O início dos dias ruins

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Suguru estava deitado de lado, o corpo nu transpirava, a boca aberta liberava gemidos constantes, enquanto sentia Satoru investir dentro dele. O som de suas peles se chocando ecoava no quarto, acompanhado de outros murmúrios de prazer.

Satoru tinha uma mão na perna do moreno, a mantendo erguida para facilitar o acesso, mas ele já estava no limite. Seja como for, não era diferente de Suguru, que sentia esse homem se afundar dentro dele em um ritmo constante.

— Satoru... Porra, continua! Eu estou quase... — o moreno tentou dizer, porém, no mesmo instante, acabou gozando, sujando a si mesmo e o lençol.

Não demorou para que Satoru também atingisse o limite, se desfazendo no interior do outro, ao mesmo tempo em que tentava recuperar o fôlego. Depois disso, se retirou, e ambos rolaram no colchão, deitados ao encarar o teto. Suguru se adiantou para prender o cabelo e sorriu para o albino. No entanto, a expressão no rosto de Satoru não era a melhor de todas.

Satoru estava sério, havia uma certa dureza em sua face, ou, na verdade, isso era parte de seu estado psicológico abalado. Ele nunca mais foi o mesmo depois daquela tragédia.

— Eu sei que sempre reclamava, mas acho que sinto falta da sua carência pós sexo — Suguru disse docemente. — Você me abraçava e fazia tantas declarações bregas.

Então, Satoru forçou um sorriso. Por mais que negasse, ele sabia que os remédios não estavam funcionando e que precisava ir ao psiquiatra, sessões de terapia também fariam bem a ele. Porém, se recusava a buscar ajuda médica, e sabia que estava errado nessa questão.

— Desculpe, Suguru — ele disse, se arrastando para perto do moreno e o tocando no rosto. Mas Suguru percebia o quanto era nítido que o azul daqueles olhos se tornou opaco. — Eu te amo e o que fizemos agora foi um sexo incrível.

De certa forma, isso também deixava Suguru entristecido. No entanto, ele se esforçava para não deixar transparecer a mágoa e tentava ser um bom namorado.

— Você não precisa mentir, Satoru.

— Não, é sério. Eu gostei muito quando você disse, "Satoru me foda mais forte, até que eu fique sem andar no dia seguinte" — ele provocou o outro, forçando uma voz teatral.

Como consequência, Suguru acabou rindo.

— Eu não disse isso, você está querendo me constranger.

— Não disse? Mas eu tenho certeza de que ouvi você gritar o meu nome e afirmar o quanto eu sou o melhor de todos na cama — Satoru estufou o peito, se autoelogiando.

Ambos riram daqueles comentários, mas, infelizmente ainda existia aquela nuvem de tristeza que cobria o rosto de Satoru.

O fato é que, atualmente, Satoru tem vinte e sete anos, porém, começou a namorar com Suguru aos dezenove. Próximo dessa data, quando completou vinte e três, Satoru estava retornando para casa em uma tarde qualquer, pois morava com os pais, e percebeu que a porta de sua residência estava aberta. Ao entrar, se deparou com um cenário digno de filme de terror. Havia cacos de vidro no chão, pertences espalhados, itens roubados, e, o pior de tudo, os seus pais estavam mortos.

A mãe de Satoru foi baleada na barriga, ela sangrou no piso anteriormente limpo, e se arrastou pela cozinha, até que perdesse a vida próximo ao balcão da pia. Havia uma nítida trilha de sangue por onde ela passou. Já o pai de Satoru recebeu um tiro na cabeça, ele foi baleado quando estava descendo a escada para o andar inferior. Por sorte, Satoru não estava em casa, mas isso podia ser considero uma sorte?

A família de Satoru era a melhor de todas, sua mãe sempre foi muito gentil e amorosa, por outro lado, por mais que o pai fosse mais sério e se importasse muito com dinheiro, também era uma boa pessoa. Satoru os amava infinitamente, mas no momento em que se deparou com aquela cena e todo o sangue espalhado pela casa, entrou em colapso.

E foi assim que tudo entre nós acabouOnde histórias criam vida. Descubra agora