Licor de Menta - Richard Ríos, Joaquín Piquerez e mais.

Capítulo Quatro: Check In

Caros leitores,

Neste capítulo, vocês conhecerão, por meio de seu ponto de vista, uma nova personagem, cujo nome é Leonor Reis. Ela trará, na sua narração, uma ambientação diferente da qual vocês puderam ver com Verônica e Penélope, no entanto, Leonor aparecerá com certa frequência, trazendo não só uma visão diferente, mas também detalhes os quais as outras protagonistas desconhecem.

Sem mais delongas, conheçam Leonor Reis.

Minerva.

------------------
Leonor Reis

Domingo, 11h46, São Paulo, Hotel Rosewood São Paulo.

As luzes das câmeras sobre Lyra eram como olhar diretamente para o Sol do meio dia na praia. Causava-lhe quase que uma cegueira e me pergunto se não são alguma ameaça ao seu forte astigmatismo. Depois do susto que ela levou sob suspeita de risco de desenvolver ceratocone, há alguns anos, ela parece um pouco mais consciente. Apesar de tudo, para ela, as câmeras são inevitáveis e adaptar sua visão aos flashes é especialmente evolucionista. Um ponto para Charles Darwin.

Isso até cerca de 10h30. Cansada da viagem, ela pediu que encerrassem logo aquele momento, certamente, ela terá fotos excelentes de hoje. Tendo ido embora os fotógrafos, tivemos a privacidade e o tempo de qualidade que, desde não me lembro quando, nós duas desejávamos.

Vejam, foi assim: Eu e Lyra crescemos juntas, somos amigas desde antes da fama. Ela se arriscou nas artes cênicas, "Prefiro morrer de fome feliz, do que ser uma rica triste", ela dizia a todos que caçoavam do seu sonho nada promissor. Eu, por outro lado, fiz o que uma amiga faria e, ainda que ela viesse a enfrentar muitos desafios no Brasil e fora dele, dei total apoio. Ela não fez diferente quando considerei a ideia de produzir conteúdo digital. Os algoritmos podem ser complicados e leva um tempo para que a popularidade aumente, todavia, o esforço está valendo a pena, como ela profetizou um dia. Lyra e eu falamos disso antes mesmo dela retornar ao Brasil e, agora que ela está de volta, teremos muito tempo juntas.

"Precisamos tirar uma foto juntas depois." - Ela comentou.

Estava deitada na espreguiçadeira, retocando o protetor solar nos braços e no peito. É de seu costume queixar-se das queimaduras ardidas que o Sol faz sobre seus ombros como uma tatuagem. Não à toa. Melanina não é algo que ela tenha de sobra, inclusive, lhe falta um pouco.

- Ah, vamos! Vai aumentar meu engajamento. Quer tirar onde?

"Ah, interesseira..." - Ela riu - "Vamos tirar mais tarde lá dentro do hotel. Na hora do almoço, tiramos uma também!"

- 'Tá bom, fechou.

Nesse momento, a sombra do garçom emergiu entre o meu assento e o dela. Ele trazia em mãos uma porção de fritas, crocantes e quentinhas, e dois sucos, maracujá e laranja. Os copos guardavam cerca de 400ml da bebida gelada e o vidro transpirava devido ao quão gelado se tornara.

"Cortesia da casa, senhoritas. Gostariam de pedir alguma coisa?" - o rapaz prontificou-se à nossa disposição.

A atriz ao meu lado tomou em mãos o panfleto do cardápio, com opções caríssimas e, certamente, deliciosas. Ela tem uma cultura de experimentar coisas diferentes, o que justifica a quantidade de viagens que já fizemos juntas, e, nesse seu empirismo, nossas experiências favoritas nasceram quando provamos comida.

Quando fomos ao Sul, ela pagou, para nós duas, uma mega degustação de queijos e vinhos gaúchos. Era tamanha a quantidade de derivados de leite e da uva tão saborosos que era impossível decidir entre um e outro qual era o melhor. Ela saiu do local com quatro garrafas de vinho e cinco tipos de queijo, os quais comemos e bebemos mais em casa até ficarmos bêbadas!