DOCE TORMENTO • JJK

31 ♰ História da minha vida

ESCRITAS NESSAS PAREDES ESTÃO AS HISTÓRIAS, QUE EU NÃO CONSIGO EXPLICAR. EU DEIXO MEU CORAÇÃO ABERTO. MAS ELE FICA AQUI, VAZIO POR DIAS [...] EU TENHO ME SEGURADO COM MUITA FORÇA, MAS NÃO HÁ NADA AQUI. A HISTÓRIA DA MINHA VIDA — ONE DIRECTION, STORY OF MY LIFE.

♰ Jungkook Matthews ♰

Nós saímos de lá imediatamente depois do desconforto de Julie com o lugar, e conforme voltávamos por uma avenida central só conseguia pensar no quão estava me sentindo bem. A respiração ofegante a adrenalina não tinha sido nada comparado ao estresse da primeira vez.

E não é pela maleta que Julie carrega e sim porque ela estava lá comigo.

Pela primeira vez em meses tinha falado sobre meus irmãos com alguém, os bebês. Nem mesmo Ethan e Logan, os dois tentaram conversar, perguntar o que houve. Eu disse que minha mãe tinha tido um parto prematuro e então tudo aconteceu, nada de prisão, nada de brigas com meu pai e nada do estresse da minha mãe.

Só um parto prematuro.

Se acreditaram eu não sei, no entanto não deixem que fizessem mais perguntas. Não deixei que isso me atormentasse ainda mais porque toda a casa tinha sido preparada pra eles e por isso o quarto de hóspedes estava sendo reformado de novo.

Não sei quando que a coragem veio para conversar sobre o assunto, quanto menos pessoas souberem, melhor. No momento que Julie comentou sobre minha tatuagem, foi como se tivesse me sentido no dia em que a chamei de lixo na escola.

Ninguém comentou sobre ela desde que a fiz e tinha levado uma surra que tinha me feito sangrar por dias, pensei que meu pai arrancaria a tatuagem de minha pele. Ele obviamente também não sabe o motivo, não precisa saber. Não importa o que diga, seria capaz de Derek dizer que estou mentindo e não tem nada relacionado aos bebês.

Tudo saiu de forma tão natural com Julie que me sinto até meio tímido, ela sabia da gravidez de minha mãe mas como me odiava era impossível desconfiar de uma coisa dessas. Seus olhos tinham molhado e sua feição se tornou puro arrependimento quando lhe contei, ela se aproximou de mim como se procurasse palavras.

Ela é tão linda e tem um coração tão bom que deveria agradecer de joelhos por ela não pensar em espalhar isso para toda a escola.

Estaciono bem em frente a casa dela e espero que ela desça, Julie apoia a maleta na garupa enquanto tira o capacete com cuidado e me entrega. Penduro no guidão da moto encarando sua roupa perfeita e simples enquanto ela arruma uns fios de cabelo fora do lugar, pega a maleta e estica pra mim.

Observo a casa atrás dela, as janelas e cortinas todas fechadas, nenhuma frecha de luz e movimento. E quando olho pra minha vejo a silhueta de meu pai através dela, quase certeza que subindo para o quarto pra finalmente dormir. Ignorando o barulho da moto aqui fora e da bronca que poderia me da. As luzes acesas.

— Pode me fazer um favor? — encaro seus lábios, a iluminação do poste bem no rosto dela faz sua boca rosada parecer meio inchada. Eram só uns minutos daquele outro beijo, pela segunda vez consegui beijar ela. E como pode as duas vezes terem sido tão intensas?

Tento afagar a forma como ela tinha rebolado contra meu joelho completamente excitada. Quando ela olha pra trás procurando algum vestígio de que poderia ser pega comigo.

— O que? — cerra os olhos.

— Fica com a maleta na sua casa — sussurro baixo e empurro a maleta pra ela. Julie arregala os olhos e balança a cabeça desengonçada.