Capítulo 8- Saindo do abismo

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1469 palavras 

"– Quem estará nas trincheiras ao teu lado?
– E isso importa?
– Mais do que a própria guerra."
Ernest Hemingway


Dois dias depois...

Helena acorda lentamente, abrindo os olhos com dificuldade. Ela sente uma dor intensa em todo o corpo e percebe que está deitada em uma cama de hospital, com os membros amarrados e uma sensação de desorientação a rodeando. Olha ao redor e percebe que está em uma sala estranha, com equipamentos médicos desconhecidos e uma iluminação fria e clínica.

Ela tenta se mexer, mas as amarras a mantêm imóvel. Seu coração começa a acelerar ao perceber que ela não conhece aquele ambiente e é tomada pelo pânico ao perceber a presença de um homem adormecido próximo a ela. Seus olhos se arregalam de medo e ela tenta gritar, mas sua voz está fraca e abafada. Ela se sente completamente vulnerável e teme pelo que possa acontecer quando o homem acordar. Seus pensamentos continuam confusos e seu corpo ainda fraco demais para reagir.

Ela estava quase em pânico, com o coração acelerado e a mente a mil por hora. Mas então, ao olhar mais de perto, viu o rosto tranquilo e sereno de Andrea, o homem que estava dormindo na cadeira ao lado da cama. Seu desespero foi se transformando em alívio ao perceber que ainda estava com ele, sendo rapidamente substituída pelo horror, quando ela lembra que estava amarrada na cama de um hospital, completamente vulnerável e à mercê de um completo de uma pessoa que, apesar de tê-la ajudado antes, ela não sabia se podia confiar nele.

O desespero a toma de assalto como uma onda poderosa, seu coração acelerando e sua respiração ficando pesada. Ela tenta se mover, mas as cordas apertadas a prendem firmemente. Lágrimas começam a escorrer por seu rosto enquanto a sensação de impotência e medo a consomem por completo. Precisava sair dali.

Ao ouvir o barulho da cama, Andrea acorda em um sobressalto, sentindo seu corpo enrijecido pelo sono profundo. Ele havia apagado e nem percebeu. Seus olhos se abrem lentamente e percebe que Helena havia acordado, seus olhos revelavam um misto de alívio e preocupação. Ele se levanta da cadeira, estica os braços e caminha até a beira da cama, onde a paciente o encara com um olhar repleto de lágrimas, confuso e desesperado.

— Helena? — Indagou Andrea, como se quisesse confirmar que ela estava acordada

— Por que eu estou amarrada? — Disse Helena com um sussurro choroso e entrecortado. Ela se sentia dolorida e exausta. Só queria chorar e se encolher em um canto sem nem ousar se sentir protegida novamente.

— Helena, você consegue me reconhecer? — Indagou Andrea

 — Por que eu estou amarrada? — Repetiu Helena sentindo o desespero tomar conta do seu corpo ao constatar sua completa solidão e vulnerabilidade, ela havia confiado nele e acordou amarrada. Se sentindo sem poder confiar em ninguém, Helena começa a ter dificuldade em se concentrar, sua respiração se torna rápida e superficial. Ela começa a tremer e a suar excessivamente, sentindo um aperto no peito e uma sensação de sufocamento. 

Sua mente fica confusa, com pensamentos acelerados e irracionais. Ela começa a chorar descontroladamente, sem conseguir controlar mais suas emoções. Incapaz de lidar com a situação e sentindo uma sensação de desespero, suas mãos se tornam trêmulas, incapazes de se acalmar. Ela se sente sobrecarregada e paralisada pelo medo. A intensa sensação de pânico e desespero dominam o seu corpo e ela sente que está perdendo o controle sobre si mesma e sobre sua vida, tornando-se incapaz de pensar de forma lógica e racional. Seu corpo tremia descontroladamente enquanto tentava se soltar desesperadamente enquanto gritava para soltá-la.

Andrea fica momentaneamente paralisado, enquanto observa a mulher diante dele perder o controle emocional mais uma vez. Ele nota as lágrimas escorrendo pelo rosto dela, os soluços desesperados e a respiração ofegante. Ele não sabia ao certo como reagir diante da situação, pois não era acostumado a lidar com as emoções de outras pessoas, ainda mais se preocupar com elas.

Saindo do momentâneo torpor que o tomou por um momento, Andrea desamarrou Helena e a abraçou em uma tentativa desesperada de acalmar a mulher a sua frente que se debatia sem parar, até perceber que estava livre das cordas. Ele não sabia como lidar com a reação emocional dela e a constatação desse fato o desesperava.Ele não sabia o que fazer além de abraçar a mulher a sua frente para que ela não se machucasse perdida em seu desespero.

