O Porto

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Já fazia um dia e meio que o trio estava cavalgando, ou no caso de Garen, voando, em direção ao litoral.

O solo já deixava de ser gramado e terroso, tinha uma aparência rochosa e textura mais dura, o som dos cascos de cavalo agora mais evidente.

As últimas refeições foram cozinhadas por James, não por seu pedido, mas porque sua companhia era de Nobres, e não sabiam cozinhar, ou ao menos não corretamente.

O Grifo de Garen agora estava no chão, acompanhando as outras duas montarias, seus passos eram muito mais sutis.

- Ainda temos mais algumas horas até o anoitecer, acha que conseguimos chegar antes do sol baixar?- James disse, seus olhos fitando Garen, ainda não se sentia confortável perto dele, Miran por outro lado parecia apreciar a presença do Mago ali, mas o Professor se recusava a baixar a guarda perto dele.

- Nesse ritmo, devemos chegar pouco depois do pôr do sol, vamos passar a noite em Aquamira e embarcar na manhã para Vizema.

- Eu só perguntei se iríamos chegar antes do pôr do sol, eu sei qual é o plano de viagem.

- Achei bom relembrar.

A viagem inteira foi repleta dessa guerra fria dos dois, uma troca rude de palavras aqui e ali mas nunca algo grosseiro como insultos sendo jogados de um para o outro.

- ...Eu soube que os peixes de lá são os melhores da Babilônia.- E Miran tentava deixar o clima mais amigável, mesmo que se sentisse segura com eles, não significava que a experiência era completamente agradável com a pequena disputa dos dois.

Mais alguns minutos cavalgando, James parou de repente, olhando para trás, em direção ao céu, seus olhos brilhando, os outros dois tentaram checar o que ele estava olhando, mas não viram nada.

Distante deles, e muito acima, estavam Orin, Aelius e Tarre no dragão de vento de Aelius.
Estando acima dos enviados em missão, eles conseguiam ver a silhueta dos três, minúscula mas visível.

- Por que eles pararam?- Disse o de cabelos negros.

- Eu não faço ideia.- Respondeu Aelius.

Tarre estava observando também, dizendo em seu típico tom de voz cheia de preguiça.

- A gente veio aqui por qual razão mesmo? Não temos aula pra ver?

- Como se você visse aulas!- O de olhos verdes disse.

Orin ficou estático observando, sentiu um calafrio percorrer seu corpo.

- Acho que...o Professor tá olhando pra cá.

James encarou Orin por mais alguns momentos, mas decidiu que não valhia a pena comentar sobre.

- Achei que tinha visto algo, mas não foi nada, vamos.

Já estavam longe demais da academia pra ele mandar eles de volta, quando chegassem no porto ele iria questionar o trio de alunos.

O terreno se tornou mais íngreme com as horas passando, ficando cada vez mais baixo até o nível do mar, ao longe era possível ver a cidade portuária e suas luzes, os dois Nobres apenas olharam ela normalmente, mas James encarava atenciosamente, parecia normal de longe, mas o que intrigou ele, foi o fato de que havia docas colocadas muito acima do mar, em uma plataforma segurada por enormes pilastras.

(Docas? No céu?)

Miran notou a curiosidade de James, e tentou responder, sem revelar sua origem.

- É mesmo, Professor, você nunca viu um navio do vento, não é?

Coração de ChumboOnde histórias criam vida. Descubra agora