Capitulo 13. A negociação

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Era praticamente noite quando já estávamos na metade do caminho em direção aonde os helicópteros – e quem quer que tivesse desembarcado deles – haviam pousado. Lanternas de alcance mínimo que não nos permitiam enxergar mas do que meio metro a nossa frente, abriam caminho por entre o breu e resquícios de uma neblina pálida que começava se condensar devido a repentina baixa da temperatura. Tinha os passos um tanto vacilantes, o peso das bolsas que eu havia me proposto a carregar, faziam meus pés afundarem sob a areia fina dificultando meus movimentos. Alex seguia um pouco mas a frente, aparentemente apressada, o Hijab em sua cabeça agora se fazia como um lenço prateado caído na altura do pescoço, prendendo os cabelos castanhos em um punhado cheio e sedoso na nuca.

Seguimos o trajeto inteiro em silencio até estarmos o suficientemente próximos, quando de repente, o brilho ofuscante de um grande clarão branco se projetou sobre nós como uma rajada de luz, atingindo meus olhos em cheio com um latejo dor. Levei as mãos à frente do rosto em um reflexo rápido, porém ao mesmo tempo tardio, visto que uma cegueira momentânea me ofuscou a visão. Levei alguns segundos para entender o que estava acontecendo, até perceber – quando enfim meus olhos recuperaram o foco. – que se tratavam de três grandes refletores disposto em um semicírculo apontados em nossa direção.

– Boa noite, senhores... – saudou uma voz misteriosa saindo por de trás dos refletores e se materializando na figura de um esbelto homem alto e forte de pele retinta, tinha um rosto extremamente marcante com lábios carnudos e olhos amendoados, o cavanhaque bem desenhado lhe dava um toque extremamente elegante a sua aparência. – peço desculpas pela alta claridade, mas em vista das condições em que estamos, não poderíamos fazer isso a luz do luar não e mesmo. – sorriu brevemente. – se nos permitem. – disse olhando para o lado e fazendo um pequeno sinal com a cabeça.

Logo em seguida dois homens surgiram por entre os refletores e vieram em nossa direção, eram altos e largos, traziam consigo detectores de metal portáteis. Em uma rápida troca de olhares com Alex tentei não transparecer quaisquer feições em meu rosto, confesso que uma leve intimidação me farfalhou a respiração, mas se esse fosse o objetivo deles eu não ia dar o braço a torcer.

– Coloque as bolsas no chão, levante os braços e afaste as pernas. – disse um deles se aproximando. Acatei suas instruções com cautela, peguei a alça da bolsa em meu ombro e a coloquei no chão, tirei a mochila e logo após afastei as pernas e abri os braços. Alex ao lado, fez o mesmo.

O apito intermitente do detector de metais se manteve tênue à medida que passava pelos meus braços, tronco e pernas. Sem quaisquer alardes de materiais metálicos, em seguida, comecei a ser apalpado dos pés à cabeça de forma invasiva e desconfortável, meus olhos, boca e ouvidos foram verificados por uma pequena lanterna de luz ultravioleta e por fim, as bolsas também foram revistadas.

– Limpo. – indagou o brutamontes, dado por satisfeito.

Alex não brinco quando disse que eles levavam a sério questões de segurança.

– Limpo aqui também.

Os dois se afastaram, seguindo de volta aos seus postos anteriores.

– Obrigado senhores. – disse a figura esbelta passando por eles e se aproximando em nossa direção. Mas especificamente na direção de Alex – Ora, ora, ora... – seus olhos se estreitaram. –... Se não é, Alex Covar, a promissora agente do governo que se rebelou contra o próprio sistema.

Alex sorriu ironicamente.

– Maxwell Garcia, você sabe muito bem que a história não aconteceu assim.

Maxwell Garcia. Então esse era seu nome afinal.

– São o que dizem os rumores.

– Não costumava dar ouvido a rumores, quando você mesmo procurava os fatos. Em três computadores ao mesmo tempo. – retrucou.

A arte de ser um ladrão. (Dark romance gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora