Something gotta give • Chaelisa

Capítulo 22 - Eu sou mãe

Pov Lalisa Manoban

A mudança para a casa nova com certeza foi a melhor decisão que Rosé poderia ter tomado por nós duas, eu sabia que me sentia mal dentro do nosso antigo apartamento, eu só não ao certo o motivo antes.

Ele era pequeno demais?, fechado demais?, ou eram as lembranças na maioria dolorosas que ele guardava. Conversando com a minha psicóloga eu consegui compreender, sim eram as memórias.

Os vários dias de discussões que eu e Rosé tivemos antes de saber da chegada do nosso filho, infelizmente eu ainda me lembrava de algumas palavras ditas por ela naquelas discussões, ainda lembrava de dormir na nossa cama depois dela ter me pedido divórcio, e a pior parte, me lembrava do dia que Suzy chegou junto com ela depois de uma traição.

Eu não sabia que tinha guardado tanta coisa dentro de mim, até acordar depois do parto de Bryan e não sentir nada além de vazio. Todo mundo pensou que eu não sentia nada em relação a Bryan mas não era assim, não funcionava assim, o fato de eu não querer amamenta-lo ou segura-lo, ou fazer qualquer outra coisa era por medo.

Outra coisa que eu também só compreendi nas sessões de terapia, depois que eu acordei e ouvi dos médicos que Bryan tinha nascido prematuro e que ficaria em observação na uti por longas semanas, que podia correr risco de complicações o meu mundo desabou, me senti culpada, insuficiente senti que não merecia ser mãe dele, é dificil explicar como a cabeça de quem passa por isso funciona.

Difícil explicar o medo do que poderia acontecer, o medo de Bryan não sair do hospital, medo de como Rosé ficaria se isso acontecesse.

Rosé, lá estava o motivo do meu medo, como ela me olharia se nosso filho sofresse por minha causa?, Bryan era o mundo de Rosé, ele era o motivo dela ter sido forte e eu percebia isso sempre que olhava pra ela o segurando.

Eu via os olhos dela brilharem, via seu sorriso se abrir, coisas que eram apenas minhas antes de Bryan nascer, ele era tudo pra ela, e por isso o meu medo aumentou naquela época, afinal não tinha como Rosé ainda me amar se eu não amasse o nosso filho certo?, se eu não acompanhasse aquele nascimento e não segurasse aquela barra junto com ela.

Não eu estava errada de novo, nas primeiras semanas essa era a único coisa que passava pela minha cabeça, eu achava que Rosé só estava ali por Bryan e por pena.

Até ver ela fazendo tudo sozinha, indo as visitas sozinhas, as reuniões de mães prematuras sozinha, as consultas com a médica que acompanhava ele, e mesmo assim depois de fazer tudo sozinha ela voltava pra casa com um sorriso no rosto pra cuidar de mim também, mesmo que eu já estivesse melhor.

Ali eu vi que ela não estava comigo por pena, ou por Bryan, ela estava ali porque me amava amava de verdade, e é claro que eu duvidei disso por longos meses, depois dela ter se aproximado de Suzy com segundas intenções, eu precisei pensar e colocar todo o peso na balança.

Começando por mim e Won, nossa aproximação e o chá de bebê, os problemas que eu e Rosé tínhamos com comunicação, só um milagre faria a nossa relação ser reconstruída.

E esse milagre se chamava Bryan, a gente só cogitou a ideia de mudar por causa dele, eu e Rosé só estávamos aqui agora juntas por causa dele.

Era o nosso bebê arco íris, tudo pra gente o nosso filho, ele tinha os olhos dela, e o meu sorriso, as bochechas dela e o meu cabelo, era um mistura de nós duas.

— Eu não preciso ir sério, Hyeri cuida das coisas pra mim. -Rosé ainda estava com um pé atrás em me deixar sozinha com Bryan pela primeira vez.

— Você precisa ir sim falou a semana toda dessa reunião, eu já disse que não precisa se preocupar.