CAPÍTULO-11

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*FLASHBACK*

Wann caminha até a porta do apartamento, abrindo a mesma.

- Charlotte?

- Oi, querida! - cumprimenta com um sorriso.

- Niram não está.

- Não vim para falar com ele. Posso? - indaga inclinando a cabeça para dentro da casa.

- É claro - consente abrindo espaço para a mulher.

- Continua lindo! - diz observando o recinto - Acho que é a primeira vez que entro aqui desde... - pausa notando a mudança no olhar da nora - como você está?

- Bem - fala brevemente.

- Soube que teve outra discussão com sua vó recentemente.

- Ah! Já entendi - diz cruzando os braços - ela te mandou aqui?

- Não. Bom, não exatamente - fala se aproximando - Sabe... Você me lembra Anong, sua mãe. E nem falo isto me referindo apenas a sua personalidade, mas o físico também. Claro, ela não usava óculos mas...

- Charlotte - interrompe - Sei que não veio até aqui para falar sobre o quanto me pareço com minha mãe. Seja direta.

- Certo - assente - Wann, desde a última discussão que teve com sua avó, quando descobriu sobre o contrato - explica - Me senti horrível por não fazer nada, mas dessa vez posso.

- Se veio me pedir para voltar a morar com ela, ou aceitar que Niram pague uma mansão de luxo para morarmos. Nem tente.

- Essa não é a questão. Talvez se conversar com ela...

- Que pena - interrompe olhando para o relógio - Se ela estivesse por perto... Mas que pena. Tenho um compromisso em 10 minutos - diz forçando um sorriso.

- Que ótimo então! - fala deixando a mulher confusa - Por coincidência... - diz caminhando até a porta - Trouxe ela comigo - completa abrindo a porta.

- É claro que trouxe... - murmura avistando a avó no corredor.

- Vou deixar vocês a sós - fala a mulher de cabelos dourados.

 Charlotte era a única dos pais de Niram que matinha contato, mesmo que mínimo, com Wann. Assim como, foi a única de ambas as famílias a não concordar com o casamento. Ela chegou a conhecer, e até fazer uma breve amizade com os pais de Wann, principalmente com a mãe... Então uma parte da mulher se sentia instigada a tentar ajudar a filha da sua antiga amiga, mesmo que falhasse.

Desde o casamento, Wann saiu da casa de sua vó. Niram insistiu que eles comprassem sua própria casa, mas o pedido em questão foi negado. Wann fez questão de morar na mesma casa que um dia foi dos seus pais, e foi a única coisa que ela possuiu sem gastar nada do próprio dinheiro desde o matrimônio. Ao dizer "próprio dinheiro", refere-se ao dinheiro conseguido fazendo "bicos" como fotógrafa. Ela negava a todo custo tocar em sua herança, ou em qualquer dinheiro que tivesse ligação com sua avó ou Niram desde a descoberta do contrato. Então mesmo morando em conjunto com Niram, que sempre insistia em pagar tudo, ela fazia questão de pagar metade de qualquer coisa usufruída.

Yang adentra a casa, fazendo a neta ignorar sua presença enquanto encara um ponto qualquer na parede esbranquiçada.

- Wann - chama sendo desdenhada - Não precisa me olhar, mas quero que me escute. Wann, não vim para tentar te convencer a sair desta casa - fala fazendo a neta encará-la confusa - Mas quero que pare de ser imprudente - diz fazendo a neta abrir um leve sorriso irônico - Já se passaram cinco anos e ainda se nega a aceitar o seu destino.

- Meu destino?! Nada disto é meu! Eu não quis ou decidi nada disto.

- Mas está presa a isto! - retruca.

- Finalmente disse as palavras certas, vovó. Estou presa!

- Wann, seu marido me disse...

- Não fale dessa maneira!

- Niram me disse - corrige - Que nem sequer come da comida que ele compra.

- Eu posso comprar a minha própria comida.

- Com qual dinheiro?! Ele também me disse que não é chamada para novos trabalhos há semanas.

- Fofoqueiro - murmura.

- Ele se preocupa com você.

- Eu gostaria que ninguém se preocupasse comigo, quem sabe assim eu pudesse viver minha vida - fala andando até o quarto.

- Wann, eu tenho uma proposta - diz seguindo a neta.

- Está sonhando se acha que irei aceitar outra das suas propostas.

- Envolve a fotografia - diz fazendo a neta parar - Já que não quer assumir o seu verdadeiro cargo, proponho um segundo.

- O que quer em troca?

- Que não passe fome - retruca.

- Estou ouvindo - fala ainda sem olhar para a mulher.

- Você sabe que Niram implantou o curso extra de fotografia há alguns anos para agradar você mas, como sempre, ele esqueceu que nada te agrada.

- Avó! - exclama encarando a mesma - A proposta.

- Estou implantando tutorias para os alunos que estão finalizando a faculdade e, entre os cursos, fotografia está inclusa. Nunca trabalhou como professora, mas não precisa de muito.

- Eu...

- Espere - interrompe - Antes que negue, quero deixar claro que não irei te tratar com diferença. Se quiser um emprego, terá. Na universidade será minha funcionária, e nada além disto. Se errar, não atingir as metas da universidade, ou agir imprudentemente, terá os mesmos fins que qualquer outro funcionário. Assim como - pausa puxando o ar - a remuneração.

- Niram pediu para que fizesse esta proposta?

- Não, mas ele esta ciente de que eu iria fazê-la.

A mulher, de imediato, pensa em negar. Mas desde que renunciou o dinheiro e regalias da família, nenhuma outra proposta de emprego chegara aos pés desta. Trabalharia com o que ama e por um ótimo salário. Claro, havia o detalhe de ser professora, mas naquele momento era o menor dos detalhes.

- O.K. - diz assentindo - eu aceito.

- Ótimo! Te espero segunda-feira - diz seguindo o caminho - Wann - chama parando em frente a porta - Sorria um pouco.

7642 (GL)Onde histórias criam vida. Descubra agora