CAPÍTULO-32

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Alguns dias se passaram para que a confirmação do local de estágio chegasse. Apesar de tudo já estar decidido, Wann ainda sentia que precisava fazer algo.

Ela adentra o jardim da grande residência em que havia crescido, com um pouco de receio do que a esperava. No caminho ela encontra Jin, o mordomo da sua avó que, também, cuidara dela quando criança.

- Jin! - exclama envolvendo o homem em um abraço caloroso.

- Senhorita, Wann! - fala fazendo-a afastar o contato.

- Jin! Já conversamos sobre isso - repreende, o que faz o senhor de cabelos grisalhos cair na gargalhada.

- Força do hábito - explica - E então... Veio ver sua avó?

- Na verdade... Sim! Ela está?

- Ãnh... Me acompanhe - pede com um sorriso, apontando para a entrada da casa.

Wann caminha calmamente até a sala de estar. Ao chegar, Jin se afasta até a mesa de centro pegando um envelope amarelo que se encontrava em cima da mesma. Caminhando então, novamente, até a mulher que o encarava confusa.

- O que é isto? - indaga observando o objeto.

- A sua avó me pediu que te entregasse - diz estendendo o envelope.

- Como ela sabia que eu viria? - pergunta fazendo o homem abanar a cabeça - Do que se trata?

- Eu não sei, senhorita, mas... Talvez... Tenha a ver com a sua viagem para o Brasil.

- O quê? Como ela... - pausa lembrando de que, apesar das circunstâncias, sua avó ainda era a pessoa que mais a conhecia.

Sem mais perguntas, Wann pega o envelope. Abrindo-o com receio, por causa da última vez que viu um daqueles, ela retira as folhas grampeadas.

"CARTA DE CANCELAMENTO DE CONTRATO.

Venho requerer o cancelamento imediato dos seguintes serviços: união matrimonial de Niram Chiang e Wann Mai.
O presente cancelamento, baseia-se..."

- Senhorita, Wann. Você está bem? - pergunta ao notar a mulher tremer - Senhorita...

- Jin... - murmura - Ela quebrou.

- Desculpa... Eu não entendi.

- O contrato, Jin! Minha vó quebrou o contrato! - exclama em meio a uma risada - Ela quebrou... Eu... Aí meu Deus! Niram precisa saber disso. Jin, eu tenho que ir - diz se aproximando do homem, depositando um beijo em sua bochecha - Cuida da minha avó, tá?

- Sim, senhorita - assente com um sorriso de orelha a orelha.

Em passos rápidos, a mulher vai em direção a porta. Ao se aproximar da mesma, ela volta a encarar o homem que permanecia imóvel no mesmo local.

- Jin.

- Sim?

- Pode mandar um recado para minha vó?

- É claro!

- Diga que eu a amo. E por mais que seja difícil de acreditar... Isso nunca mudou.

- Direi, senhorita.

A mulher dá um último sorriso, antes de se retirar. Jin então se move, se aproximando da porta de saída para se certificar do retiro de Wann. Tendo certeza da deixa, ele volta para o centro da sala.

- Ela já foi - diz com um suspiro - Você ouviu. Não é?

- Ouvi, sim - fala Yang surgindo detrás da coluna.

- Eu ainda não entendo... Por que não falou com ela pessoalmente?

- É complicado, Jin... Mas ao menos, dessa vez, eu sei que acertei.

- Se tivesse aparecido, ela poderia ter dado o recarregado pessoalmente.

- E isso foi feito. E eu, também, a amo. Mais do que tudo. Espero que ela ainda saiba disso - comenta a última frase em baixo tom.

- Você poderia lembrá- la - sugere, fazendo a mulher ficar pensativa.

Wann se dirige até a universidade, que não ficava muito longe da casa de sua avó. E então caminha de forma apressada até o segundo andar, onde Niram se encontrava.

- Wann? - indaga confuso ao abrir repentino da porta.

- Você tem que ver isto - diz se aproximando.

- Você está bem? - questiona se pondo de pé - Parece que correu uma maratona.

- Veja! - fala estendendo o envelope.

O moreno, mesmo ainda confuso com aquela situação, pega o envelope sem questionar. Após alguns instantes lendo os documentos grampeados, o olhar do homem se encontra com os olhos de Wann que chegavam a brilhar.

- Isto... Isto é mesmo verdade? - indaga e a mulher assente freneticamente - Caramba... Eu nem sei o que dizer... Quando ela tomou essa decisão?

- Eu não sei, mas agradeço por esse dia.

- Uau! Isso muda tudo.

- É claro que muda! Nós estamos livres...

- Não - sobrepõe - Digo. De fato, estamos, mas me refiro a universidade.

- Qual o problema?

- Agora que o contrato foi quebrado, ela volta a ser metade de cada família e não uma união. O que quer dizer...

- Que eu volto a ser dona de metade - completa.

- Exato.

- Eu não posso...

- Wann...

- Eu vou para o Brasil - lança - Vou ficar com Malee até o seu estágio acabar.

- Uau! Outra notícia chocante em um só dia... - comenta - De qualquer forma, ainda vamos precisar de alguém para administrar a sua parte.

- Minha vó não estava fazendo isso?

- Wann, com todo respeito, a senhora Yang precisa descansar - diz fazendo a mulher pausar por alguns instantes.

- Eu tive uma ideia!

- O quê?

- Mesmo que, legalmente, eu fosse a dona, minha vó cuidou dos negócios em meu lugar. Não foi?

- Sim.

- Poderia ser outra pessoa?

- É claro! Mas teria que ser alguém em que você confiaria de olhos fechados, aliás, é uma responsabilidade grande para se dar á qualquer um.

- Eu conheço alguém.

Mesmo receoso com a decisão da mulher, Niram consente. Os dois caminham na direção da sala dos professores, encontrando a exata pessoa na mesma.

- O QUÊ?! - exclama Sinn.

- Seriam só por dois anos, depois eu iria assumir as responsabilidades.

- Ah, sobre isto, tudo bem. Eu fico. Eu estou chocada com você ser a dona disso tudo, e não ter me contado nada!

- Bom... Eu não sou a única dona.

- De qualquer modo... Achei que fôssemos amigas.

- Nós somos! Porém... Era um assunto delicado - diz fazendo a americana puxar o ar.

- Tudo bem, mas... Só porque você vai finalmente ser feliz! - exclama voltando o olhar para Niram - Sem ofensas...

- Não ofendeu.

- Aliás, eu ainda tenho que aprender muita coisa. Não sei muito dessa parte burocrática.

- Não se preocupa. Se Wann confia em você... Eu estou aqui para ajudar - diz comprimindo os lábios em um sorriso.

- Isso tudo é uma loucura! - exclama abraçando a amiga - Obrigada por confiar em mim.

- Tenho certeza que vai ser uma ótima diretora. Aliás... - inicia afastando o contato - Poderia pedir mais uma coisa?

- É claro!

- Para os dois - diz revezando o olhar entre a dupla.

- Do que precisa? - indaga Niram, fazendo a mulher abrir um largo sorriso.

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