Unholy

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A vida de Freen e Becky

   Ok, meu bem, eu vou contar o que houve no caso em que eu a Becky nos tornamos inimigas mortais porque você deve estar com mais curiosidade do que as seguidoras que seguem a Mel Diaz pra fazer fofoca sobre minha vida infeliz. Não estou mentindo? Você certamente seria um daqueles @ de lá, não seria? Provavelmente o @piranhaassadaecomidanapraia ou @churrasquinhodepiranhanalage.
    Naquele dia, eu estava lá em Fernando de Noronha. As festas do carnaval sempre eram em Noronha quando se tinha dinheiro suficiente e quando se era uma artista com certas amizades com certos artistas. O que te garantia a passagem para o mundinho obscuro das orgias de famosos ou apenas o abrir de portas para sua carreira.
    Você tinha a carta branca e a porta de entrada para as festas, e comemorações em que tinham muitos do meio artístico nacional e até estrangeiro porque era carnaval, o que trazia o turismo grandioso. E eu já era a atriz com grana o suficiente e com amizades o suficiente para ir para Noronha, mesmo ainda sendo uma jovem atriz, pois comecei minha carreira muito cedo.
    A alegria de quem merecia descansar era ir para Noronha ou apenas para fazer as diversas coisas que poderíamos fazer lá. Afinal, a praia é linda, a ilha é calma e com tranquilidade. Você poderia ficar lá que não teriam fãs e nem muvuca como no Rio ou São Paulo com as escolas de samba porque Noronha é uma ilha e só entra ali quem pode pagar ou é importante o suficiente para entrar.
    Estava eu, com meu biquíni, na pousada bonita do Bruno Gagliasso. Aquela que é famosa e todo mundo conhece. E estavam algumas pessoas por ali, todas do meio. A piscina estava com pessoas conversando sobre seus trabalhos, vidas ou qualquer assunto que poderiam. Alguns tinham saído para passear, ver mais da ilha. Mas ali era um ambiente agradável para se ter ligação com pessoas do meio para abrir portas e estreitar relacionamentos. Coisa que acontece normalmente quando você quer crescer na carreira.
    Me sentei na beira da piscina e molhei meus pés. Tava aquele tempo agradável. Passei meu protetor e olhei o céu lindo que tem numa ilha no meio do mar, sem aquela poluição que as cidades grandes possuem. O que sempre faz a paisagem ser um paraíso.
    Eu estava dando graças a Deus por estar de férias porque queria um tempo só para mim. Amo meu trabalho, mas eu queria vadiar um pouco. Ser puta um pouco. Sabe como é? E eu tinha apenas vinte anos. A vida deveria ser farrear um pouco, beber, viajar e até fazer algo mais, gozar um pouco.
    Foi quando aquele cara se sentou ao meu lado. Estava com óculos pretos e uma barba por fazer. O sorriso bonito. Eu achei engraçado porque não gosto de homem. Mas sempre tive um fogo no cu quando se trata de ver o que um macho nojento é capaz de fazer pra me levar para a cama. E depois dispensar com alegria.
     Essas são as vantagens de ser uma lésbica muito feminina. Os homens querem porque querem, criavam igual galo atrás da galinha e a gente pode fazer eles de trouxa o quanto quiser. Eles fazer toda a côrte da conquista, pagam coisas e a gente pode usar e abusar, depois dispensar sem nem ter dado um beijinho.
    Os machos se esforçam tanto para poder dizer por aí que comeram uma lésbica e que o pau deles é mágico. São uns pobres coitados. Burra é a lésbica que sai com homem só para dizer que é hétero. Melhor ficar solteira, mana. Imagina só ter que botar a boca naquela coisa murcha e feia. Credo!
    — Posso me sentar aqui? — Ele se sentou ao meu lado, mesmo antes da resposta. Homens sendo homens.
    — Claro. — Sorri.
    — Tava te observando dali. Você é muito bonita. — Claro que ele ia vir com essa.
    — Ah, obrigada! — Sorri.
    — Você é aberta? — Ele já mandou a real porque alguns são assim, mesmo.
    — Aberta? — Levantei a sobrancelha.
    — Já vi que é... — Ele passou a mão nojenta pelo meu rosto.
    — Você está querendo que eu faça o que, exatamente? — Já comecei a perder a paciência porque o macho já veio com tudo sem nem flertar direito.
    — Você é muito bonita. Eu sou diretor de cinema e você pode ganhar um papel no meu próximo filme. — Ele voltou a colocar a mão nojenta em cima de mim.
