Capítulo 11 - A onda do caos

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A dor de Andrea era uma tempestade dentro dele, uma fúria silenciosa que devastava tudo ao seu redor. Ajoelhado no chão frio, o corpo encolhido em um gesto de entrega e desespero, ele segurava Helena em seus braços como se ela fosse a âncora que o mantinha preso à realidade, em meio ao caos de suas memórias.

O cordão que ele apertava com força, fendido entre os dedos trêmulos, resplandecia uma luz iridescente que parecia zombar do seu sofrimento. Ele sabia que era algo importante a ponto de sua irmã arriscar sua vida e apostar tudo ao entregar a Helena, mas ao tocar aquele cordão, a confusão o dominou. Ao invés do calor da presença de sua irmã, ele encontrou algo diferente – um palpitar incomum e frio.

Com um sobressalto, Andréa percebeu que o que segurava abriu com a pressão de suas mãos e se revelou ser um pen drive. As lágrimas que escorriam pelo seu rosto misturavam-se ao suor nervoso de uma revelação que ele não estava preparado para enfrentar. Ao mesmo tempo que ele queria justiça, ele tinha medo de enfrentar o conteúdo escondido naquele objeto metálico.

A primeira ideia que lhe assaltou a mente foi uma onda de medo, o receio de que os últimos momentos de sua irmã, poderiam estar ali, imortalizados em uma memória digital. Ao mesmo tempo que ele queria justiça, seu corpo tremia em antecipação do provável conteúdo que a ali guardava. Em sua insegurança, ele balançou a cabeça, como se pudesse clarear sua mente e pensar de maneira racional, mas o peso da incerteza e do medo do que encontraria apenas o fez afundar mais fundo em sua dor.

Ajoelhado, o mundo ao seu redor parecia desvanecer, e o único som que ressoava era o do seu coração, que batia descontroladamente arrancando o ar dos seus pulmões.

Respirando fundo para retomar o controle Andrea disse com voz entrecortada:

— Eu preciso de um momento sozinho. Peço que vá para seu quarto.

— Andrea... — começou a murmurar Helena, sendo interrompida por ele

— Eu realmente não estou em um bom momento para ser educado Helena. Me deixe em paz. — Disse ele com uma voz firme se afastando e virando as costas para ela.

Helena observava Andrea com atenção, notando a leve tremulação em suas mãos enquanto ele tentava manter a compostura. Os dedos se moviam sutilmente, como se lutassem contra uma força invisível, refletindo a tensão que pairava no ar. O esforço dele para esconder essa vulnerabilidade só tornava a cena mais dolorosa aos olhos de Helena.

Com um misto de empatia e preocupação, ela decidiu que era melhor ouvi-lo e se afastar. Em silêncio, levantou-se do chão onde se encontravam, seus próprios sentimentos inquietos ecoando na mente. A atmosfera densa da biblioteca parecia sufocante naquele momento, e ela sentia que sair seria a melhor decisão.

Assim que pôs os pés do lado de fora, ela encostou-se a uma parede, permitindo-se  respirar profundamente. Ela não conseguia deixar ele sozinho então esperou do lado de fora. Sua mente vagava em uma confusão de pensamentos dos quais nem ela mesma conseguia entender.

Em silêncio, deixou seu corpo recostar sobre a porta fria de madeira enquanto esperava que ele saísse. Ele não a abandonou nos seus piores momentos e ela sabia que também não podia abandoná-lo.

Seu coração pulsava freneticamente. e o silêncio que a envolvia era denso, quase palpável, como um manto de expectativa que a mantinha à beira da ansiedade. O aroma de livros antigos e papel desbotado flutuava no ar, mesmo do outro lado da porta, hoje não trazia conforto; ao contrário, tornava-se um lembrete opressivo do que poderia estar acontecendo do outro lado daquela porta.

Ela apoiou a testa na madeira fria, os dedos nervosos traçando linhas invisíveis na superfície polida. Cada segundo se arrastava, o silêncio dos corredores parecia sussurrar segredos que a tornavam ainda mais inquieta. Seu olhar se perdia nas frestas da porta, como se pudesse ver através do material, mas o que a aguardava era um mistério envolto em sombras.

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⏰ Última atualização: Aug 31 ⏰

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