1866 palavras
"Talvez a morte tenha mais segredos para nos revelar que a vida."Gustave Flaubert
— Perdão? — Indagou Helena chocada
— Não se preocupe, não vou me usar disso para me aproveitar de você. Pense nisso como um acordo. Você me ajuda a reduzir os danos causados por sua família com esse escândalo e eu te protejo nesse meio tempo. Assim que as águas se tornarem pacíficas, te ajudo a recomeçar sua vida em outro lugar. — Respondeu Andrea em tom calmo
— Isso não tem lógica alguma. Para o senhor não há vantagem nesse noivado. Se a sua empresa dependesse de salvar imagem para sobreviver, não estaria em pé até hoje. Me conte: qual o seu motivo?
— Não sei se me sinto lisonjeado ou ofendido — Respondeu o belo homem com um sorriso de canto — Me diga, querida Helena, por qual motivo a senhorita acha que estou propondo esse noivado?
— Honestamente? Não faço a menor ideia. Já cheguei a cogitar que seria uma vingança contra minha família, mas o senhor não precisaria de mim para isso, também não acredito que o senhor seja tão nobre ao ponto de me ajudar sem nada em troca. Não existem almoços grátis. — Respondeu Helena em um só fôlego
— De fato não existe. Mas não vejo como o acordo possa ser desvantajoso para ti. Você tem minha promessa de proteção e a oportunidade de uma nova vida quando tudo acabar. Você foi expulsa da sua família e agora não tem ninguém a recorrer além de mim. O que a segura?
Andrea pode perceber o semblante confuso que dançava pelo rosto de Helena e sentiu um indesejável aperto no coração. Ele sabia como era ser indefeso ao ponto de precisar depender apenas da boa vontade de outras pessoas para sobreviver e ser protegido. Infelizmente, ele ainda não podia contar seus verdadeiros motivos, ou ela jamais poderia sonhar com uma vida comum fora dos portões da sua casa.
— Eu...
— Não precisa me responder agora. Tome o tempo que precisar. — Disse Andrea em um tom cansado, fazendo um gesto para a moça sair.
— Eu... Eu queria te pedir algo que pode ser difícil. Como o senhor disse, eu não tenho mais a quem recorrer.
Os olhos penetrantes de Andrea percorriam cada centímetro do rosto da mulher, com as sobrancelhas erguidas em desconfiança. Era como se pudesse ler seus pensamentos apenas pelo suave movimento dos seus olhos. Ela, por sua vez, sustentava o olhar firme, em um gesto fraco de coragem nada convincente. A tensão entre os dois era palpável, como se estivessem em um jogo de xadrez, cada movimento calculado e estratégico. O silêncio reinava no espaço entre eles, que pareciam totalmente imersos naquele momento. E assim, o embate de olhares se prolongava, como uma dança sutil entre desconfiança.
— O que minha adorável senhora deseja? — Disse o homem fazendo um gesto para que ela se sentasse.
— Eu quero que me ajude a investigar algo.
— Acredito que esteja relacionado aos últimos eventos.
Helena assentiu com a cabeça.
— Se o senhor concordar, eu concordo com seus termos e serei sua noiva.
Andrea observava atentamente a mulher a sua frente. Ela parecia nervosa, seus olhos desviando rapidamente do seu olhar. Ele notou uma expressão de hesitação em seu rosto, um tremor discreto em suas mãos.
Ele sabia que havia algo errado, algo que ela não queria admitir. Mas ainda assim, ela continuava hesitante, como se estivesse buscando coragem para revelar a verdade.
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Ventos do Norte
غموض / إثارةAo ajudar uma desconhecida em apuros, Helena não imaginava que estava prestes a mergulhar em um perigoso esquema de tráfico humano. Agora, ela se vê enredada em uma teia sombria, se tornando alvo de criminosos impiedosos. Sua única esperança repousa...