CAPÍTULO-28

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- O que está fazendo aqui? - indaga encarando a mulher que permanecia com o sorriso no rosto.

- Eu queria falar, pessoalmente, com o principal gestor da escola - responde inclinando levemente a cabeça na direção de Niram - Achei que ele deveria saber sobre o incidente com o tutor Ram.

A mulher dirige a visão ao homem, que ainda encarava o nada, com um olhar confuso. Ela sabia que sua relação com Niram era um tanto complicada, mas o tempo que passaram juntos foi mais que o suficiente para conhecerem um ao outro.

- O que você disse a ele? - pergunta voltando o olhar para a avó.

- A verdade. O que queria que eu dissesse? - diz fazendo a de óculos puxar fortemente o ar.

- O que você disse? - indaga entredentes, tentando controlar o tom de voz.

- Que socou um funcionário - fala o homem em um fio de voz.

- Não foi sem motivo.

- É. Eu sei - retruca se pondo de pé - Ela me contou o motivo - diz dirigindo o olhar para Wann pela primeira vez, desde que a mesma adentrou o recinto.

O olhar marejado do moreno, mexeu com a mulher em sua frente. Mesmo com todas as intrigas, xingamentos, humilhações... Niram nunca havia deixado que o brilho em seu olhar por Wann morresse. Pelo menos, até aquele momento.

- Bom... Creio que esta seja minha deixa - fala a mulher de meia idade, pondo a bolsa em seu ombro.

Ela caminha até a porta, parando em frente a neta que afasta o olhar, então; imitando a ação ela continua seu caminho, deixando que um silêncio doloroso tome conta da casa.

- Niram... - inicia.

- É verdade? - lança, fazendo a mulher pausar por um instante.

- Eu não queria que você...

- É... Verdade? - indaga novamente.

- Eu sinto muito... - diz fazendo-o pressionar o olhos com força - Niram, eu não queria que fosse assim - fala se aproximando do homem que evitava encará-la - Eu não queria que soubesse desse jeito - comenta e o mesmo ri incrédulamente.

- E como queria que eu soubesse? Iria trazer ela até aqui e me pedir a benção?! - questiona - Ela me contou e eu me neguei a acreditar. Porque eu não podia acreditar!

- Eu sinto muito! - exclama deixando algumas lágrimas caírem - Eu não queria machucar você, mas eu não tinha o domínio disso. A gente não escolhe, e você deveria entender isso melhor que ninguém!

- Mas eu não entendo, Wann! Não entendo! É por isso então? - indaga deixando-a confusa - É por isso que nunca gostou de mim? Porque gosta de garotas?

- Não! Eu nem sabia que gostava... Mas essa não é a questão, Niram.

- E qual é?!

- Eu não queria machucar você - responde fazendo o homem assentir.

- Você sente muito, não é? Então me diz, Wann. Se sente tanto quanto diz... Então se arrepende do que fez? - lança fazendo a mulher encarar o piso.

- Não... - diz em um fio de voz - Sinto muito por saber o quanto isso te machuca... - fala voltando o olhar para o moreno - Mas não me arrependo de ter me apaixonado por ela.

- Era o que eu precisava ouvir.

O homem dá as costas, pegando seus objetos que estavam sobre o sofá. Então caminha até a porta, ficando de costas para a mulher.

- Aliás... - inicia tocando a maçaneta - Sugiro que procure um outro emprego - finaliza abrindo a porta e deixando o local.

A mulher sente seu coração estremecer com a frase, e seu rosto encharcar com as lágrimas que pareciam jorrar de seus olhos. Ela já não sabia o motivo da dor. Já não sabia se chorava pelo cansaço ou pelo desejo de se sentir livre, por não ter o apoio da sua avó ou por sentir falta dos pais que com certeza a apoiariam, por machucar alguém ou por estar sendo machucada... Ou talvez chorava por todos esses motivos juntos, o que a torturava ainda mais.



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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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