*FLASHBACK*
Wann caminha até a porta do apartamento, abrindo a mesma.
- Charlotte?
- Oi, querida! - cumprimenta com um sorriso.
- Niram não está.
- Não vim para falar com ele. Posso? - indaga inclinando a cabeça para dentro da casa.
- É claro - consente abrindo espaço para a mulher.
- Continua lindo! - diz observando o recinto - Acho que é a primeira vez que entro aqui desde... - pausa notando a mudança no olhar da nora - como você está?
- Bem - fala brevemente.
- Soube que teve outra discussão com sua vó recentemente.
- Ah! Já entendi - diz cruzando os braços - ela te mandou aqui?
- Não. Bom, não exatamente - fala se aproximando - Sabe... Você me lembra Anong, sua mãe. E nem falo isto me referindo apenas a sua personalidade, mas o físico também. Claro, ela não usava óculos mas...
- Charlotte - interrompe - Sei que não veio até aqui para falar sobre o quanto me pareço com minha mãe. Seja direta.
- Certo - assente - Wann, desde a última discussão que teve com sua avó, quando descobriu sobre o contrato - explica - Me senti horrível por não fazer nada, mas dessa vez posso.
- Se veio me pedir para voltar a morar com ela, ou aceitar que Niram pague uma mansão de luxo para morarmos. Nem tente.
- Essa não é a questão. Talvez se conversar com ela...
- Que pena - interrompe olhando para o relógio - Se ela estivesse por perto... Mas que pena. Tenho um compromisso em 10 minutos - diz forçando um sorriso.
- Que ótimo então! - fala deixando a mulher confusa - Por coincidência... - diz caminhando até a porta - Trouxe ela comigo - completa abrindo a porta.
- É claro que trouxe... - murmura avistando a avó no corredor.
- Vou deixar vocês a sós - fala a mulher de cabelos dourados.
Charlotte era a única dos pais de Niram que matinha contato, mesmo que mínimo, com Wann. Assim como, foi a única de ambas as famílias a não concordar com o casamento. Ela chegou a conhecer, e até fazer uma breve amizade com os pais de Wann, principalmente com a mãe... Então uma parte da mulher se sentia instigada a tentar ajudar a filha da sua antiga amiga, mesmo que falhasse.
Desde o casamento, Wann saiu da casa de sua vó. Niram insistiu que eles comprassem sua própria casa, mas o pedido em questão foi negado. Wann fez questão de morar na mesma casa que um dia foi dos seus pais, e foi a única coisa que ela possuiu sem gastar nada do próprio dinheiro desde o matrimônio. Ao dizer "próprio dinheiro", refere-se ao dinheiro conseguido fazendo "bicos" como fotógrafa. Ela negava a todo custo tocar em sua herança, ou em qualquer dinheiro que tivesse ligação com sua avó ou Niram desde a descoberta do contrato. Então mesmo morando em conjunto com Niram, que sempre insistia em pagar tudo, ela fazia questão de pagar metade de qualquer coisa usufruída.
Yang adentra a casa, fazendo a neta ignorar sua presença enquanto encara um ponto qualquer na parede esbranquiçada.
- Wann - chama sendo desdenhada - Não precisa me olhar, mas quero que me escute. Wann, não vim para tentar te convencer a sair desta casa - fala fazendo a neta encará-la confusa - Mas quero que pare de ser imprudente - diz fazendo a neta abrir um leve sorriso irônico - Já se passaram cinco anos e ainda se nega a aceitar o seu destino.
- Meu destino?! Nada disto é meu! Eu não quis ou decidi nada disto.
- Mas está presa a isto! - retruca.
- Finalmente disse as palavras certas, vovó. Estou presa!
- Wann, seu marido me disse...
- Não fale dessa maneira!
- Niram me disse - corrige - Que nem sequer come da comida que ele compra.
- Eu posso comprar a minha própria comida.
- Com qual dinheiro?! Ele também me disse que não é chamada para novos trabalhos há semanas.
- Fofoqueiro - murmura.
- Ele se preocupa com você.
- Eu gostaria que ninguém se preocupasse comigo, quem sabe assim eu pudesse viver minha vida - fala andando até o quarto.
- Wann, eu tenho uma proposta - diz seguindo a neta.
- Está sonhando se acha que irei aceitar outra das suas propostas.
- Envolve a fotografia - diz fazendo a neta parar - Já que não quer assumir o seu verdadeiro cargo, proponho um segundo.
- O que quer em troca?
- Que não passe fome - retruca.
- Estou ouvindo - fala ainda sem olhar para a mulher.
- Você sabe que Niram implantou o curso extra de fotografia há alguns anos para agradar você mas, como sempre, ele esqueceu que nada te agrada.
- Avó! - exclama encarando a mesma - A proposta.
- Estou implantando tutorias para os alunos que estão finalizando a faculdade e, entre os cursos, fotografia está inclusa. Nunca trabalhou como professora, mas não precisa de muito.
- Eu...
- Espere - interrompe - Antes que negue, quero deixar claro que não irei te tratar com diferença. Se quiser um emprego, terá. Na universidade será minha funcionária, e nada além disto. Se errar, não atingir as metas da universidade, ou agir imprudentemente, terá os mesmos fins que qualquer outro funcionário. Assim como - pausa puxando o ar - a remuneração.
- Niram pediu para que fizesse esta proposta?
- Não, mas ele esta ciente de que eu iria fazê-la.
A mulher, de imediato, pensa em negar. Mas desde que renunciou o dinheiro e regalias da família, nenhuma outra proposta de emprego chegara aos pés desta. Trabalharia com o que ama e por um ótimo salário. Claro, havia o detalhe de ser professora, mas naquele momento era o menor dos detalhes.
- O.K. - diz assentindo - eu aceito.
- Ótimo! Te espero segunda-feira - diz seguindo o caminho - Wann - chama parando em frente a porta - Sorria um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
7642 (GL)
Teen Fiction*Inspirado em GL's Tailandeses* A ilustre universidade de Chiang Mai irá contar com uma nova equipe de tutores para os alunos de artes. Malee, a aluna mais nova e prodígio da universidade, escolherá Wann para ser sua tutora em fotografia. Mas não é...