capítulo 33

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Antes de dormir, limpei a criatura cuidadosamente. Era incrível como ela era dócil comigo, deixando-me lavar sua pelagem negra e espessa sem nenhum sinal de agressividade. Seus olhos brilhavam com uma curiosidade tranquila, e, apesar de sua aparência assustadora, senti uma estranha conexão com ela.

Logo depois, deitei-me e adormeci, mas novamente fui assombrada pelo mesmo sonho perturbador. O lugar vazio e escuro, as tochas de fogo azulado, o som de correntes e aquela voz implorando por liberdade. Acordei suando, a sensação de urgência ainda latejando em minha mente.

Na manhã seguinte, ao me levantar da cama, a criatura me observava atentamente, seus três olhos fixos em cada movimento meu.

— O que eu vou fazer com você, hein? — sussurrei, acariciando sua cabeça.

De repente, alguém bateu na porta. Meu coração disparou. Rapidamente, levei o lobo até o banheiro e fechei a porta, certificando-me de que ele ficasse quieto. Abri a porta com cuidado e encontrei Adélia do outro lado, com um sorriso amigável.

— Trouxe seu café da manhã — disse ela, entrando com uma bandeja.

— Obrigada, Adélia — respondi, tentando manter a calma.

Ela colocou a bandeja sobre a mesa e olhou para mim com curiosidade.

— Você parece cansada. Dormiu bem?

— Mais ou menos — menti, dando um sorriso forçado.

Queria desesperadamente contar a Adélia sobre meus poderes descontrolados e a presença do lobo, mas algo me impediu. Talvez fosse o medo de ser julgada ou de colocar ela em perigo.

— Tem certeza de que está tudo bem? — Adélia perguntou, sua voz cheia de preocupação.

— Sim, está tudo bem — assegurei, tentando parecer convincente. — Só tive alguns pesadelos, nada demais.

Adélia me observou por um momento, como se ponderasse se deveria insistir ou não. Por fim, decidiu não pressionar.

— Se precisar de qualquer coisa, estarei por perto — disse ela, dando-me um sorriso reconfortante antes de sair do quarto.

Assim que ela se foi, soltei um suspiro de alívio e fui até o banheiro. Abri a porta e a criatura me olhou com aqueles olhos penetrantes, quase como se entendesse o que estava acontecendo.

— Vai ser um dia longo, não é? — murmurei, acariciando sua cabeça novamente. — Preciso pensar em um plano.

Acariciei a criatura mais uma vez antes de me preparar para enfrentar o dia. A presença dela era estranhamente reconfortante, e, embora eu não soubesse exatamente o que fazer, sabia que, de alguma forma, ela estava ligada ao meu destino. Precisava resolver o problema dos meus poderes descontrolados e descobrir mais sobre a criatura, e isso significava procurar ajuda, por mais difícil que fosse admitir que não podia fazer tudo sozinha.

Acariciei a cabeça da criatura mais uma vez, seus olhos fixos em mim com uma mistura de confiança e curiosidade.

— Preciso que você fique aqui — sussurrei, tentando transmitir calma. — Vou achar algo para você comer.

A criatura pareceu entender, encolhendo-se no canto do quarto. Saí com cuidado, fechando a porta atrás de mim. À medida que caminhava pelos corredores do castelo, meus pensamentos estavam divididos entre encontrar comida para a criatura e descobrir como lidar com meus poderes descontrolados.

Logo avistei Emilly, que estava passando com um pergaminho na mão. Ela sorriu ao me ver.

— Oi, Emilly, você viu o Loki? — perguntei, tentando parecer casual.

Aliança Divina -  Loki Laufeyson Onde histórias criam vida. Descubra agora