Bailarina

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"Não..." Pitel segurou o riso "Num pode ser uma presepada dessa não" comentou depois de Alane e Fernanda contarem pra ela tudo o que tinha acontecido nesses dois dias, pulando a parte da noite passada, e Pitel só sabia rir "E tu aceitou isso, mesmo é?" perguntou olhando para Nanda que deu de ombros "Misericórdia, eu vi umas coisas sobre mas achei que era aquelas coisas de inteligência artificial, meu deus ela tá realmente morando com você" Alane tossiu falsamente chamando atenção para ela "Com todo respeito, Alane. Você é linda, mas eu sou mais Pitanda" Pitel disse e Alane riu "Para ser sincera eu também sou" a bailarina disse fitando Fernanda que nem se importou em olhar para a garota "Porém aparentemente o público gosta de uma história de amor e ódio" Alane disse e Pitel concordou com a cabeça e voltou-se para a amiga "E as crianças? Por que você não arrumou uma cama pra ela ainda? Como que vamos sair, vai ser eu você, Marcelo, Laurinha e Alane? Isso não vai dar certo" Fernanda sorriu pela primeira vez no dia e colocou a mão no ombro da amiga "Pitel, tudo continua de acordo com os planos. Alane vai ficar aqui enquanto nós saímos e Gabriel vai arrumar uma cama pra ela hoje mesmo" Pitel segurou a mão de Fernanda "Ótimo, essa cama aqui no sofá tá muito suspeita e pelo menos eu vou poder passar o dia todinho com você e nossos filhos" Alane virou a cabeça confusa para Fernanda que logo, sem saber o motivo, se justificou "Os fãs chamam a Pitel de pai das minhas crianças"

Alane pode finalmente sair do banheiro quando todos saíram da casa, estava exausta. Colocou qualquer roupa de dormir e decidiu subir e dormir na cama de Fernanda, estava sozinha mesmo, mas se Fernanda soubesse a mataria. Riu com tal pensamento e foi assim mesmo.

Num sobressalto, Alane levantou-se assustada da cama. Esfregou o rosto nas mãos, acalentada pela brisa que entrava pela varanda aberta. Havia tido um pesadelo com sua mãe. Descalça caminhou até a beirada da janela, espalmando as mãos na madeira fria e suspirando exasperada. A voz de sua mãe lhe chamando ecoava fortemente em seus ouvidos "Foi apenas um sonho. Um sonho. Ela está..." Alane foi pega de surpresa por seu próprio ato falho "Você não sabe onde ele está... Céus!" estapeou a madeira rangendo os dentes e retirou o cabelo do rosto suado, pegou seu celular e viu que ainda era começo de tarde já que todos haviam saído 10h.

Trocou de roupa e desceu as escadas caminhando em silêncio até parte do lado da casa que era escondida por um muro, onde havia um pequeno jardim recheado de canto dos pássaros. Havia uma mesa redonda já posta, uma bicicleta, e algumas plantas que ela não sabia distinguir qual era qual. Alane sentiu a vertigem dominá-la. A carga emocional estava se tornando cada vez mais pesada. Fernanda, sua mãe, os companheiros, sua própria vida, seu desejo... Sentiu-se mais perdida e solitária que do nunca, pois esse sonho mudava tudo, sempre foi uma mulher de muita fé e assustava-se em pensar no que a mãe achava dela nesse momento. Porém, alegrava-se descontroladamente por saber que Fernanda estava junto aos filhos. Entristecia-se inevitavelmente e sentia-se culpada por cogitar a possibilidade de sua mãe não se importar mais tanto com ela. É claro que se importava. Mas esse novo modo de viver da garota significava uma porção de coisas que a Alane não poderia controlar. Pelo menos por seis meses.

As horas se arrastaram até o por do sol e Alane não conseguia relaxar de jeito nenhum. Andou pela casa, admirou os retratos com um sorriso bobo no rosto, que não se diminuiu quando se mirou no espelho para achar-se com grossas olheiras. A voz da mãe em sua cabeça havia cessado e ela pôde ir tranquila arrumar a bagunça que deixara no quarto de Nanda. Foi nesse momento que ouviu a porta da frente ser destrancada. Alane não conseguiu se mover rápido o suficiente para se esconder, num único gesto, a porta da frente se abriu, revelando um caminho aberto até o outro lado. Nanda ria baixo ao conversar com as crianças, parecia receosa para entrar, advertindo os pequenos sobre algo que a bailarina não conseguiu entender. Respirou fundo.

Alane conseguiu ver pela primeira vez pessoalmente as crianças de Nanda que ao entrarem, fecharam a porta atrás de si e seus olhos pousaram na garota aflita. Um pequeno sorriso reconfortante saltou-se dos lábios de Alane. Um sorriso saudoso. Fernanda tinha sua mão junto a da filha, vestida com um vestido preto mantinha-se ereta e elegantemente posicionada, como se travasse uma batalha contra si mesma. "Meu deus você é mais linda do que a mamãe descreveu" Laurinha correu em direção a Alane dando um grande abraço em sua cintura. Alane olhou confusa para Fernanda e Pitel "Tá de boas" Pitel sussurrou e soltou a mão de Marcelo que foi até a bailarina para cumprimenta-la "Pitel disse que você é bailarina, eu também quero ser bailarina, sabia?" Alane olhou pra baixo e viu aquele pingo de gente olhando-a com os olhos brilhando.

"Merda" pensou consigo mesma e pegou Laura no colo para um abraço apertado.

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Peço que tenham paciência com as duas bobonas e comigo que to tentando atualizar todos os dias ❤️‍🩹

PS: Vou tentar ao máximo não citar os filhos da Fernanda por motivos óbvios

Epílogo do tempo | FERLANEOnde histórias criam vida. Descubra agora