Prólogo - Date One

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Se pudesse escolher, Min Yoongi não estaria ali.

É óbvio que ele não estaria ali.

Quem, em sã consciência, aceita ir na casa do garoto que descobriu quem era seu melhor amigo apenas para manipulá-lo a apresentá-los?

Se pudesse escolher, Min Yoongi não teria dado um soco na criança que zoava o cabelo de tijela de Kim Taehyung quando estavam no jardim de infância.

Se fosse um pouco mais antipático — o que, diga-se de passagem, é bem difícil—, teria evitado esse almoço sem sentido.

Mas Kim Taehyung sempre exerceu um poder sobre o garoto que nem ele gostava muito de pensar sobre. Desde a primeira palavra trocada entre o Jung e o Kim, Yoongi não teve mais escolha, se não viver até esse momento acontecer.

Em um futuro próximo, ele irá agradecer por isso.

Em um futuro, ele irá amaldiçoar Taehyung.

Em um futuro distante, ele estará aliviado.

E depois disso, talvez faça a expectativa de vida da Coréia do Sul baixar.


~•~


Taehyung não era muito fã de bater em portas, Hoseok, não era de trancá-las.

Em uma escola pequena, claro que Yoongi já tinha visto o garoto vezes o suficiente para diferenciar seu rosto dos demais na multidão. Porém, na primeira vez em que realmente gastou energia para enxergá-lo, o mais novo estava se debatendo no chão como um peixe fora d'água. O que poderia ter matado o adolescente com um ataque sem sentido ali mesmo.

A mão de Taehyung foi mais rápida que o cérebro de Yoongi, e o segurou antes que o garoto pudesse dar meia volta e pular no fosso do elevador.

– Hobi! Então, esse é aquele meu amigo gosto–

– Ah, Taehyung, Yoongi, desculpa, eu não esperava vocês tão cedo.

Os olhos de Hoseok salpicaram veneno em Taehyung, e sua mão direita foi de encontro ao mais baixo do trio. Talvez fosse um plano diabólico, talvez quisesse se divertir, mas na verdade, a audácia do mais novo em olhar o Kim daquele jeito foi o primeiro ponto que fez com o futuro marido. O que se manifestou como se fossem uns cem na cabeça de Hoseok, porque o garoto que gostava simplesmente ignorou sua mão esticada e lhe puxou pelo pescoço, ficando na ponta dos pés para beijar sua bochecha. O olhar tranquilo de Yoongi não pertencia ao mesmo ambiente da expressão eufórica e irracional de Hoseok e da cara de cu de Taehyung.

– Vai deixar a gente entrar ou vamo comê aqui no tapete mesmo?

O arco-íris estava perdendo a batalha para a escuridão da sujeira, mas o limpa-pés continuava sendo o mais bonito que Hoseok encontrou — no preço que podia pagar.

– Desculpa, desculpa. Cês podem entrar, é claro.

– Como tu é chato, Tae, até parece que sentou num ovo de avestruz.

O rosto corado de Hosoek se contraiu em um sorriso, e nem ele, nem o seu futuro parceiro sabiam, mais foi exatamente naquele momento que Yoongi se permitiu sentir algo pelo garoto.

– A lasanha já tá no forno?

– Não. Quer dizer, eu ainda não liguei.

– Hoseok, a lasanha já tá no forno.

– Já disse que não Taehyung.

– Tá um puta cheiro de queimado aqui, é óbvio que o forno tá ligado, animal.

GUNSHOT | sope longficOnde histórias criam vida. Descubra agora