Peculiar

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Alane acordou no meio da tarde procurando pelo calor de Fernanda ao seu lado, mas só encontrou o vazio quando suas mãos tocaram o colchão com seus olhos fechados. Alane levantou-se e olhou a janela entreaberta e conseguia ver a claridade entrando pela janela fazendo-a cerrar os olhos um pouco. Foi ao banheiro escovar os dentes e lavar o rosto, o rosto que não via uma skincare há dias. A bailarina suspirou e apenas lavou o rosto com água gelada, colocou uma roupa e voltou a sala para deitar-se novamente, assim que se deitou viu resquícios de sua camisola e amaldiçoou Fernanda por ter rasgado sua camisola de seda. Alane estava deitada de barriga para cima, mirando o céu ensolarado pela janela. Mesmo sendo quase verão, Niterói não costumava brilhar tanto. Claro, os trabalhadores não reclamavam, mas o cansaço dobrava. Desde que chegou à casa de Fernanda, ainda não havia detido-se às grandes reflexões antes daquele dia. O dia da Briga. Sabia que estava naquela casa por um mísero contrato e, agora, por ter ficado de queixo caído por uma Loba. Naquele momento, via-se irreversivelmente encantada por ela. Sentia saudades de casa, mas sabia que seus pais se orgulhariam no final das contas. Tinha certeza.

Ainda olhando pro céu acabou não percebendo Fernanda chegar devagar com um energético na mão e levou um susto quando a mesma sentou-se no colchão fazendo com que Alane sentasse também "Oi..." foi o que conseguiu dizer tentando não mostrar seu rosto completamente vermelho ao ver que Fernanda usava apenas um roupão e uma calcinha novamente "Você não usa roupa não?" perguntou encarando suas mãos. Fernanda riu. Seu riso era dócil e travesso, arrancando um rubor sutil da bailarina e expressões um pouco confusas. Sem responder-lhe Nanda chegou mais perto de Alane que se mantinha afastada segurando-se no sofá atrás dela depositando um beijo estalado em suas bochechas coradas, tomando mais um gole de seu energético "Tenho, mas eu gosto do jeito que você me olha quando estou assim" Alane não sabia ao certo onde deveria enfiar a cara. Nunca havia se desconsertado dessa forma tão fácil. A mulher era muito mais surpreendente do que sua imaginação foi capaz de deduzir. Sem palavras, levou-o ao outro lado da sala, onde o sol pouco alcançava devido a janela entreaberta arrancando um riso vitorioso de Fernanda "O que quer fazer hoje?" Nanda perguntou "E nada de falar que eu que conheço Niterói, escolha algo e iremos" Alane ponderou por um instante e sorriu travessa "Eu quero ir tomar sorvete"

Fernanda e Alane saíram para uma sorveteria que Nanda já sabia de cor onde era, com os dedos entrelaçados elas sentiram olhares sobre si. Estava funcionando. Sentaram-se a mesa da sorveteria depois de Alane ter feito um pote enorme de sorvete "Alane..." Fernanda chamou e a bailarina levantou a cabeça para encara-lá "Se nada daquilo tivesse acontecido no programa, você acha que mudaria sua percepção sobre mim?" Alane foi pega de surpresa por tal questionamento "Pois muito bem, Loba" usou seu apelido com um tom embargado, sorrindo docemente "Minha percepção sobre você é, e sempre será quem você já é, exatamente assim e que jamais mude para se parecer com um bando apresentadores sem personalidade. Minha percepção é que você sempre anda com seu sorriso sarcástico no rosto e esculachando os outros, com sua roupa de academia, com sua viseira, com esse jeito de falar tão... Peculiar. Minha percepção é que sempre serás uma boa amiga, divertida, e segura de si. Então, não. Eu não faria nada diferente"

"Eu? como assim? Peculiar? Fernanda começou "Você não se arrepende de ter brigado comigo? porquê?" Alane tentava fazer Fernanda parar de falar, entretanto não conseguia "Fernanda!" bradou, agarrando a camisa de Fernanda, puxando-a um beijo esfomeado. Praticamente pulou em seu colo, quase derrubando Fernanda no chão. A Mulher levou alguns segundos antes de acordar para a realidade e retribuir o beijo. Alane costumava ser contida, romântica. Ali, pesando sobre seu corpo, investindo firmemente no beijo como nunca antes, deixou-a não só surpresa, mas extasiada, tendo que contê-la para conseguir respirar. Várias câmeras apontavam na direção das duas e Fernanda fez um gesto para o, agora, público parar. Falsamente, porque isso era tudo o que elas queriam. Ao soltarem-se ofegantes, Fernanda riu "Olha, não sei o que fiz para ganhar esse beijo, mas conte-me para que faça de novo!" Alane a analisava montada em suas pernas, muda. Acariciou desde sua testa até sua boca vermelha pelo impacto do beijo, levando sua mão livre para o próprio peito. Fernanda sentiu as batidas violentas do coração da bailarina, detendo o riso de imediato. "É por este motivo que não poderia escolher qualquer outro caminho, outra percepção, porque qualquer um deles talvez não me trouxesse para esse momento"
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Vai ter uma passagem de tempo no próximo capítulo, tentem não se perder junto comigo ❤️‍🩹 | Capítulo não revisado

Epílogo do tempo | FERLANEOnde histórias criam vida. Descubra agora