    — Obrigada. — Me mantive porque caçar treta com diretor é pedir para ter a carreira boicotada e destruída. Tanto que muitas até dão pra eles porque são obrigadas e não porque querem.
     — Eu gosto de mulheres femininas assim como você e as asiáticas me deixam sem chão. — Ele continuava me tocando e eu queria vomitar de tanto nojo porque esse era o pior tipo de homem da indústria, o que usa do poder para te assediar.
     — Hum... — Vou falar o que?
     — A Becky ali, aceita coisas mais... Vejamos, a três. Você não quer se juntar a nós? — Ele apontou para a Rebecca, que estava pegando umas frutas em cima da mesa ali na frente junto com a Alice Wegmann.
    — Agradeço o convite, mas eu tenho um namorado. E ele está para chegar. Não pegaria bem. — Fiz aquela cara de foi mal aê...
    — Ah, claro! Mas ele não precisa saber. — Ele ficou com aquele jeito que só homem songo mongo é capaz, passando a ponta do dedo pelo meu braço, esfregando. Odeio homem assim!
    — Eu sou fiel e ele é muito ciumento. — Dei de ombros.
    — Você que perde a chance de um nome no meu filme. — Ele saiu meio puto e eu fiquei na piscina.
   Queimei um pouco no sol após isso porque né... Eu tava curtindo minha vida de boas e só esperando a deixa para sair com alguma gatinha gostosa porque era só o que eu quero, uma mulher para eu ficar naquele paraíso.
     Então, me levantei da piscina. Fui e conversei um pouco com a Giovanna Ewbank. Ela foi muito gentil e me ofereceu um abacaxi. Ela ama abacaxi e aquele estava doce. Tava muito bom. Quem não curte um abacaxi? Pena que dá umas bolinhas na língua, mas abacaxi é bom. Tô falando da fruta, gente! Longe de mim usar termos pejorativos. Ainda mais sobre a Gio... O Bruno ia me matar! Ou não... Porque... Bom... Não podemos falar sobre os abacaxis, abacates, ou abacaxis com abacates em saladas de frutas de Noronha, podemos?
    Só posso dizer que o abacaxi dela estava bom e a conversa foi doce. Uma conversa bem estruturada, cheia de diálogos. Muitos papos de abacaxis. Muitos sucos, muitas frutas, muita água... Muita... Muito abacaxi! Docinho!
    E, então, eu saí. Resolvi dar uma volta na praia porque já tinha sido avisada que ia rolar uma suruba daquelas. Não, não foi aquela que virou notícia. Era outra, uma das várias. Entende? Outra.
   A Gio tava dando abacaxi e oferecendo pra quem quisesse, enquanto avisava que ia ter surubinha depois e eu não tava nem um pingo a fim de participar ou de ouvir as poucas vergonhas que iria acontecer ali naquele lugar. Aí, eu vazei. Saí fugido mesmo. Nada contra quem faz, mas...  Não sou adepta de surubas com homens! E os homens, óbvio, iam participar! Se fosse com mulheres, era óbvio que eu estava dentro delas!
    Fiquei tipo, obrigada pelo convite, abacaxi muito bom, mas eu estou naqueles dias e os homens não vão gostar. Mó cólica na barriga. Dor demais. Porque negar seria grosseiro. Falei... Menina, tô com uma cólica daquelas. Tá doendo muito, aiii! Vou ali comprar um Dorflex. Tipo, lá fora.
    E ela ficou tipo... Mas Freen, na hora de comer o meu abacaxi, você não estava com isso não. E eu disse... Começou agora, pois tá na época. Tá na época sabe? Eu já me conheço! Sabe quando começa as cólicas, a gente sabe que tá vindo! E ela entendeu de boas, me deixou sair após comer o abacaxi.
    Não que eu seja puritana. Longe disso. Mas eu queria não ter que participar daquilo. Poderia, em outra ocasião, em que estivesse louca? Poderia... Mas com homens? Eu não queria nenhum pênis em mim. Nojento demais isso. Por que não uma suruba de lésbicas? Seria favorável, não seria? Seria! Já disse que estaria dentro delas todas!
    E foi quando eu estava andando pela praia que encontrei Rebecca. Na verdade, ela me encontrou. Sempre pensei que ela estava louca nas drogas porque ela veio correndo e me empurrou. Eu caí com tudo na areia da praia e fiquei indignada. Tipo, a gente super sabe que rola os pós nessas festas, muito mais do que as Marijuanas! Sem contar as pílulas, aquelas, que tem uma sigla de três letrinhas, sabe? LSD!
