capítulo 04

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Sob o manto cintilante de um céu estrelado, a noite desdobrava-se em uma tapeçaria de possibilidades. As luzes suaves do restaurante acolhiam os convidados com um brilho dourado, prometendo uma noite de alegria inesquecível.

Na simplicidade, as risadas ecoavam pelas paredes adornadas com decorações simples, enquanto os aromas tentadores da cozinha da mãe dr Seo-Yun se entrelaçavam com a melodia suave do  pai de Seo-Yun que preenchia o ar. Era uma noite de vitória, uma celebração não apenas de um triunfo, mas da jornada que levou a ele.

Os convidados, vestidos com suas melhores roupas, compartilhavam histórias e brindavam com taças que capturavam o reflexo das luzes, cintilando como estrelas capturadas. O sabor da vitória era doce, realçado pelo sabor dos pratos finamente preparados que eram servidos com um toque de arte culinária.

E no centro de tudo, Suan, cujo sorriso era o mais brilhante de todos, irradiava gratidão e felicidade. Cada abraço, cada aperto de mão, cada olhar trocado era um reconhecimento do esforço e dedicação que levaram a esse momento.

Conforme a noite avançava, a lua subia, observando silenciosamente a celebração abaixo. Era uma noite linda, uma noite de agradecimento, uma noite onde cada momento era uma memória a ser guardada para sempre

No entanto, as lágrimas marcavam presença em seu rosto. Seo-Yun sabia que aquele dia era de felicidade para Suan, mas uma angústia inexplicável a consumia por dentro. A perspectiva de enfrentar mais um dia de aula no dia seguinte era apenas parte do problema; o verdadeiro tormento vinha de Yong-Su e suas amigas, cujas ações despedaçavam seu coração.

Sentada na calçada, Seo-Yun ajeitava seu vestido vermelho que delineava seu corpo, e nos pés, sapatos brancos que contrastavam com a noite. Levantando o olhar, ela admirava a lua, tão serena e bela, que mesmo nos dias em que parecia cansada e mostrava apenas uma fração de si mesma, nunca deixava de brilhar.

Apoiando as mãos no queixo, Seo-Yun contemplava o brilho lunar que dançava harmoniosamente com as luzes das estrelas. Passando as mãos pelos cabelos para colocá-los atrás das orelhas, ela sentiu a ausência de algo. Saindo de seus pensamentos, percebeu que não estava usando a presilha de brilhantes que seu pai lhe dera em seu aniversário de quinze anos.

Seus olhos se arregalaram e ela vasculhou o chão imediatamente após verificar toda a cabeça.

— Mas como? Como não percebi que...

Ela se lembrou de que não a colocara após o banho e que provavelmente a perdera em algum lugar...

— Droga! Eu a perdi. — Seu rosto se contorceu em uma expressão de choro ao lembrar-se da importância daquela presilha e da possibilidade de não encontrá-la.

— Oi! — Uma voz se aproximou, e Seo-Yun enxugou rapidamente as lágrimas que ameaçavam cair.

— Oi! — Ela olhou para trás. — Ah, é você! O que quer? — Ela continuou olhando para frente ao reconhecer o garoto irritante da arquibancada.

— Você é esquisita, hein! Por que não está lá com sua família? — Jaewon se sentou ao lado dela.

— E o que você tem a ver com isso? Me deixe em paz! — Ela falou, abraçando os joelhos.

—Não tá mais aqui quem falou! — Jaewon recuou as mãos e se levantou, caminhando de volta para onde estava antes.

Seoyun tentava se lembrar onde poderia ter perdido a presilha. Será que a perdeu no caminho? Ou na arquibancada? De repente, ela se recordou de ter escorregado na bola e pensou que a presilha poderia ter caído junto com ela no chão.

A festa estava maravilhosa, e Suan estava radiante. Ela merecia aquela felicidade e muito mais. Ver a irmã realizar seu grande sonho enchia Seoyun de alegria.

