Indefesa

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Minha primeira reação é ligar para Jungkook. Não consigo sentir raiva dele nesse momento pois a adrenalina corre por todo o meu corpo, estou exausta depois dessa luta, passei o dia sem beber um gole de água e a única coisa que eu mais quero é descansar.

O sinal está cada vez mais fraco, ando pela floresta escura por alguns minutos e posso ver a estrada vazia. Me mantenho escondida entre as árvores com o celular apontado para o céu e sou tomada esperança de encontrar sinal. Consegui.

Ligo uma, duas e na terceira vez Jeon atende.

- SN, CADÊ VOCÊ? - ele diz do outro lado da linha com o tom de voz alterado e ofegante.

- Eu não sei. - meus olhos estão marejados. - Por favor, me ajuda. Não me deixa sozinha.

Minha voz sai fraca por conta da exaustão, ouvir Jeon falar me deixa tranquilizada. Eu fico em silêncio e posso ouvir pessoas ao fundo da ligação perguntando o que estava acontecendo, possivelmente Hyejin e os amigos de Jeon.

- Você ainda tem sinal? Não sai da ligação, me envia sua localização em tempo real. Eu vou te buscar.

- Tudo bem.

Assim eu faço. Quando a mensagem finalmente é enviada, ouço homens gritando mais ao fundo da floresta. Corro pela vasta imensidão de árvores ainda sem me afastar da estrada.

Eu corro muito como se a minha vida dependesse disso, e ela depende. Meu coração martela no peito enquanto os galhos se debatem contra meu rosto. Os gritos dos homens ecoam ao longe, me incentivando a correr mais rápido. Meus pés tropeçam nas raízes expostas, mas eu me recuso a parar. O medo impulsiona cada passo.

Então, sem aviso, meu corpo cedeu à exaustão. Minhas pernas enfraqueceram e eu caí de joelhos no chão úmido da floresta. O ar queima meus pulmões enquanto luto para recuperar o fôlego, mas é inútil. A escuridão se fechou ao meu redor, minha visão turvando-se até que finalmente, o cansaço me consumiu e eu desmaiei.

— JUNGKOOK'S POV

Recebo a localização de Sn. Hyejin está no banco de trás do meu carro acompanhando sua localização em tempo real, dou a partida e seguimos em uma busca incessante por ela.

- Ela tá se movimentando mais rápido, parece que está correndo. A bolinha aparece em um lugar e depois pula pra outro mais a frente.

- Deve ter alguém seguindo ela. Porra, acharam ela.

Piso fundo no acelerador, sigo pelas ruas vazias de Seoul, já está tarde então o trânsito não será um problema. Hye faz o trabalho de um GPS me guiando pela cidade. Minhas mãos suam no volante e o nervosismo toma conta de meu corpo.

Seguimos ao leste e observo a forte presença da natureza e a cidade ir desaparecendo aos poucos. Árvores enormes cercam a estrada e, em um breve momento, olho para o lado e posso avistar um caminho de cascalhos que levam até uma enorme casa abandonada.

- A van! - Hyejin grita. - Você disse que van a levou, certo? A van tá em frente a casa.

- Não vamos atrás da van, continue monitorando a localização dela.

- Continua seguindo a estrada e diminui a velocidade. - Hyejin se inclina do banco de trás para ficar ao meu lado e mostra a localização de Sn. - um quilômetro a frente.

Segundos antes de pisar com tudo no acelerador, observamos homens correndo a beira da estrada e entrando no meio das árvores. A estrada se estendia à minha frente, iluminada pelos faróis do meu carro e poucos postes cortando a escuridão da noite.

- Para aqui. - obedeço minha irmã e descemos do carro. - A localização tá dando ali.

A mais nova aponta para dentro da floresta. Ligamos os flashes dos celulares e adentramos a mata. O silêncio pesado da noite foi quebrado pelo som da respiração ofegante de Hyejin e pelo pulsar frenético de meu próprio coração.

Encontramos Sn jogada entre as raizes pálida e vulnerável, sua respiração fraca como um sussurro na noite. Com mãos trêmulas, verifico seu pulso, aliviado ao encontrar um batimento fraco, mas presente. Com cuidado, a envolvo em meus braços prometendo levá-la para casa em segurança.

Meus olhos se enchem de lágrimas, corremos para deita-lá no banco de trás do carro. Hyejin apoia a cabeça de Sn em sua perna e voltamos para minha casa em segurança.

Você está comigo agora, gatinha.

Meu coração arde como fogo, eu estou sendo tomado pelo sentimento de vingança. Uma mistura de raiva fervente com uma angústia agonizante. Meus pensamentos me levam a cena dela jogada no chão úmido entre as raizes que saltitavam para fora da terra.

Ninguém toca na minha garota.

— SN's POV

Acordo deitada em um quarto que não é meu, abro meus olhos lentamente e sinto o perfume de Jungkook fazendo-se presente no cômodo. Estou em seu quarto, em sua cama.

Minhas pernas estão fracas, minha cabeça lateja, sinto um aperto em meu peito e minha visão está turva. Sento em sua cama com com dificuldade, minha visão se clareia aos poucos e vejo Jeon e Hyejin parados aos pés da cama me observando. Já é dia.

Minha melhor amiga se ajoelha no chão próxima a mim, Jeon se aproxima e senta-se a meu lado na cama. Meus olhos se enchem de lágrimas ao ver meu estado, olho para minhas pernas e vejo uma ferida com tamanho suficiente para me deixar assustada. Alguns machucados estão cobertos por gazes e ataduras. Fizeram curativos em mim.

- Não se assusta. - diz Hyejin segurando minha mão. - Estou fazendo os curativos com Jungkook. Vou pegar mais álcool.

Hyejin sai do cômodo deixando apenas eu e Jeon. Ele me encara com preocupação, eu tento falar mas as palavras não saem, estou fraca. Ele segura meu rosto e quebra o quase total silêncio.

- Precisamos conversar.

O irmão da minha amiga | JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora