Those things I did

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Pov. Carina Deluca


Talvez fosse por isso que Owen conseguia fazer tanta coisa num dia só. Nada clareia mais a mente que gozar gritando com uma linda estranha que não esperava que eu fosse lavar e passar suas roupas depois.

Na segunda-feira de manhã, eu me senti energizada e completamente concentrada na reunião de departamento das nove horas. Os outros executivos e suas assistentes tinham finalmente chegado ao novo escritório e, graças ao trabalho de Alex, nós fomos inundados com a perspectiva de vinte novos clientes. Fui soterrada com trabalho. No lado positivo, agora eu teria pouco tempo para fantasiar com bonequinhos de vodu do Owen e técnicas de castração.

Mas, no meio da correria – pulando de reunião em reunião, uma parada no banheiro e um momento de sossego após um telefonema –, eu lembrei de minha noite com Maya, seu corpo malhado e nu atrás de mim, minhas pernas pesadas com uma deliciosa exaustão e suas mãos agarrando meus cabelos. "Não feche os olhos, não se atreva a fechar os olhos. Estou quase lá." Apesar da diversão daquela noite, eu me senti meio fora do ar no sábado de manhã.

Não exatamente arrependida, mas um pouco envergonhada por ter realmente feito aquilo. Comecei a pensar que eu estava passando uma má impressão para Maya, aparecendo num local desconhecido e disposta a deixá-la fazer o que quisesse comigo na frente de centenas de espelhos, onde provavelmente ninguém poderia me ouvir se eu precisasse de ajuda.

Acontece que, mesmo debaixo daquela fina camada de mortificação, eu sabia que nunca havia me sentido tão viva. Ela fez com que eu me sentisse segura, por mais estranho que possa parecer, e como se eu pudesse pedir qualquer coisa. Como se ela tivesse visto algo em mim que mais ninguém viu. Ela não pareceu nem um pouco surpresa ou crítica quando exigi meus termos em seu escritório. E nem piscou quando eu disse que não transaríamos em nenhuma cama.

Recostei-me na cadeira em minha sala, fechando os olhos à medida que a lembrança da última vez em que transei com Owen, mais de quatro meses atrás, voltava.

Nós tínhamos desistido de discutir por causa dos seus horários ou dos meus. A falta de intimidade em nossa relação parecia uma sombra negra que crescia para cobrir o quarto. Tentei apimentar as coisas, aparecendo em seu escritório tarde da noite vestindo apenas um sobretudo e saltos altos. Mas seria melhor se eu tivesse usado uma fantasia de patinho, de tão constrangido que ele pareceu ao me ver.

– Não posso transar com você aqui – ele disse rispidamente, olhando por cima do meu ombro. Talvez ele tenha dito aquilo porque só podia transar com outras mulheres no escritório. Eu me senti humilhada. Sem dizer nada, virei e fui embora. Mais tarde, naquela noite, ele voltou para casa e tentou compensar: me acordou, me beijou, tentando ir devagar e fazer direito. Mas não foi bom.

Meus olhos se abriram quando a realidade pareceu me acertar nesse momento totalmente aleatório.

Maya fazia com que eu me sentisse tão bem, e Owen apenas fazia com que eu me sentisse horrível. Estava na hora de amadurecer e parar de pedir desculpas por fazer as coisas que eu queria.

Embora eu ainda o desejasse desconfortavelmente muito, saber que Maya iria me contatar em algum momento me fez não ficar a semana inteira pensando em como e onde iria acontecer.

Mas, quando chegou a hora do almoço na sexta-feira e ela ainda não tinha entrado em contato, pensei que, se ela quisesse acabar as coisas entre nós, só precisaria parar de enviar as mensagens. Não combinamos nenhuma regra sobre isso.

Na verdade, a maneira como eu arranjei tudo significava que o jeito mais gracioso de se afastar seria simplesmente desaparecer.

Havia algo de reconfortante sobre um compromisso que era tão tênue a ponto de poder evaporar. Mesmo assim, eu queria encontrá-la de novo. Deixei meu celular na gaveta da minha mesa, determinada a não o levar comigo para a reunião da tarde.

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