Fernanda foi a primeira a acordar dessa vez, sua cabeça latejava de vez em quando por causa do vinho que tinha tomado na madrugada anterior com Alane. Quando pensou nesse nome as memórias vieram como uma onda de volta ao mar. Fernanda não deveria ter feito aquilo e, também, não estava pronta para tanto, não estava pronta para derrubar os muros que construiu tão cuidadosamente em volta de si e jamais poderia fazê-lo, muito menos com Alane. Mas não conseguia evitar, não conseguiu largá-la ali e desaparecer de vista. Elas tinham um contrato a cumprir e seis meses para se virarem juntas.
Fernanda arrumou-se e desceu as escadas encontrando uma Alane ainda adormecida, com o lençol cobrindo metade de seu corpo nu. Fernanda jurou nunca mais tomar um gole de vinho em sua vida. Nanda fitou-a, travando uma batalha mortal dentro de si, onde repreendia-se por sua atitude e derretia-se ao ver a frágil garota dormindo em seu sofá da sala, lembrou que deveria providenciar logo uma cama para Alane. Ficou ali alguns instantes esperando que ela acordasse, pois queria vê-la, atacar-lhe, amaldiçoar-lhe por ter feito-a fazer o que fez e ter feito tão delicadamente, tão gentilmente, Fernanda queria que se mostrasse abusada e desvirtuada, queria que a odiasse. Precisava dolorosamente que Alane lhe detestasse. Mas não.
Alane jamais poderia odiá-la.
Alane sentiu uma presença junto com ela na sala mesmo sem abrir os olhos, mostrou um sorriso levemente abobado, como se estivesse sonhando, não! Mais do que abobado, era um sorriso emocionado. Suas mãos trêmulas jogaram os cabelos bagunçados para um lado do pescoço e ela abriu os olhos "Está me observando dormir?" Fernanda engasgou-se com as palavras "E- Eu não. Acabei de descer pra deixar as coisas prontas para minhas crianças e Pitel e você ainda estava dormindo preguiçosa" Alane riu baixinho do modo desajeitado que Fernanda falara com ela "Deixa de ser sonsa, Fernanda. Eu estou acordada tem um tempo já" O coração de Nanda foi à boca com a afirmação. Seus lábios moveram-se, mas não conseguiu formular resposta alguma que a fizesse escapar do óbvio.
Fernanda foi salva por batidas na porta e risadas infantis "Oh de casa!" ouviram Pitel gritar junto as risadas. Fernanda indicou que Alane fosse ao banheiro. Alane caminhou furtiva e rapidamente até o banheiro que dividia com Nanda. Atravessou a sala cautelosamente, em completo silêncio e bateu a porta, apoiou-se na mesma de costas para o banheiro para tomar fôlego por conta do nervosismo. Foi quando ela lembrou. Seu sorriso poderia rasgar-lhe o rosto em dois e suas bochechas estavam vermelhas, os cabelos suados e desgrenhados. Ria extasiada, esperando a respiração normalizar. Tentativa que falhou instantaneamente ao ouviu um forte pigarro. Era Fernanda fora do banheiro implicando que ela estava fazendo muito barulho.
"Oh mulher, o que é isso?" Pitel perguntou "Venha, abra a porta que nossos filhos estão muito sapecas"
Fernanda sentiu um vazio inominável apossar-se de si quando a bailarina abandonou a sala. Não havia ordem lógica em seus pensamentos, estava sendo massacrada por mil vozes juntas, acusações, memórias e alegrias "To indo, meus amores" disse alegre indo até a porta. Fernanda realmente não sabia o que significava ou o motivo de ter acontecido. Sabia apenas do que estava sentindo, mas as ações e razões ainda eram incertas, embora, seja lá quais fossem, Nanda desconfiava que não seriam nada fáceis de lidar, principalmente agora que suas emoções para com Alane mostravam-se tão claras.
Quando abriu a porta e viu os dois rostinhos que ela mais amava no mundo todo, sua tensão e preocupação sumiram. Nanda agarrou os filhos com força e com os olhos completamente marejados, pegou Laura no colo e beijou Pitel no rosto implicando para que ela entrasse "Meu deus que saudade eu tava de vocês meus pequenininhos" Fernanda falava enquanto esmagava a filha com um braço e abraçava o filho de lado com o outro "Como vocês estão? Viram a mamãe na televisão? Estão indo pra aula?" Fernanda perguntava como se as crianças soubessem muito o que responder "Tá bom, mamãe" Pitel disse interrompendo a amiga "Uma pergunta de cada vez, nem eu entendi direito o que você falou" Fernanda riu da amiga e largou a filha que correu para sala com o irmão e ambos subiram para seu quarto.
Fernanda não perdeu tempo e chamou Pitel com o dedo para sentar no sofá que ainda estava bagunçado devido a cama que não tinha sido desfeita e Pitel a olhou confusa "Mulher, tu ta dormindo na sala?" Fernanda negou com a cabeça "Eu tenho que te contar uma coisa, mas você tem que jurar não contar pra ninguém" Pitel a fitou ainda mais confusa. Fernanda andou até a porta do banheiro e bateu na porta "Pode sair" chamou e ouviu a porta ser destrancada por dentro e uma Alane enrolada na toalha saiu de lá.
"Oi..." Foi a única coisa que a bailarina conseguiu dizer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Epílogo do tempo | FERLANE
FanfictionE se Fernanda e Alane tivessem que fingir um relacionamento após o BBB para deixar os fãs felizes? Uma fanfic tirada da minha cabeça minúscula. Mais uma vez peço perdão a todos os envolvidos e citados.