Andrea pode perceber que, a tensão do corpo em seus braços, foi diminuindo ao sentir o corpo tenso e combatente, relaxar aos poucos.

Ironicamente, para Helena, presença de Andrea ao seu lado trouxe uma estranha sensação de segurança e proteção após perceber que ele a soltou e que não fez mais nada além de abraçá-la. Seu calor humano e o toque suave de suas mãos em seus braços fizeram com que Helena estranhamente se sentisse acolhida e amparada ao perceber que confiava nele, apesar da confusão que ainda dominava sua mente.

Ela se sentia confusa, exausta e angustiada ao perceber que não se lembrava de nada do que aconteceu nas últimas horas, porém o abraço de Andrea estranhamente a reconfortava. Aos poucos, as lágrimas que ela reprimira durante tanto tempo começaram a escorrer por seu rosto em um desabafo desesperado. Ela se permitiu chorar livremente no abraço de Andrea, permitindo-se finalmente colocar suas emoções para fora. Seu choro soava angustiado e desesperado, como se estivesse desabafando todas as suas mágoas e tristezas de uma só vez. Ela se agarrava a ele com todas as forças, buscando conforto e segurança em meio ao caos que a consumia.

Mesmo sem dizer uma única palavra, a presença de Andrea naquele momento era o suficiente para acalmar seu coração por um momento. Ela não queria pensar agora o quão insano era confiar cegamente nele, só queria confiar por um momento sem ter a sensação de que não tinha outra opção.

Ela se aconchegou nos braços de Andrea, sentindo seu corpo ficar cada vez mais sonolento à medida que ele a abraçava. O calor do abraço e o cheiro reconfortante de colônia que emanava do corpo dele a envolveram completamente, como se estivesse sendo embalada para um sono tranquilo e profundo.

Seu choro foi diminuindo aos poucos e seus olhos começaram a pesar, as pálpebras ficaram cada vez mais pesadas, até que ela não resistiu mais e fechou os olhos, entregando-se ao sono. O corpo relaxou completamente no abraço seguro do homem, e em poucos instantes, ela estava profundamente adormecida, mergulhada em um sono tranquilo e sereno.

O homem a segurou com cuidado, sentindo o peso do sono em seu corpo, enquanto acariciava seus cabelos suavemente. Com cuidado, levou Helena de volta para seu quarto, colocando-a na cama com cuidado.

Em silêncio, observava aliviado a mulher deitada na cama, os traços suaves do seu rosto relaxado pela serenidade do sono. Ela havia passado por momentos difíceis, mas agora, finalmente, ele podia vê-la descansando em paz, a respiração tranquila e o semblante sereno. Andrea sentia um alívio profundo ao vê-la ali, recuperando suas forças. Os olhos semicerrados devido ao cansaço começaram a arder ainda mais, mas ele não se importava. Ele se aproximou com cuidado e depositou um beijo suave em sua testa, desejando-lhe bons sonhos.

Caminhou lentamente até o seu próprio quarto, sentindo o peso das últimas horas sem conseguir dormir. Ao chegar, ele tirou suas roupas rapidamente e ligou o chuveiro, deixando a água quente cair sobre seu corpo.

O vapor encheu o banheiro enquanto ele deixava a água quente relaxar seus músculos enrijecidos pela falta de sono. Cada gota que caía parecia aliviar o estresse e a tensão acumulados. Ele fechou os olhos e deixou-se envolver pela sensação reconfortante da água quente.

Depois de algum tempo, ele desligou o chuveiro e saiu, sentindo-se mais relaxado. Secou-se e vestiu apenas uma calça de algodão leve, pronto para finalmente se deitar e ter uma noite de sono tranquila. Ligou para o Dr. Perez avisando o paradeiro de Helena e pediu, logo em seguida, para Francesca cuidar de Helena enquanto ele mesmo descansava.

Ele mal conseguia manter os olhos abertos ao terminar a ligação, de tanto cansaço acumulado pelos dias sem dormir direito. Se deitou lentamente na cama, sentindo o corpo todo relaxar ao entrar em contato com o colchão macio.

Com os olhos pesados, ele fechou as pálpebras e deixou-se levar pelo sono que tomou conta de seu corpo. A sensação de alívio ao finalmente poder descansar era indescritível, e em questão de minutos, ele já estava mergulhado em um sono profundo e revigorante.

Os músculos relaxaram, a respiração ficou lenta e regular, e a mente finalmente se desligou de todas as preocupações do dia. Em pouco tempo, o homem exausto estava imerso em um sono tranquilo e reparador, deixando para trás toda a exaustão e cansaço que vinha carregando e entrando em um sono profundo e sem sonhos.


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