[Tome sua liberdade Nikolai]

129 11 7
                                    

Aviso: conteúdo sensível e possível gatilho. Estejam avisados.

Ficam com o último capítulo:. 

[...]

Batidas na porta soam pelo ambiente acabando com o silêncio que antes preenchia o ambiente. Fyodor saí dos braços de Nikolai, mesmo que o albino não quisesse deixar o outro ir.

O russo caminha até a porta a abrindo, dando de cara com Ivan, o qual como sempre está com um sorriso nos lábios.

- Vim informar que o almoço está pronto, e também já organizei os quartos de nossos "convidados" - afirma o russo de cabelos prateados.

- Certo, logo irei almoçar - confirma Dostoiévski, em seguida Goncharov saindo em direção a cozinha novamente e Fyodor fecha a porta.

- Vamos ir come, você não tomou café - diz Nikolai com a voz meio melancólica, tão diferente de seu tom divertido e animado de sempre

- Koyla - pronúncia o russo olhando para o ucraniano - Esqueça o que ouve aqui, eu não devia ter sido sentimental - diz num tom até que autoritário.

- Então é isso?- questiona Gogol num tom irônico e indignado - Vou apenas deixar meu namorado se auto destruir por que ele não aceita seus próprios sentimentos - diz dando uma pequena risada nervosa no final de sua frase.

- Koyla, você... Só esqueça - diz começando a sentir aquela angústia de novo

- Por que? Por que eu tenho que esquecer isso? Não posso ignora o fato de você não está bem!- afirma se aproximando do moreno

- Por favor... Se vou continuar na decadência dos anjos e com toda essa vida de terrorista, então deixa as coisas que já estavam como antes - explica Dostoiévski olhando no olho de Gogol, enquanto leva sua mão para retirar a carta de baralho que esconde o outro olho de Nikolai.

- Quer eu esqueça do nosso relacionamento?- diz intrigado e não gostando de como está indo essa conversa.

- Não... Apenas o que aconteceu depois - afirma Fyodor e em seguida sela seus lábios com de Gogol.

Nikolai não se incomodou com o beijo, na verdade até retrubuiu. Gogol pareceu entrar em êxtase enquanto aprofunda o beijo. Dostoiévski por outra lado, pegou uma lâmina pontiaguda de seu bolso, lavou sua bom com o objeto até a mão aveludada do Gogol. Com cuidado pegou essa mão de Nikolai e colocou o cabo da lâmina para que o albino segurasse.

Talvez o ucraniano esteja tão entretido em explorar aquela boca que nem percebeu nada ou então apenas ignorou isso.

Com o mesmo cuidado de antes, Dostoiévski fechou a mão de Gogol e com o auxílio de sua própria mão fez a lâmina perfurar sua própria barriga, foi tão fundo que apenas o cabo ficou amostra. O cheio de ferro se instalou no ambiente, e não demorou para um gosto metálico fazer presente naquele ato de amor.

Nikolai estranhou aquele gosto, e aos poucos sua mente foi saindo do êxtase. Os dois se separaram por falta de ar, o albino abriu seus olhos lentamente se separando com algo tão amargurante para si, mesmo que já tenha desejado milhares de vezes.

Fyodor gospia seu próprio sangue, enquanto segurava a mão de Gogol - fechada sobre o cabo da lâmina - com força.

- O que você fez?- questiona Nikolai segurando o corpo de Fyodor e começou a perder o equilíbrio pra ficar em pé.

- Tome sua liberdade Koyla - diz com certa dificuldade por  conta do sangue que se engasga.

- Não não não - repetia enquanto se ajoelhava com o corpo cada vez mais fraco de Fyodor em seus braços

A anemia só favoreceu a lenta morte de Dostoiévski, enquanto o sangue escorria pelo ferimento e boca do russo. Nikolai tenta retirar a lâmina, mas é impedido por Fyodor, o qual segura o pulso de Gogol, o conduzindo até seu próprio pescoço.

