Décimo Primeiro - I Write Sins, Not Tragedies

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O soco acertou Yoongi com força suficiente para fazer seu nariz sangrar, mas não para tirar o sorriso de sua cara.

– Onde está o seu irmão agora?

– Eu não sei.

Outro soco, mesmo que a resposta não fosse mentira. O encapuzado que travava uma batalha covarde contra o Min – que estava acorrentado ao teto – parecia irritado, o que sustentava o sorriso largo do moreno.

Até ele acertar pela primeira vez onde doía.

O garotinho, que até agora estava dormindo, começou a chorar quando o homem pinçou a parte gordinha de seu braço, em um beliscão demorado que causaria dor em Yoongi até os dias atuais. Com forças que não tinha, o Min se impulsionou para chegar até o seu torturador, fazendo com que os ossos de seu braço estalassem e ele ficasse no ar por alguns segundos, quase conseguindo acertar o homem. Ele conseguiu ver o rostinho inchado do menino e o vermelho que havia se formado em seu braço.

– Porra, o que você quer, ele é uma criança.

Yoongi ameaçou de novo ir em direção ao encapuzado, mas parou ao outro fazer menção de tocar o braço do bebê novamente, que ainda berrava, inconsolado e solitário.

– Por favor, não, eu imploro.

– Aonde está o seu irmão?

– EU NÃO SEI.

A mão do homem apenas envolveu o pescoço do pequeno, e dessa vez, as correntes rangeram, indicando que poderiam ceder a qualquer momento. O homem então se dirigiu à frente de Yoongi, que chorava junto com o menino.

Com a visão embaçada, demorou para que conseguisse ver o que eram os tantos instrumentos que eram tirados de uma maleta.

– Eu vou perguntar uma última vez, e é melhor você responder se não quiser que eu use isso no garotinho. Aonde está o seu irmão.

– Por favor, eu não sei. Se quiser eu ligo pra ele e pergunto, só não machuca mais ele.

O homem parou um segundo, e então tirou um revólver de dentro do casaco, apontando-o diretamente à testa do Min. Com a outra mão ele retira o aparelho celular de Yoongi do próprio bolso e pesquisa o contato de Namjoon.

– Se você disser qualquer coisa desnecessária, eu dou o sinal pro meu colega matar o Hoseok e depois a gente descarta a criança, você entendeu?

Yoongi assentiu, tentando controlar a própria respiração para que Namjoon não notasse que estava aos prantos.

– Alô?

– Namjoon, tudo bem? – O aperto da arma contra sua testa se intensificou – Aonde você está agora?

– Adivinha.

O encapuzado suspirou, e Yoongi engoliu a seco, mas logo Namjoon completou.

– Tô indo pra casa do Jackson, ele me aceitou de volta, Yoongi.

– Ah... – As lágrimas ardidas doíam para cair, e a vontade de que o homem apertasse o gatilho era quase a mesma de continuar vivo, Yoongi não queria passar por aquilo, não queria que sua família passasse por algo que era uma consequência de seu passado, e se sentia culpado por isso.

– Nem um "parabéns, irmão"? Porra, você sabe o quanto eu amo aquele cara.

– É, parabéns, Namjoon, eu fico muito feliz – Yoongi ouviu o barulho da trava da arma sendo desativada –, você vai passar a noite com ele?

– Mas que pergunta, é claro que sim.

– Ok, então, boa noite.

– Tchau, seu bundão.

A chamada foi encerrada, deixando um Namjoon confuso do outro lado da linha. Talvez Yoongi só tivesse esquecido, ou se cansado.

Não, o combinado era que sempre se xingariam no final das chamadas caso estivesse tudo certo.

Ele não estaria fazendo isso só pra estragar sua noite com Jackson, certo?

Não, óbvio que não.

Se bem que Namjoon sempre estragava os momentos que Yoongi poderia ter a sós com Hoseok quando eram adolescentes.

Mas eles já estavam crescidos, Yoongi era quase pai agora.

Namjoon pegou o telefone e discou o número de Yoongi, mas sua ligação caiu na caixa postal.

Rapidamente, tentou rastrear sua localização, mas constava como indisponível.

Ok, alguma coisa estava errada.

Ou talvez não.

Uma noite com Jackson Wang ou ajudar o irmão em perigo?

Acredite ou não, era uma escolha muito difícil.

– Eu te odeio, Min Yoongi.

Se Namjoon fosse um pouco mais inteligente, não teria dito que estava indo para a casa de Jackson.

Mas não tinha como ele saber que fora alguém conhecido que sequestrara o irmão e seu namorado.

De qualquer forma, ele nunca se perdoou pelo que aconteceu com Jackson aquela noite.


~•~


Quando eram mais novos, Namjoon era o oposto de Yoongi.

Enquanto o mais velho era todo "odeio grude" e ao mesmo tempo "I love monogamia", Namjoon era dedo no cu e gritaria, dormindo com a cidade inteira ao mesmo tempo enquanto iludia meninos que fingiam gostar dele.

Até um deles realmente gostar de algo além de seu corpo e pose de bandido.

A traição não foi lá grande coisa, Jackson pegou Namjoon na cama com outro(s), terminou, não quis mais falar com ele. Coisa que acontece todo dia com casais heterossexuais, mas na época, para Jackson, aquilo foi o pior evento de toda sua vida.

A facilidade com que tinha se apaixonado e se entregue a Namjoon lhe irritava, mas o amor que sentia pelo Kim não o deixava ficar bravo. Jackson sabia que se continuasse vendo ele todo dia, aceitaria reatar, e seria corno de novo, então, ele simplesmente mudou de escola e número de telefone e nunca mais deu as caras para nenhum colega.

Até, esse ano, ele resolver reaparecer e, de fato, cair nos encantos de Namjoon novamente.

Mas dessa vez tinha sido diferente, Namjoon não era mais um garoto, e o homem por quem estava apaixonado não se assemelhava em nada com seu ex-namorado. Principalmente na questão da ocupação.

Digamos que, se Jackson tivesse descoberto antes que Namjoon realmente era ladrão, o término teria doído menos.

Chegava até a ser irônico ele ser um policial tão bem sucedido agora.

O wang preparava uma sopa de carne, a favorita do namorado, enquanto o esperava escutando alguma música bem afeminada e dançava em sua cozinha quando ouviu a porta ser batida. Seu coração acelerou e ele sorriu só de pensar no que faria com o, finalmente, seu homem, só seu.

Mas a figura alta que encontrou na entrada de casa não era conhecida.

Namjoon não usava capas, muito menos capuzes.

– Amor, o que é isso?

Ele sorriu, estranhando a fantasia, e se aproximou para abaixar o capuz.

O grito que deu ao ver a cara disforme e pálida foi suficiente para abafar o som do tiro que levou.

O homem foi embora, e Jackson ficou agonizando por suas últimas horas de vida, imóvel e incapacitado pela dor, mas na esperança de que fosse ser salvo quando Namjoon chegasse.

Se ao menos o mandado de Seokjin tivesse demorado mais um minuto ele teria visto a mensagem de seu amado, avisando que iria se atrasar, e não teria morrido com seu coração aos prantos por achar ter sido traído mais uma vez.

GUNSHOT | sope longficOnde histórias criam vida. Descubra agora