Sequestro

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Depois do intenso beijo, retornamos a festa, Jungkook se senta com os meninos e eu vou em direção ao bar. Bebo mais alguns drinks que nunca havia experimentado antes. Sidecar, um coquetel feito com conhaque, licor de laranja e suco de limão. O sabor é sabor complexo, equilibrado e levemente amargo ao paladar, define bem nossa relação até então.

Jeon me envia uma mensagem dizendo que precisamos ir para casa, mas eu não quero. Conversamos por alguns momentos, ele se declara e eu também.

Após a troca de mensagens, decido sair do bar para ir embora com Jeon, mas quando me aproximo posso vê-lo com outra garota em seus braços.

O que ele está fazendo? Decidiu brincar com os meus sentimentos?

A garota é uma de suas ficantes, Carpenter... Ella Carpenter. Seu pai é um homem bem de vida e totalmente influente do mundo da política, digamos que seja um dos caras que está acima do prefeito de forma criminosa. O trabalho dele é sujo, e sua filha mais ainda. Nos conhecemos desde o ensino fundamental, já fomos próximas na infância mas nos afastamos durante a adolescência.

Como eu e Hyejin frequentávamos sua casa, sabemos o que acontece por trás das cortinas, ou melhor, parte do que acontece. Talvez eu saiba demais.

Ella sempre foi acostumada a receber o que queria e com Jungkook não foi diferente, o que para ele foi apenas um beijo depois de muita insistência por parte da garota, para ela foi como um casamento. A loira envolve o pescoço de Jeon com seus braços, eles estão de costas, estão cada vez mais próximos um do outro, seus rostos estão possivelmente colados e eu não quero ver nem mais um segundo dessa cena.

Saio correndo da casa passando entre os meninos, minha visão está ofuscada pelas lágrimas, Taehyung tenta me segurar mas eu consigo soltar sua mão de meu braço a força. Caminho por um longo tempo até achar o ponto de ônibus e me sento ali.

Ele só quer brincar comigo? Por que eu deixei tudo isso acontecer? Por que eu acreditei nele?

Meus olhos estão fechados, a única coisa que se passa pela minha cabeça é a cena que acabei de presenciar. Não há ninguém esperando pelo próximo ônibus, apenas eu.

Droga. São 2 horas da madrugada.

Não há muitos carros passando pela longa estrada, ainda não sei o que fazer, meu celular está completamente descarregado. Deixo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, o vento frio da noite leva meus cabelos para outra direção e eu só consigo pensar na cena.

Ouço passos apressados cada vez mais próximos de mim, rapidamente limpo minhas lágrimas por conta do medo, olho para minha esquerda e avisto Taehyung. Minha reação é de virar meu rosto para o outro lado até que o rapaz se senta próximo a mim.

- Você tá bem? - ele pergunta em tom de preocupação com uma voz suave e grave.

- Eu estou bem, por que não estaria? - digo apressada com as palavras por conta do nervosismo e ele nota.

- Não, você não tá bem! Me deixa te ajudar. - ele coloca sua mão em meu ombro.

Eu observo seu movimento, nossos olhos se encontram e ele dá um leve sorriso. Eu não tenho certeza se deveria aceitar, minha mente está confusa, sei que Tae só quer me ajudar... mas eu não consigo pensar.

- Vem, meu carro está estacionado ali atrás. Vou te levar pra casa. - ele se levanta e estende sua mão. - Eu não bebi hoje, você tá segura.

- Você viu tudo? - digo segurando sua mão e levantando. Ele assente.

- Na verdade, não a vi chegar, quando olhei já estava abraçando seu namorado.

Taehyung me leva até seu carro e então entramos. Passei o caminho todo com a cabeça encostada no vidro e com meus olhos fechados enquanto pequenas gotas de lágrimas caíam. Ele respeitou o meu momento e o silêncio presente não foi constrangedor.

Chego em casa, me despeço de Tae com um breve abraço e tudo o que eu mais quero é tomar um banho quente. Entro em meu chuveiro, deixo a água cair e sinto como se levasse todo aquele misto de sentimentos pelo ralo. Assim que termino, visto meu pijama mais confortável, corro para carregar meu celular e caio no sono.

Acordo na manhã seguinte e vejo a chuva de mensagens e ligações da noite anterior.

Desconhecido, Hyejin e ele... Jeon Jungkook.

Eu ainda não consegui juntar forças suficientes para responder as mensagens, eu não sei se consigo. Talvez esquecer tudo e agir como se não o conhecesse seja uma boa ideia... ou não.

Eu estou me sentindo traída, como se ele tivesse pego a minha confiança e jogado no lixo. Quando finalmente temos a oportunidade de estar juntos e aproveitar um ao outro, ele faz isso.

Ando pela casa vazia perdida em meus próprios pensamentos até ouvir o som da campainha. Uma, duas, três, quatro, cinco vezes ela toca. Quando estou prestes a olhar através do olho mágico, ouço um estrondo vindo do segundo andar.

Parece que a janela do meu quarto quebrou? ALGUÉM ENTROU AQUI.

Corro para a cozinha a procura de algo para me defender e pego o primeiro objeto cortante que vejo pela frente. Subo as escadas, estou com a minha orelha encostado na porta e uma voz grave grita pelo meu nome. Eu não reconheço.

Alguém abre a porta, eu cambaleio para o lado mas não caio. Um homem alto que aparenta ter o triplo do meu peso me encara, não vejo seu rosto que está coberto por uma balaclava preta, ele tem a rápida reação de apontar em minha direção a pistola que está em suas mãos.

Eu levanto meus braços em sinal de rendimento e ele sorri.

- Não achei que seria tão fácil assim. - ele diz dando gargalhadas e então um segundo homem aparece atrás dele.

- Larga a faca. - diz o segundo homem que também não reconheço a voz.

Eu hesito em fazer, não sei o que esses homens querem comigo. Eu fiz nada de errado. Depois de receber um grito ordenando que eu soltasse, fiz.

Lentamente posiciono a faca no chão a frente dos homens e volto a levantar meus braços. O primeiro homem me puxa pelo braço até seu amigo que segura um pano preto e o utiliza para vendar meus olhos.

- Você não precisa ficar nervosa, não vamos fazer nada demais com você. Só colabora e você fica bem. - o primeiro homem diz. - Você não soltou uma palavra até agora, te assustamos?

- Quem é você? - pergunto com toda a raiva acumulada.

- Não é da sua conta. - ele diz ainda rindo.

- Então isso significa que posso te chamar como quiser, certo princesa? - digo em tom sarcástico.

- Princesa? Hahaha ela tá zoando com a sua cara, Titã. - o outro homem ri e consigo ouvi-lo bufar.

- Titã?

- Vamos, ainda temos muita informação pra tirar dessa gracinha aqui. - ele desconversa.

Estou vendada, Titã segura meu braço com força, desce as escadas comigo e posso ouvir a maçaneta de casa ser aberta. Estão me levando para fora de casa.

- Vamos te colocar na van agora, se comporta. - ele diz bem próximo ao meu ouvido. Seu hálito é terrível.

Ouço a porta da van abrir, quando estou prestes a entrar posso ouvir o barulho de uma moto se aproximando cada vez mais, mais especificamente uma Harley Davidson. Como sei? Jungkook tem uma dessa que é de tirar o fôlego.

O som está mais alto e mais perto, uma voz grita e então Titã me joga pra dentro da van, o que me faz ficar caída no chão do veículo.

- EI! SOLTA ELA!

Eu reconheço essa voz. É ele.

O irmão da minha amiga | JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora