{O que está te incomodando?}

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Nikolai se encontra esticada em sua cama enquanto abraça o urso de pelúcia que havia ganhado no dia anterior. O albino está preso em seus pensamentos ou melhor em sua imaginação.

Gogol tinha que confessar que amar Dostoiévski é melhor do que reprimir esse sentimento e tentar matar o russo, mas o sentimento de se sentir preso ainda o corroe por dentro.

Tentando esquecer um pouco disso, o Ucraniano se levanta de sua cama e sai do quarto tentando achar algo para se ocupar. Nikolai andando por alguns corredores, até que o som melancólico de um violão celo soa pelo ambiente.

Gogol sabe exatamente quem é responsável por essa música tão triste. O albino caminha até uma porta entre aberta, assim que se aproxima da pequena abertura, pode-se observar quem está tocando o instrumento.

Nikolai dá um leve sorriso enquanto observa o moreno tocando o violão celo. Dostoiévski se encontra em um cômodo, o russo está com seus olhos fechados enquanto seu cérebro conduz seus braços para tocar aquele instrumento.

Fyodor permanece em silêncio com os olhos fechados enquanto o som vai ficando cada vez mais melancólico. O clima naquele ambiente é tão pesado. O moreno está em conflito com seus sentimentos, e isso é deixado claro pela pequena história que aquela música tão melancolia conta.

Nikolai abre devagar a porta sem fazer o barulho, não queria tirar a concentração do russo que está preso em seu próprio mundo. O Ucraniano encosta na parede gelada do local e permanece parado admirando o moreno.

Gogol queria saber qual seria a razão por russo está tocando seu violão celo, já que o moreno não tocava fazia um bom tempo, mas isso não importa agora, apenas quer ouvir Dostoiévski tocar aquele instrumento tão perfeitamente enquanto demonstra seus mais profundos sentimentos com uma música tão melancólica.

Aos poucos a melodia vai se tornando a mesma que foi iniciada, e sem errar uma nota a música se encerra com um trágico final. O silêncio se torna presente no cômodo, o russo abre seus olhos, vendo a figura de Gogol lhe observando.

- O que está te incomodando pra você tocar algo tão melancólico Feyda?- questiona o Ucraniano quebrando o silêncio no ambiente

- Alguns pensamentos - diz se levantando e guardando o violão celo em seu devido lugar

- Poderia me contar o que esses pensamentos estão te incomodando?- questiona se aproximando do moreno

- Nada demais, apenas umas questões com o trabalho - diz dando de ombros para isso.

- Devia ser mais sincero para mim Dostoiévski - diz num tom sério enquanto leva suas duas mãos até a fina cintura do russo

- Mas estou sendo meu amor, não acredita em mim?- diz olhando para o rosto do albino

- Não sei, será que correto acreditar em um demônio?- questiona num tom irônico enquanto repousa sua cabeça no ombro do moreno

- Aí você terá que vê se é ou não - diz levando sua mão até os fios brancos do Ucraniano - Eu te amo Koyla - diz num tom tão melancólico quanto a música que tocava a minutos atrás

- Eu também te amo meu demônio - diz fechando os olhos enquanto aproveita o carinho que recebe do moreno - Me diga o que te incomoda, posso perceber a tristeza em seus olhos - diz Gogol sem abrir seus olhos

- O futuro é o que me incomoda - diz Fyodor sentindo as palavras engasgarem em sua garganta.

Os olhos violetas observam o reflexo dos dois nas placas de formato retangular preso a parede na frente dos dois. Novamente sente um peso em seus ombros e aquele ser estava o corroendo por dentro, podia o vê sorrindo enquanto o mata lentamente.

- Por qual razão?- questiona Nikolai abrindo seus olhos e observando o rosto do russo

- Motivos que você não pode compreender agora - diz Fyodor se afastando do corpo do albino

- Você está bem?- diz percebendo a mudança de humor do russo

- Tô - diz e em seguida sai do local em pasos apressados deixando Gogol para trás completamente confuso com a atitude do Dostoiévski.

[...]

- Problemas com a guilda de novo?- questiona Ivan servindo um pouco de chá

- Sim - responde rudimente, enquanto tem sua atenção presa no monitor de seu computador

- O senhor está bem?- diz o de cabelos prateados percebendo o mal humor do russo

- Tô - diz se irritando com essa pergunta

- Algo está te incomodando não é mesmo? O que seria?- diz Goncharov observando Dostoiévski

- Já disse que está tudo bem, tem como parar de repetir a mesma pergunta?- diz meio alterada e em seguida uma forte dor de cabeça se faz presente

- Senhor?- diz se aproximando do moreno

Fyodor leva suas mãos até seus ouvidos, pressionado as palmas contra seus ouvidos enquanto um zumbido invade sua audição. O russo encosta sua testa contra o teclado enquanto o som vai ficando mais forte.

- Eles não vão te perdoar quando souber da verdade - novamente aquelas vozes o torturam

- Acha mesmo que vão ficar do seu lado? Você é um monstro e monstros devem apodrecer na solidão - dizem meio unidas fazendo o zumbido ficar mais forte.

- Para!- diz dessesperado, sua cabeça parecia que irá explodir de dor a qualquer instante.

O silêncio não existia no lugar, a culpa o corroe por dentro, seu coração bate com tanta frequência como fosse sair por sua boca, mordendo seus lábios ao ponto do gosto metálico se fazer presente. O passado novamente está o perseguindo, e o futuro lhe dá pavor.

- Feyda? Você precisa se alcamar - uma voz tão reconfortante para si finalmente soa em sua mente.

Os sons vão ficando silencioso, as vozes vão se calando. Fyodor sente seus batimentos cardíacos voltando ao normal. Dostoiévski percebe que alguém está o abraçando, pois pode sentir o calor do contato contra seu corpo.

- Feyda, você está bem?- questiona novamente aquela voz enquanto tira os fios negros do rosto do moreno para poder olhar melhor o rosto do russo.

- Não - responde deitando sua cabeça sobre o peito de quem esteja o abraçando, Dostoiévski percebe que seu rosto está molhando, o que significa que havia chorado, realmente sentimentos não é o seu forte.

- O que aconteceu? - diz agora tão familiar essa voz para si, um leve carinho é dado em seus cabelos enquanto sente o conforto e segurança por está nos braços dele

Dostoiévski sente seus olhos ficarem pesados e seu corpo relaxar, e em um longo minuto, o russo adormece sentido-se seguro, mesmo que seja apenas nesse curto momento.

[...]

Gogol percebe o corpo do moreno relaxar e o silêncio se tornar quase absoluto, o som da respiração meio dificultada do moreno é o que quebra esse silêncio. O russo havia adormecido, aparentemente Fyodor não dormiu muito bem, já que parece bastante cansado.

- O que está te incomodando tanto Feyda?- sossura pra si mesmo enquanto observa o corpo relaxado do moreno sobre si

Por qual razão o demônio Dostoiévski está tão incomodando com o futuro, algo no passado está o atormentando para simplesmente ter uma crise de ansiedade tão derrepente? Possivelmente é algo realmente preocupante, para alguém tão inabalável como Fyodor o afetar de uma forma tão humilhante.

[Continua?]

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