Minha paciente

A perda

Olá, pessoal. Como estão? Espero que estejam gostando da história. Podem deixar sugestões e comentários, eu vejo cada um deles. Obrigada pela leitura.

Camila POV

A noite era fria e silenciosa quando o telefone tocou, cortando a quietude da madrugada. Acordei com o coração batendo forte, pressentindo algo ruim. Era do hospital. Ao atender, a voz trêmula do médico confirmou meus piores temores: Shawn havia sofrido outra parada cardíaca.

O mundo desmoronou ao meu redor. Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu tentava analisar a notícia. Não sabia o que fazer, como reagir, como lidar com a dor que me consumia.

Em meio ao desespero, pedi à minha mãe que me levasse ao hospital o mais rápido possível, já que eu não podia dirigir por ainda estar com tala no braço. A necessidade de estar ao lado do meu marido era urgente, e a angústia me sufocava.

Chegando ao hospital, corri para buscar por notícias, já que ninguém me responde nada. Em meio ao caos, liguei para a Dra. Jauregui, a médica que estava me passando conforto durante esse período. 

Lauren, mesmo não estando de plantão, atendeu ao telefonema com a urgência e se prontificou para me acompanhar nessa situação. A madrugada se arrastava como uma eternidade, cada segundo parecendo uma vida inteira. A dor da perda, da partida pairava no ar, e eu sentia meu corpo se esvaziar de forças. Eu sabia que algo iria acontecer.

Finalmente, Lauren chegou ao hospital, trazendo consigo um pingo de esperança, pelo menos eu teria notícias.

Ao vê-la, senti um misto de colapso e culpa. A médica parecia ter saído direto do banho, os cabelos úmidos e o rosto sem maquiagem. Prontamente, pedi desculpas por tê-la chamado no meio da sua folga, por ter interrompido seu descanso.

Mas Lauren, com sua habitual gentileza, negou veementemente minhas desculpas.

— Na medicina, ninguém descansa, Camila — disse ela com um sorriso reconfortante. — Estou aqui para ajudar.

Enquanto Lauren se juntava à equipe médica, eu permanecia na sala de espera, rezando, torcendo e me agarrando ao pouco de esperança que me restava.

O lugar era pequeno, havia duas poltronas, um bebedouro e uma mesa no centro. A decoração era azul, com poucos toques brancos.

Minha cabeça não conseguia prestar atenção em muitas coisas. Meus pensamentos iam e voltavam no dia do acidente. A cada minuto que passava, a incerteza do que poderia acontecer com meu marido e o medo aumentavam, e a culpa me consumia.

Eu me culpei pelo acidente que deixou Shawn neste estado crítico. Se eu lhe desse a família que ele tanto queria, nada disso teria acontecido. A gente não teria discutido e ele não teria perdido o controle do carro por ter se distraído. Eu seria a culpada caso algo acontecesse com meu marido. A dor da culpa era quase insuportável, mas eu sabia que deveria ser forte.

Eu estava agarrada à minha mãe, chorando na poltrona, quando finalmente, após horas de espera e agonia, Lauren saiu do quarto, o rosto sério e abatido. 

Lauren POV

A noite havia sido agitada, cheia de risadas, danças e uma conexão inesperada com Sasha. Mas a felicidade logo se dissipou quando o telefone tocou, anunciando a notícia que eu temia: Shawn Mendes, meu paciente havia sofrido outra parada cardíaca.

Deixei a balada às pressas, meu coração acelerado pela preocupação. Passei em casa apenas para jogar uma água no corpo e corri para o hospital, ignorando o cansaço e a adrenalina que tomava conta do meu corpo.

Ao chegar, fui recebida por uma cena caótica: Camila, desesperada, chorando nos braços da mãe. Troquei algumas palavras com ela, mas logo me dirigi para o atendimento dele.

A cada minuto que passava, a esperança diminuía. Vi os médicos tentarem reanimá-lo duas vezes, mas ele voltava a perder os sinais vitais. 

Finalmente, após 22 minutos de luta árdua, Shawn faleceu. Um silêncio pesado tomou conta do quarto enquanto a equipe médica confirmava o óbito. A dor da perda era imensa, e eu sentia um aperto no peito que dificultava a respiração.

Todo mundo saiu da sala deixando-me a tarefa cruel de dar a notícia para Camila. Eu encarava o corpo agora frio do meu paciente, pensando o quanto de história não teria ali, naquela vida que se foi. Pensando na mulher que está lá fora, tão jovem e viúva. É inevitável. 

Eu estava aqui, estudei medicina e já passei por esse momentos. Mas sei a sensação. Saí do quarto, caminhando pelos corredores vazios e frios, assim como a sensação da morte. Eu queria chorar, queria gritar. Eu sei o que é perder alguém, sei o que é perder quem você ama. Eu sei porque eu vivi isso, eu perdi Lucy.

Assim que cheguei na sala de espera, encontrei Camila sentada ao lado de sua mãe, o rosto banhado em lágrimas. Eu não como faria isso, não sei como dar a notícia que me deram anos atrás.

Em um modo automático de profissionalismo e um pingo de coragem que meu corpo conseguiu, eu finalmente disse:

— Família Mendes? Camila?.... — foram as únicas coisas que consegui dizer. 

SOCORRRO??????????? ELE MORREU AAAAAAAAAA  E aí, o que vocês acharam? 

Vejo vocês, meus amores. 

@ k_ccestrabao