Aliança Divina - Loki Laufeyson

capítulo 32

Fui dar uma volta pelo jardim para tomar um pouco de ar e tentar clarear meus pensamentos. O jardim era um refúgio de beleza e tranquilidade, com flores de todas as cores e fragrâncias. Meus olhos foram atraídos para um canteiro de rosas, cada uma mais bonita que a outra. Aproximando-me, escolhi uma rosa especialmente vibrante e toquei suas pétalas delicadas. No instante em que meus dedos entraram em contato com a flor, ela começou a apodrecer diante dos meus olhos. Retirei minha mão rapidamente, olhando-a com horror. Eram os meus poderes novamente, me assombrando com sua imprevisibilidade.

— Tudo bem? — uma voz familiar me fez virar. Era Loki, com um olhar curioso e ligeiramente preocupado.

— Sim — respondi, tentando disfarçar a inquietação.

— Você vai vir tomar café da manhã? — perguntou ele, com uma expressão que misturava leveza e expectativa.

Assenti, e juntos seguimos em direção ao salão de banquetes. A grandiosidade do lugar, com suas colunas majestosas e tapeçarias elaboradas, sempre me impressionava, mas hoje minha mente estava em outro lugar.

Ao chegarmos, notei que Odin e Frigga não estavam presentes, o que era incomum. Apenas Thor, Emilly e Adélia estavam sentados à mesa, envolvidos em uma conversa leve. Thor, com seu sorriso contagiante, estava claramente à vontade, enquanto Emilly parecia um pouco mais reservada, mas igualmente encantadora. Adélia, sempre perceptiva, lançou-me um olhar de cumplicidade ao nos ver entrar.

— Bom dia — cumprimentei, sentando-me ao lado de Loki.

— Bom dia — responderam em uníssono, enquanto os servos começavam a trazer os pratos para a mesa.

O café da manhã estava farto, com frutas frescas, pães ainda quentes, queijos variados e carnes temperadas. No entanto, minha mente estava distante, voltando sempre ao sonho perturbador e ao incidente no jardim. Sentia o olhar de Loki sobre mim de tempos em tempos, mas ele não disse nada, talvez percebendo meu estado de espírito.

Adélia, sempre tentando aliviar a tensão, puxou conversa sobre os preparativos para o casamento de Emilly e Thor.

— E então, Emilly, já começaram os preparativos para o seu casamento com Thor? — perguntou ela, sorrindo.

— Sim, começam amanhã — respondeu Emilly, tentando parecer entusiasmada, embora houvesse um leve traço de nervosismo em sua voz.

Enquanto todos conversavam, meus pensamentos continuavam a vagar. Precisava descobrir mais sobre meus poderes e o sonho que não me deixava em paz. Sabia que, para encontrar respostas, precisaria da ajuda de Loki, mas essa dependência me incomodava profundamente.

Enquanto estávamos à mesa, notei que Emilly me olhava com uma expressão curiosa e um pouco alarmada.

— Seus olhos... — ela murmurou, chamando a atenção de todos na mesa.

Segui seu olhar até meu reflexo no prato. Meus olhos estavam completamente pretos, uma manifestação aterrorizante dos meus poderes descontrolados. Senti um calafrio percorrer minha espinha e abaixei a cabeça rapidamente, tentando esconder o que estava acontecendo.

— Não é nada — disse, tentando manter a voz firme, mas a inquietação era evidente. Levantei-me abruptamente, sentindo o peso dos olhares sobre mim. — Preciso  ir  só banheiro

Deixei a mesa antes que alguém pudesse fazer mais perguntas, meus passos rápidos ecoando pelos corredores do palácio de Asgard. O silêncio, que normalmente me trazia uma sensação de paz, agora parecia opressor. Cada batida do meu coração soava alta nos meus ouvidos, e meus pensamentos estavam em turbilhão.

Os corredores decorados com tapeçarias e estátuas de antigos heróis passavam por mim em um borrão. Precisava encontrar um lugar para me acalmar, um refúgio onde pudesse entender o que estava acontecendo comigo. Meus poderes, que sempre foram uma parte complexa de quem eu era, estavam ficando cada vez mais descontrolados, manifestando-se de maneiras imprevisíveis e perigosas.