Capítulo 4- O hospital

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1626 palavras

"As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente." Mario Quintana

Os olhos se abriram lentamente, a luz que adentrava o quarto do hospital castigava sua visão. Seus olhos ardiam e sentia uma dificuldade de respirar enorme. Parecia que seu pulmão foi tomado por brasas ardentes. A moça tentava focar, mas tudo ao seu redor parecia embaçado. As lembranças dos últimos momentos antes de acordar naquela cama branca começavam a se misturar em sua mente confusa.

" Eu morri?" Pensou Helena confusa

Os ruídos dos aparelhos ao seu redor pareciam sussurrar uma resposta que ela não queria ouvir. Os sons dos passos apressados dos enfermeiros, o zumbido constante das luzes fluorescentes, tudo aquilo parecia um eco do além. Sua cabeça latejava.

" Meu Deus, que lugar é esse?" Pensou Helena começando a entrar em desespero

Helena pode sentir algo tocar seu braço com delicadeza, como se temesse que a mera pressão de seus dedos pudesse quebrá-la. Com dificuldade, Helena esforçou-se para que seus olhos focassem na direção do contato onde a imagem de Andrea se formou em sua frente depois de um tempo. Seu olhar era de preocupação e seus lábios se curvavam em um pequeno sorriso, tentando transmitir algum conforto à jovem mulher deitada na cama do hospital.

— Helena, você está no hospital. Respire devagar. — disse ele com uma voz suave, mas carregada de um tom frio e cortante. Ao mesmo tempo que ele parecia preocupado, ele parecia irritado. A notícia pareceu congelar o ar ao redor dos dois, o silêncio se intensificando como se as paredes do quarto estivessem se fechando sobre eles.

— Agora eu estou até delirando... — Gemeu Helena baixinho

— Espero pelo menos que o delírio seja agradável... — Sussurrou Andrea em tom cortante em seu ouvido, acariciando seus cabelos com delicadeza.

Ela olhou para ele, os olhos cheios de confusão e medo. A realidade da situação parecia finalmente atingi-la, como uma pedra lançada em um lago tranquilo, criando ondulações que ameaçavam consumi-la. Se levantou abruptamente, sentindo um zunido nos ouvidos e o mundo ao seu redor começou a girar. A sensação de náusea a atingiu como uma onda, fazendo-a cambalear em direção a cama novamente. Tudo ao seu redor parecia distorto, as cores se misturavam em um borrão e o ar parecia denso e sufocante.

Com a mão na testa, procurava desesperadamente por algo que pudesse agarrar em uma tentativa vã e frustrante de conseguir qualquer equilíbrio. Os pensamentos pareciam confusos e distantes, como se estivessem chegando até ela de algum lugar distante. Cada movimento brusco aumentava a sensação de vertigem, fazendo com que todos os músculos do seu corpo tremessem e fraquejassem.

Com um suspiro e um gosto amargo na boca, a mulher fechou os olhos, buscando encontrar algum tipo de equilíbrio em meio ao caos que se instalara em seu corpo.

— O que diabos aconteceu comigo? — Perguntou com a voz rouca

— Você não se lembra? — Indagou Andrea encarando-a com curiosidade

Helena sentia-se perdida em meio a um emaranhado de lembranças confusas que pareciam se dissolver como fumaça em sua mente. A cada lampejo de memória recuperada, seu estômago se revirava em um enjôo crescente, como se seu corpo tentasse rejeitar aquelas lembranças perturbadoras.

Aos poucos, os fragmentos dos últimos eventos começaram a se encaixar como peças de um quebra-cabeça, revelando um cenário sombrio e ameaçador. Ela se recordava da morte, das vozes sussurrantes, da fuga e da água que a carregou diretamente para a escuridão.

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