    — O que foi?
    — Você é uma vagabunda, piranha. E não mexe com o que é meu porque eu acabo com a tua raça. Está avisada. — Ela gritou igual uma louca desvairada!
    — Por que está dizendo isso? — Juro que não estava entendendo nada.
    — Você sabe o que fez, sua filha da puta. Tava lá com o que é meu! Me contaram, me falaram! Ou acham que ninguém ia ver você com o que é meu? — Ela riu com ódio.
    — Filha da puta? Não xinga a minha mãe! — Levantei e pulei no pescoço dela.
    Rolamos pela praia até que veio gente e separou. Ela gritou mais uma vez que eu era uma vagabunda, até de puta me chamou. Me falou coisas horríveis e saiu xingando. Fiquei pensando o que tinha acontecido. Será que o macho dela disse que eu dei em cima? Será que... Nem sei...
      Passou tanta coisa na minha cabeça. Aí eu evitei voltar para lá e pedi para minha amiga, a Marina Ruy Barbosa, para pegar minhas coisas porque eu estava indo embora. Rebecca era mais querida do que eu, é influencer e tem mais poderes. E ela tava com o diretor que poderia me fazer ter a carreira jogada no lixo, mesmo eu tendo muitos anos na televisão. Aí eu casquei na cachoeira!
    E depois disso, a gente passou a se evitar o máximo que poderia. Soube que ela me mandou recado dizendo pra eu ficar bem longe do que era dela porque ela ia me matar. Ela parece ser muito ciumenta com o que é dela.
     Eu juro que não sei exatamente o que fiz porque só falei com aquele homem e comi o abacaxi da Gio. O único que poderia me matar por ciúmes do abacaxi da Gio era o Bruno. E ele nem liga! Ele até gosta que ela entregue abacaxis nas festas da pousada deles.
    Então, a verdade é que eu pensava que nunca teria que conviver com ela tão cedo, mas após receber a resposta que havia passado em meu teste, soube que Nam tinha convidado aquela nojenta que brigou comigo por causa de macho. Eu nem gosto de macho. E odeio mulheres que batem em outras por causa de pênis. Pior tipo de mulher é o que bate em outra por causa de macho.
    Eu queria ter que desistir, mas já tinha assinado o contrato por obra e eu precisava do dinheiro. Na verdade, preciso. Tenho boletos a pagar e romper contratos custam caro. Só não imaginava que Becky me provocaria na primeira oportunidade. E ainda xingasse a minha mãe outra vez.
     Foi terrível gravar com ela hoje após nossa briga. Ela fica me olhando com aquela cara de sonsa que me dá muito nojo. Eu nem queria estar no mesmo ambiente que ela. Imagina só ter que aguentar aqueles olhares de provocação.
     Becky é o pior tipo de mulher que já conheci. Eu odeio ela tanto que me causa raiva de mim mesma por sentir isso. Porque o melhor seria não sentir nada. Mas eu sinto raiva dela por ter me tratado daquela forma e pelo motivo imbecil que foi. Ainda mais, ela xingou minha mãe. Não se mexe com a mãe dos outros assim.
     — Nossa, Faye... Você nem sabe como meu dia foi uma merda. E o pior é que eu fico pensando na minha ex... Melhor esquecer! Queria gostar de homens, mas gosto de mulheres. E nenhuma me quer. Só sei que faz seis anos que aquela praga pensa que eu quis o macho dela. Eu nem gosto de homem! Quando ela vai desencanar de mim? Eu nem queria alguém daquela ilha maldita. Tá tão difícil aguentar. Preciso de colo de amiga. Tô indo pra casa. Espero que esteja bem. Beijos... — Mando áudios para Faye, que é minha melhor amiga e diretora de cinema alternativo.
     Suspiro e saio andando pelo corredor para ir embora do estúdio. Fico feliz de não encontrar Rebecca indo embora também. Eu não aguento mais aquela praga. E ver a cara dela é um pesadelo. Só queria que ela fosse embora e não voltasse mais. Porque tá difícil, viu...
     Foda pra caralho e eu nem tenho uma mulher pra me chupar ou eu mesma chupar hoje. Acho que vou ter que siriricar mesmo. Preciso gozar. Que os bons ventos me ajudem. Já basta o Corinthians de merda na minha vida. Já basta a Becky Armstrong ter uma foto no estádio do Corinthians e eu não!

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