Cansada de ser boazinha

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Passei a minha vida inteira sendo a menina boazinha. A melhor da turma. O orgulho dos professores. A que só dá bons conselhos a todos. A sensata. A doce. A meiga. A correta. A perfeita. A que sempre perdoa. A que sempre coloca os outros em primeiro lugar. A de bom coração. A bruxa mais brilhante da minha geração. 

E a mais incompreendida também.

E a mais infeliz. 

E a mais frustrada.

Depois da guerra, todos seguiram o seu rumo. Harry e Gina ficaram noivos. Ron e eu tentamos ter um relacionamento, mas simplesmente não funcionou. Ele estava muito deslumbrado por toda a atenção que recebeu como herói de guerra. O sexo entre nós era mecânico e sem paixão. Eu tinha a impressão de que ele me fazia um favor ficando comigo em vez de dar atenção a todas as outras milhares de fãs que mandavam corujas cheias de elogios a ele. 

Harry lidou melhor com isso, porque sempre foi famoso. Mas também se aproveitou de algumas vantagens. Para começar, nem ele, nem Ron, nem Gina precisaram completar os estudos em Hogwarts. Todas as portas estavam abertas para eles. Gina tinha dezenas de propostas para jogar quadribol profissional. Harry foi nomeado auror sem terminar os estudos e ainda ganhou um cargo de chefia! E Ron conseguiu o emprego que tanto queria: jornalista especial do Profeta Diário. Ele viajava o mundo cobrindo eventos e conhecendo gente nova. Uma verdadeira celebridade!

Eu, como a certinha boboca de sempre, fiz o certo. Optei pelo trabalho duro e honesto. Voltei para Hogwarts para terminar os estudos sem trapaças. E comecei a trabalhar no Ministério, depois de formada, com um cargo pequeno e burocrático, sem abusar do privilégio que ser a "garota de ouro de Potter" me deu. Esperava ser recompensada por isso, mas 2 anos depois da guerra estava frustrada, sem perspectivas e carimbando documentos chatos o dia inteiro. 

Minha relação com meus pais estava péssima. A memória deles voltou, mas eles não me perdoaram. No começo, me senti muito culpada, mas com o tempo comecei a sentir raiva também. Tudo o que fiz foi para protegê-los. E eles nunca reconheceram o meu esforço. 

Nem eles, nem ninguém!

Minha experiência sexual com Ron foi ruim. Eu fazia de tudo para agradá-lo, mas não consegui nem mesmo me agradar. Quando terminamos, mandei uma coruja para Krum e ele veio à Londres só para jantar comigo. Fomos a um bom restaurante, transamos depois num motel trouxa, mas eu... não gozei. Achei que ele foi egoísta demais, igualzinho ao Ron.

Resolvi conhecer gente nova para ter certeza se o problema era eles ou eu. Nesses últimos 2 anos, tive mais 8 encontros sexuais. Todos frustrantes. Em todos, eu os achei egocêntricos, sempre contando vantagens sobre a vida deles, sempre preocupados com o próprio prazer. Nunca me escutando. Nunca se importando comigo de verdade. Eu tentava agradá-los, mas nunca recebia nada em troca.

Só conseguia gozar de verdade sozinha, me masturbando. 

Acho que isso era uma constante na minha vida: tentava sempre fazer o certo, o justo, pensava sempre nos outros e... onde eu estava? Num empreguinho medíocre no Ministério, servindo apenas de ouvido para os dramas dos meus amigos e tendo que implorar para meus pais passarem o feriado de Natal comigo.

Comecei a me cansar de ser boazinha. E se eu fosse mais egoísta, menos correta, menos doce, menos boboca? 

Queria ter uma vida sexual satisfatória. Mas, com vergonha de conversar sobre as minhas frustrações com as minhas amigas, que pareciam tão bem resolvidas e felizes na cama, a única solução que achei foi estudar o assunto e aprender sozinha. Comprei livros, revistas, pesquisei na internet trouxa. Acabei conhecendo o universo BDSM e fiquei com vontade de experimentar. 

Um escravo sexual para chamar de meuOnde histórias criam vida. Descubra agora