- Tome sua liberdade de volta meu pássaro - diz com dificuldade, enquanto preciosa a mão aberta de Nikolai em seu pescoço.

O tempo pareceu parar diante os dois, Gogol entrou em transe enquanto apetava o fino e pálido pescoço de seu amado. Pequenas lágrimas rolaram do rosto de Dostoiévski enquanto observava com admiração o seu assassino. O ar foi faltando em seus pulmões, e aos poucos, o aberto que fazia no pulso do albino para continuar o enforcando foi aos poucos diminuindo.

O olhar que parecia se encher de brilho foi ficando opaco, a mão do russo soltou o pulso de Nikolai escorregando até o encontro do chão, seu corpo ficou bole como um boneco de pelúcia com pouco enchimento, e o sorriso ainda permaneceu em seus lábios.

Lágrimas escorriam pelo rosto de Nikolai, o qual soltou o pescoço do cadáver e em seguida o abraçou com força. O sangue havia manchando ambas as roupas. Gogol tremia enquanto abraçava com força o corpo sem vida, enquanto chorava como uma criança.

- Por que me fez fazer isso?- questiona o ser sem vida em seus braços - Eu não quero ser livre, eu quero você aqui comigo - repetia pra si mesmo enquanto gritava de angústia.

Os berros de dessespero de Gogol chamaram a atenção dos demais presentes na casa, todos foram vê o que estava acontecendo e se deparam com uma cena jamais imaginável, assim para Nikolai.

O corpo frio e sem vida não os incomodava, na verdade os irritava, por vê o tão temido Demônio Dostoiévski morto por alguém que ele amou e confio. Por outro lado o que realmente os incomodava mesmo é o choro angustiante de Nikolai, mas não faça sentido o ucraniano chorar por alguém que ele sempre almejou matar.

Mas por fim, Fyodor havia conseguido calar aquelas vozes de sua mente, assim como suas imperfeições, seus pensamentos, sua mente, sua memória, seus sentimentos, seu egoísmo, havia acabado com tudo, apenas esperou o momento que Nikolai finalmente o matasse, mesmo que tenho que ter dado um "empurrãozinho" ao albino.

[...]

Não ouve cerimônia, não ouve um velório, muito menos um enterramento decente. Apenas Nikolai e Sigma - apenas para dar apoia para o albino - estavam ali, na frente de um túmulo completamente improvisado. Não foi em um cemitério junto com outros mortos. Na verdade foi um ambiente próximo a proprietária de Dostoiévski em um ambiente desértico de pessoas, apenas a vegetação e animais silvestre/selvagem.

Todos aqueles que disseram está ao lado de Fyodor, nem se quer olharam para o cadáver do russo do dia do "assassinato". Ou então vieram apenas assistir seu corpo ser sepultado em um lugar tão humilhante para quem o russo já foi.

- Melhor irmos, está começando a esfriar - diz Sigma olhando brevemente ao céu

- Por que ele não me deixou ajudá-lo?- questiona o albino pra si mesmo enquanto continuava a encarar o local com um motuado de pedras a frente de um local com terra "revirada".

- Acho que só ele poderia responder isso - comenta o bicolor voltando a sua atenção para onde o olhar de Nikolai se mantém físico

- A liberdade é angustiante - indaga Gogol dando uma risada sarcástica com sua fala.

Finalmente está livre, mas por que simplesmente odeia isso? O sentimento de solidão e angústia toma conta de si, mesmo que isso seja irônico já que simplesmente sonhava com tudo isso.

[...]

Até mesmo demônios sentem dor e clamam por ajuda, mesmo que as vezes esses pedidos de ajuda seja mascarando por outra coisa, pois não quero preocupar os outros o ser egoísta em pensar em si mesmo.

[Fim]

Aprisionados por sentimentos Onde histórias criam vida. Descubra agora