Paraíso?

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As costas de James não sentiam mais a umidade da terra, nem a de suas botas sujas de lama, não sentia mais nada além do peso de seus olhos, e da pistola em sua mão direita.

(É isso? Esse é o pós vida?)

Tentou mover seus olhos, mas não conseguia, talvez estivesse ainda entre a vida e a morte?

(Não sinto minha respiração, não vejo nada, mas sinto a pistola em minha mão.)

Fez um esforço para fechar sua mão ao redor do cabo da arma, segurando com o dedo no gatilho.
A sensação fria do aço em suas mãos, tão familiar, quatro anos, quatro malditos anos atirando em jovens forçados nessa guerra igual a ele.

(A guerra acabou, espero que o Cabo tenha sobrevivido.)

"A guerra acabou", essa afirmação trouxe um alívio para o coração do ainda confuso James Thornefield, mas ao mesmo tempo, um imensa sensação de vazio agora que não havia mais objetivo.

O silêncio se estabeleceu naquela imensa escuridão, aliviado somente pelo som de James deslizando os dedos na armação da M1911.

- Dispare.-  Uma voz soou em sua cabeça, não sua própria, uma voz mais poderosa e intensa.

A mão de James agiu sozinha, seus dedos foram de encontro ao gatilho e ao cão, engatilhando a pistola, e puxando o gatilho com esforço, houve um clarão do disparo junto ao som da explosão da pólvora e então...

Escuro, mas diferente do anterior, ele sentia calor batendo em seu peito, sentia pequenas "agulhas" como se estivesse deitado na grama, mas o peso da arma ainda estava lá, mais vívido do que antes.

James abriu seus olhos, vendo não estar mais na trincheira, ou em qualquer área perto do front ocidental, levantou do chão, e olhando ao redor.

- Um...campo? Onde estou?

Ele olhou para o sol para tentar se localizar de acordo com o ângulo, mas havia algo diferente, não havia somente o sol decorando o céu, mas duas luas de cor azul, estáticas mais para direita.

- Isso não me parece certo, isso deveria ser céu?.

Ele parou para analisar a si mesmo, suas roupas não era o uniforme militar com o qual havia morrido, mas um sobretudo marrom, camisa branca, um colete de lã preta, calças pretas, e sapatos de couro marrom.

O tipo de roupa que usaria se estivesse de volta em Londres.

Checou por baixo da camisa, as cicatrizes de ferimentos anteriores estavam lá, mas não da quase uma dúzia de balas que havia levado.

- O que está acontecendo?

Ao seu lado, estava o fiel Lee Enfield que serviu com ele, pegou a arma em suas mãos, colocando a bandoleira para apoiar a arma em suas costas, o coldre de couro estava ainda em sua cintura, ele guardou a pistola e tentou ver o horizonte.

Não havia muito além da pradaria onde estava, contudo uma grande quantidade de fumaça chamou sua atenção, devia estar a mais ou menos dois quilômetros de distância, uma distância curta.

- Não tem nada além disso que eu consiga ver, se for uma fogueira ou algo do tipo, deve ter gente que possa me responder.

Ajustando a posição do rifle em suas costas, ele iniciou uma corrida até a origem da fumaça, conforme se aproximou viu cinzas, algo estava queimando, a silhueta finalmente pode ser desvendada por ele, uma vila de aparência rural com casas feitas de madeira, barro e palha, ao chegar mais perto, ele viu que a vila estava sendo invadida por guerreiros usando armaduras de aparência medieval.

Coração de ChumboOnde histórias criam vida. Descubra agora