Seoyun estava exausta, sua mente vagava em direção ao conforto de sua cama enquanto observava sua irmã, Suan, celebrando com amigos e familiares. A alegria era palpável, mas Seoyun mal podia manter os olhos abertos.

No dia seguinte, Suan partiria ao amanhecer para as Olimpíadas, ausentando-se por uma semana para competir na realização de seu grande sonho. Seoyun, ao despertar na manhã subsequente, dirigiu-se ao quarto da irmã. Lá encontrou Suan, cuja empolgação era evidente enquanto organizava sua mochila esportiva preta. Seus cabelos curtos estavam úmidos, gotejando água morna após um banho revigorante uma toalha branca cobrindo seu corpo magro.

— Irmã!, — exclamou Seoyun, ainda de pijama e com uma xícara branca  de café na mão, batendo na porta antes de girar a maçaneta e adentrar o quarto. — Ainda não estou acreditando que você chegou à final e vai competir! Parece um sonho, — disse ela, caminhando até a cama de Suan e tomando  seu café, um sorriso iluminando seu rosto ao observar a desordem de roupas brancas e pretas —  as cores preferidas de Suan — espalhadas sobre a cama.

Suan tocou suas têmporas, respirando fundo. — Confesso que estou nervosa! Achei que não ficaria, mas..., — sua voz vacilou. Ela sentou-se na cama, perdida em pensamentos. — Ontem percebi que muitas pessoas estão apostando em mim para conseguir esse primeiro lugar nas Olimpíadas, confessou, lançando um olhar para sua irmã mais nova.

— Tá louca? — Seoyun reagiu, incrédula. — Você é incrível, conseguiu chegar até aqui... Você está se ouvindo falar, Suan? — Ela se levantou, franzindo o cenho. — Você está nas Olimpíadas, irmã! Tem noção de onde você chegou?

Um breve sorriso floresceu nos lábios rosados de Suan, e ela se levantou da cama para abraçar Seoyun. — Você é incrível! Suas palavras me deixam feliz, agradeceu Suan, com um brilho de gratidão nos olhos.

— Para com isso, — insistiu Seoyun, — quero que vá lá e mostre como se faz! Ela levou a caneca até a janela, apontando para o jardim na pequena praça lá fora, onde uma quadra sempre estava ocupada por meninos jogando basquete.

As irmãs compartilharam essa sensação de determinação e, após um momento, Suan saiu de seu quarto pronta para partir. Sua família só poderia acompanhar pela televisão, já que o evento era distante e todos tinham suas rotinas diárias para seguir. Seoyun e seus pais observaram Suan deixar a casa com um brilho de confiança nos lábios rosados e um semblante de vitória em seu coração.

Após a despedida de sua irmã, Seo-Yun caminhou lentamente até seu quarto, os passos ecoando no silêncio da casa agora vazia. O sol da manhã lançava raios dourados através da janela, iluminando o espaço com uma luz suave que contrastava com a melancolia do momento. Ela se preparava para mais um dia de aula, uma rotina que parecia trivial diante da grandiosidade do que sua irmã estava prestes a enfrentar.

Respirando fundo, Seoyun se aproximou do espelho, a luz do sol refletindo em seu rosto e destacando a imperfeição que insistia em marcar sua testa. Era uma espinha teimosa, um lembrete das inseguranças e das pequenas batalhas diárias. Com um suspiro, ela pegou um curativo e o colocou cuidadosamente sobre a espinha, uma ação simples que carregava consigo um ato de aceitação.

O curativo era mais do que uma cobertura; era um escudo contra as pequenas inseguranças que todos enfrentam. Seoyun se vestiu, escolhendo suas roupas com a mesma determinação com que Suan escolheria seu uniforme olímpico. Cada peça era selecionada não apenas por conforto ou estilo, mas como uma armadura para enfrentar o dia.

Com o curativo no lugar, Seoyun finalizou sua preparação. Ela pegou sua mochila, cheia de livros e cadernos, símbolos de sua própria jornada de aprendizado e crescimento. Antes de sair do quarto, ela lançou um último olhar para o espelho ajeitando seus cabelos negros.

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