capítulo 17

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Dan ajeitou a mochila nas costas, preparando-se para mais um dia de aula. Embora seu pai, o diretor do colégio, tivesse um carro, preferia ir de ônibus. Gostava da sensação de independência, mesmo sabendo que todos na escola conheciam sua identidade. Não era o fato de ser a filha única do diretor que a incomodava, mas sim a rigidez de seu pai, um homem que havia expulsado sua mãe de casa por envolvimento com drogas.

Kalin, a mãe de Dan, fora uma mãe dedicada, mas em um momento de fragilidade, envolveu-se com pessoas erradas. Esse deslize custou-lhe a confiança de Dan, e seu pai aproveitou a oportunidade para afastá-la da filha amada.

Em um dia aparentemente comum, Dan saiu de casa com a mochila pronta, pronta para pegar o ônibus. Ao trancar a porta, ouviu uma voz familiar que fez seu coração palpitar e seus lábios se curvarem em um sorriso sincero e feliz.

— Danzinha, meu bebê! —  A voz era de sua mãe. Kalin estava ali, com os cabelos presos sob uma touca preta, alguns fios cansados caindo sobre seu rosto sujo. Seu sorriso, embora cansado e amarelado, ainda carregava uma ternura inconfundível. Vestia uma calça de moletom cinza e um capote marrom desgastado. As unhas, outrora bem cuidadas, agora estavam sujas e descuidadas.

Dan virou-se para encarar sua mãe, e seu sorriso logo se desfez ao ver a mulher irreconhecível diante dela. A imagem de Kalin, tão diferente da mãe que conhecera, trouxe uma mistura de sentimentos à tona. Havia amor, saudade, mas também uma profunda tristeza e decepção.

Dan estava parada na soleira da porta, seus olhos arregalados de surpresa e uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto. Ela mal podia acreditar no que via.

—  Mãe? —  Sua voz saiu trêmula, quase um sussurro. Ela deu um passo hesitante em direção à mulher à sua frente.

A mulher, com um sorriso triste, abriu os braços lentamente.

—  Sou eu, meu bebê. Como senti saudades de você... — Sua voz era suave, mas carregada de uma dor antiga.

Dan achou tudo tão estranho. Aquela não era a mãe que ela lembrava. Kalin sempre fora vaidosa e linda, mas Dan sabia que sua mãe nunca fora feliz no casamento. Ela testemunhara inúmeras discussões entre seus pais.

— O que faz aqui? E por que está assim? — Dan soltou o corpo da mãe após um abraço apertado.

—  Shhh! —  Kalin colocou um dedo nos lábios de Dan, seus olhos arregalados de medo. —  Seu pai pode nos ouvir. Se ele me ver aqui, pode até chamar a polícia. — Ela olhou ao redor, nervosa.

— Meu pai não está. —  Dan respondeu. —  Ele já foi para o colégio. Estou sozinha. — Ela ajeitou a mochila no ombro, fitando a mãe mais uma vez.

— Que bom. — Kalin sorriu, aproximando-se e tocando a bochecha da filha. —  Como você cresceu, minha filha. E está ainda mais linda. — Ela sugou o nariz e olhou para trás, aflita.

— Por que está tão agitada? Está esperando alguém? — Dan perguntou, curiosa.

— Não, não! Será que poderia me arrumar um copo d'água? — Kalin pediu, e Dan assentiu, caminhando para dentro da casa após subir os três degraus da varanda imensa.

— Aqui não mudou nada. Está tudo como antes. — Kalin murmurou, fitando cada cômodo.

— Por que você nunca mais veio me ver ou me buscar? — Dan quebrou o silêncio, entregando o copo d'água à mãe. — Você simplesmente sumiu e me esqueceu. E agora aparece assim. — Ela apontou para a mãe, que a acompanhava com o olhar.

— Minha vida não foi fácil, Dan. Depois que seu pai me expulsou de casa, não consegui sua guarda. Ele me acusou de ser usuária... — Kalin começou, mas foi interrompida por Dan.

Por Trás Do Teu Sorriso Onde histórias criam vida. Descubra agora