capítulo 05

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Seo-Yun – 서윤

Seoyun, diante de uma alameda ladeada por árvores cujas flores rosadas desabrocharam, suspirava profundamente enquanto segurava firmemente as alças de sua mochila. — Mais um dia, — ela murmurava para si mesma, — vamos lá, Seoyun, você consegue. É só fingir que não escuta nada e seguir em frente. — Ela se encorajava em voz baixa, dando passos largos em direção às escadas desgastadas, que ostentavam uma cor bege desbotada, em harmonia com as paredes envelhecidas do imenso colégio de Seul.

No entanto, seu caminho foi interrompido ao avistar Yong-Su, uma colega que, acompanhada de suas fiéis seguidoras, conversava casualmente, apoiada no corrimão. Seoyun tentou desviar por outro trajeto, mas a terrível garota, que parecia nutrir um ódio inexplicável por ela, a chamou.

— Ei, aberração! Onde pensa que vai? O caminho é por aqui! —  gritou Yong-Su, provocando risadas entre as outras garotas, que se abraçavam em cumplicidade.

Yong-Su correu até Seoyun e parou diante dela, que permanecia imóvel como uma estátua. Com a cabeça baixa e a voz trêmula, Seoyun fechou os olhos, reunindo coragem para falar pela primeira vez.

— Me deixa em paz. O que eu fiz para você?- perguntou Seoyun, sua voz mal audível.

— Olha só, gente! Ela fala! —  Exclamou Yong-Su, olhando para suas amigas com deboche. — Você é horrível mesmo, —  continuou ela, colocando o dedo indicador na testa de Seo-Yun e empurrando-a levemente.

— Mas o que é isso? Uma espinha? Que nojo! — Yong-Su zombou, limpando o dedo no próprio uniforme e fazendo uma careta de desgosto.

— Já não basta esse arame farpado nessa cara toda, — disse ela, gesticulando em direção à boca de Seo-Yun, com uma expressão grotesca.

Para a sorte de Seoyun, o sinal para a entrada dos alunos soou, dispersando todos pelo colégio e, finalmente, concedendo-lhe um momento de paz.
Seoyun subia as escadas, os ecos dos passos das outras garotas desaparecendo no corredor. As lágrimas teimosas ainda marcavam seu rosto, cada uma um reflexo das humilhações sofridas. — Para de chorar,—  ela se repreendia, a voz embargada pelo choro, lutando para se acalmar e não mostrar fraqueza.

Ao entrar na sala de aula, foi recebida por uma chuva de folhas riscadas e amassadas, lançadas por seus colegas que riam sem disfarçar o escárnio. Cada risada era como um golpe, transformando seu dia na escola numa batalha interminável, um pesadelo do qual ela não conseguia acordar. Ela se sentou, abaixando a cabeça, tentando se tornar invisível.

Mas a invisibilidade foi quebrada quando o diretor entrou na sala, interrompendo a aula para chamar seu nome. Seoyun levantou-se, seguindo o homem mais velho, cujos cabelos lisos emoldura um rosto marcado pelo tempo.  — Sua mãe está aqui! Ela veio te buscar! anunciou o diretor.

— Como assim? Mas a aula ainda não acabou! — Seoyun respondeu, confusa, notando a expressão enigmática do diretor.

— Sua mãe explicará melhor. Venha, eu a levarei até ela. —  Ele a guiou até a diretoria, deixando-a numa sala aonchegante.
Na sala, cujas dimensões não eram nem grandes nem pequenas, a mesa larga do diretor continha vários papéis organizados no canto. Ao lado da mesa, seu notebook permanecia fechado, acompanhado por uma linda fotografia que retratava sua família. Atrás da mesa, uma enorme janela proporcionava uma vista para o jardim da escola e a quadra, que ficava um pouco distante. A sala estava decorada com uma cortina elegante, que caía levemente até o chão. A atmosfera era serena e convidativa, com a luz natural filtrando através da janela e destacando os detalhes da sala.
com piso de madeira e uma mesinha no canto contendo um jarro de porcelana com uma flor branca imaculada. Seoyun avistou sua mãe, sentada numa poltrona de couro marrom, assoando o nariz com um lenço de papel.

Por Trás Do Teu Sorriso Onde histórias criam vida. Descubra agora