Capítulo X

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"Porque a vida é deste modo, é feita de encontros e desencontros, e a gente segue à deriva, num barco à vela, içada pelo vento, ora tempestade, ora calmaria, entre erros e acertos, vivendo e aprendendo a viver." (Angela Reis)


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— Mamãe, mamãe...! – Dylan entra a toda velocidade na cozinha, corre em minha direção agarrando-se as minhas pernas e em sua euforia ele dispara o verbo. — Mamãe eu vi o tio "Ricado" no museu e ele me disse que vem me ver e vai brincar comigo o dia todo, por favor, mamãe deixa, diz que deixa, por favor, por favor. – Ele suplica. — Mamãe eu amo muito o meu tio "Ricado", eu posso, posso?

Agora lascou-se... Eu estou perdida de verde e amarelo, meu filho acabou de dizer que ama o seu próprio pai. Percebo que minha mãe me avalia, eu sei muito bem o que ela está pensando, "eu avisei, eu bem que lhe disse" e pra completar o Otávio está parado recostado no batente da porta me observando. Ele não está entendendo nada do que está se passando aqui.

Dylan espera minha resposta. — Ok, eu deixo filho, calma... – Ele me abraça as pernas com força, eu me agacho e ele cerca o meu pescoço com os bracinhos.

— Eu amo muito você mamãe... "Agola" liga pra o tio "Ricado" e diz a ele que você deixou, vai mãe, por favor, por favor... – Meu Deus o que eu faço? Penso.

— Agora não dá Dylan, eu não tenho o número do telefone do seu amigo Ricardo. – Eu menti. Dylan solta o meu pescoço e corre em direção a brinquedoteca, volta em seguida com um pequeno cartão.

— Aqui, esse é o "númelo" dele, liga "agola" mamãe. – Ele me entrega o cartão e cruza os bracinhos. – Olho em suplica para o Otávio pedindo ajuda, ele entende e vem em meu socorro.

— Filhão, vamos fazer assim, amanhã você liga para o seu amigo, agora já está tarde, certo? – Otávio agacha-se ficando com a cabeça no mesmo nível da cabecinha do Dylan e ele faz cara feia. — Certo filho? – Dylan concorda. — Agora vem cá... – Otávio o coloca nos braços. — Vamos tomar um banho com o papai.

Os dois somem escada acima.

— Eeemma! – Estava demorando, lá vem minha mãe. — Filha... Ainda é tempo de consertar essa merda toda. A vida está começando a lhe cobrar, ninguém pode fugir do seu destino... – Ela me olha com certa indulgência. — Tanto o Ricardo como o Otávio merece saber a verdade, pelo menos o Otávio precisa saber quem é o verdadeiro pai do Dylan. Você vai terminar perdendo os três homens da sua vida. Escute o que eu digo. – Minha mãe vira-se e vai para o seu quarto de costura.

Sento-me a mesa, mais que droga! Eu não vou contar nada a ninguém, o Dylan acha que o Otávio é o pai dele e vai continuar achando. Por via das dúvidas eu acho que vou aceitar o pedido de casamento do Otávio e assim que nos casarmos ele registra o Dylan como filho, pronto está resolvido. O que fiz não tem volta, o Ricardo nunca vai me perdoar. Levanto-me e vou fazer a janta da turminha... Logo o Dylan desce com o Otávio, jantamos como uma verdadeira família. Após o cafezinho eu, Otávio e o Dylan subiram para o quarto. Dylan cismou que ia dormir entre nós dois, e não teve jeito de tirá-lo da minha cama, toda vez que o Otávio tentava ele acordava.

Acordo antes dos meus dois homens... Eu não consigo desviar o olhar da cena em minha cama. Dylan com o rostinho no peito do Otávio e a perninha por cima dele, fiquei um tempo admirando os dois, como tirar isso do Otávio como dizer a ele que o pai do Dylan estava mais próximo do que ele imaginava, não, não eu não ia fazer isso, o Dylan já tem um pai e ele chama-se Otávio, já estar decidido, hoje mesmo eu darei a notícia ao Otávio.

EMMAOnde histórias criam vida. Descubra agora