CAPÍTULO-13

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Após cinco anos sem pisar na casa da avó, Wann se dirige a casa da mesma. Hesitante, toca a companhia e é recepcionada por um dos funcionários da casa.

- Espere aqui senhorita, Wann. Sua avó está no escritório, irei chamá-la - diz o funcionário de meia idade se dirigindo ao escritório.

Wann caminha pela sala notando severas diferenças, principalmente os tons de cinza que predominavam o ambiente. Se aproximando do corredor, se depara com algo diferente do padrão. Ela pensava que sua avó tivesse apagado aquilo há muito tempo, mas não. Estava ali. A mão da pequena Wann marcada com tinta roxa na parede cinzenta. Ao tocar naquela marca esquecera por alguns instantes a imagem do monstro que sua avó se tornara em sua cabeça, lembrando então do dia que aquilo foi marcado na parede e da bela gargalhada dada por sua vó ao ver a neta suja de tinta.

- Que surpresa!- comenta a mulher surgindo atrás da neta.

- Avó - fala virando rapidamente - Que bom que está aqui. Liguei para sua secretária e ela me disse que não estava na universidade.

- Tinha alguns assuntos importantes para resolver em casa - explica semi serrando os olhos - Mas o que está fazendo aqui, Wann? Creio que deva ser algo bem importante, não vem aqui há anos.

- É sim! - assente - Gostaria de falar sobre o meu prazo na universidade.

- Wann, nosso acordo foi que eu não lhe tratasse com diferença.

- Eu sei! E não quero que faça isto - explica - Só estou pedindo um pouco mais de tempo.

- Wann...

- Avó, por favor! - pede fazendo a mulher franzir o cenho.

- O que deu em você para voltar a me pedir algo com tanta gentileza? - indaga fazendo a neta desviar o olhar.

- Yang! - chama uma voz grave - Wann? - indaga Kirk, pai de Niram.

- Olá, Kirk - fala fazendo o homem desviar o olhar para Yang.

- Está tudo certo - diz entregando um envelope para a mulher.

- Certo. Nos vemos próximo mês então.

- O.K. - diz encarando Wann mais uma vez antes de se retirar.

- Este era o seu assunto importante?

- Não comece - retruca - sobre o prazo - recapitula - Posso fazer um novo trato.

- Estou escutando.

- Os professores costumam recrutar alunos na semana de artes com suas apresentações - explica -  Se na semana conseguir cinco alunos, posso estender seu prazo por mais duas semanas. O quê acha? - indaga fazendo Wann assentir lentamente.

- Ótimo! Eu aceito.

- Perfeito! Te desejo sorte com as apresentações então.

- Obrigada! - agradece curvando-se minimamente - Tenho que ir agora.

- Espere! - pede fazendo a neta encará-la - Não gostaria de ficar para fazer uma refeição antes de ir? - pergunta fazendo a mulher pausar por alguns instantes.

- Não. Obrigada - diz brevemente - Até mais, vovó - fala deixando o recinto.

Niram estaciona o carro no lugar de costume, se despedindo da mulher com um "bom trabalho!".

Wann se aproxima da entrada da universidade, parando na mesma ao avistar Malee de longe. A garota conversava com um rapaz de cabelos escuros e topete. O garoto acariciava a mão de Malee, que mantinha um sorriso largo no rosto.

Ela conseguiria lidar com aquilo, aliás, a garota estava na idade para ter amigos, mas a cena a seguir fez seu corpo arder de indignação. A garota abraçava o rapaz em sua frente como se tivessem uma intimidade questionável, e isto fez com que os sentimentos que Wann controlava se desgovernassem.

 A mulher respira fundo, pressionando seus olhos fortemente, antes de continuar seu caminho até a sala.

- Desculpe a demora, P'Wann. Eu...

- Tudo bem - interrompe - Nada que atividades extras não resolvam.

- Ãnh?

- Aliás, acho que passarei atividades extras por todas as outras vezes que se atrasou.

- O quê?!

- Está surda? - indaga fazendo a garota franzir o cenho.

- Wann, por quê está falando assim? - pergunta fazendo a mulher se aproximar.

- P'Wann - corrige - Quero que se dirija a mim formalmente. Agora sente-se - fala dando de costas.

- P'Wann! - exclama segurando o braço da mulher - Por quê está me tratando assim?! Eu fiz algo errado? - indaga fazendo a tutora puxar o próprio braço.

- Sente-se, N'Malee! - ordena caminhando até a mesa.

- Não! - nega fazendo a mulher encará-la - Não vou sentar até me dizer o que está acontecendo. Até me falar o motivo pelo qual está me tratando assim.

- E de que forma deveria lhe tratar?! - exclama se aproximando novamente - Eu sou a sua tutora, e você minha aluna. Nada além disto! - fala sentindo seu coração apertar ao notar a feição chorosa da jovem a sua frente.

- O.K. - assente fungando levemente.

A mulher balbucia algumas palavras, mas se nega a falar algo. A cena que assistira antes de entrar na sala não saía da sua cabeça. Então permitiu que o clima entre ambas permanecesse denso pelo restante da tarde e semana.

Malee não conseguiu entender a situação, e Wann não lhe dava justificativas para sua mudança repentina. Então mesmo que aquela situação torturasse o seu coração, tudo o que ela poderia e se sentia capaz de fazer era: aceitar.

7642 (GL)Onde histórias criam vida. Descubra agora