mal começou a beber e já está bancando a velha experiente, Misato. - Diz Asuka, cruzando os braços. - Misato ri.

- Ah! Olha pra nós! Sentados conversando sobre sentimentos, é quase uma reunião de família. E vocês são meus filhinhos! - Diz, fazendo beijinhos com a boca.

- Deus me livre. - Asuka exclama imediatamente.

- Nem brinca com isso. - Digo, depois rio.

Quando era de noite, pouco mais de 22h, me preparo para dormir. Estou mais tranquilo desde minha conversa com Asuka e Misato, e já estou pensando no que vou falar para Kaworu. Quero ser sincero, mas acho que criar uma espécie de roteiro na minha cabeça vai ajudar.
Ah... me pergunto se Kaworu está pensando em mim agora.
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Soulmate [KawoShin]Onde histórias criam vida. Descubra agora