California Dreamin'

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Ouvindo somente as antigas da Rihanna... Seja específica, autora... Eu diria que estou ouvindo as dos tempos das cavernas da Rihanna. Agora, está específico. Eu faço a Pil um pouco como a Cristina de Alma Gêmea e a titia como a Odete Roitman. Referências de novelas! A Pil é uma anti-heroina. Ela possui as vilanias dentro dela. Também pego um pouco das vilãs do JEC porque elas xingam as pessoas de coisas. E a graça tá nisso, no absurdo.

A novela Reputation TV

       E estamos começando mais um capítulo da novela Reputation TV. Mas antes de qualquer coisa, Fátima Bernardes, quer vir aqui dar um recadinho para a gente. Momento jabá porque temos que ganhar nossos patrocínios, gente! Dá uma forcinha para o nosso canal de novelas!
    — Os produtos Seara possuem uma qualidade indiscutível. O sabor de casa de vó é inesquecível. Você prova e jamais se esquece. Olhe essa mortadela defumada, sabor da Itália longe da Itália. E esse gratinado? Nada como provar um bom gratinado em cima da cama em um dia frio de inverno, né? Compre produtos Seara. O sabor da casa de vó em sua mesa. O sabor é... Hummm... Delicioso!

    (Voz de Fátima Bernardes dando seu recado.)
    Obrigada pelo recado delicioso, Fátima! Mas então, ouvintes... Vamos para a nossa, sua, deles, delas... Reputation TV!
   Essa é uma novela com Freen Sarocha como Pilanthita e Rebecca Armstrong como Aninlaphat. Também há um grande elenco de pessoas incríveis que vocês vão amar.
   A novela conta a história de Pil, uma mulher que é casada com Anantawut Albuquerque Vilela Bulhões Sampaio Correia de Souza Macedo... Nem eu sei o nome dele, de tão grande que é. Meu Deus, me ajude! Tá pior do que os nomes da família real brasileira. Alguém já viu o nome de Dom Pedro I?
    De qualquer maneira... Ambos são donos de uma corretora de imóveis, onde Pil é uma arquiteta e corretora localizada na Grande São Paulo.
     Após verem-se em falência, o casal decide fazer com que Anin, uma rica inglesa que quer comprar uma casa no Brasil, compre a casa mais cara que possuem para a venda, onde haverá superfaturamento no preço. Porém, Anin quer uma casa em estilo brasileiro, indo contra o que Pil acreditava desde o início, por ser uma casa mais barata.
    No capítulo anterior, Pil convidou Anin para um café, porém a moça disse-lhe que havia pouco tempo e que precisava partir. Contudo, disse que marcariam novo horário. Anin recusou o café e saiu com seu carro, deixando Pil a observando.
   Pil, então, passou a suspeitar de que Anin não era tão inocente quanto aparentava e decidiu arrumar uma forma mais eficiente de colocar em prática seu engenhoso plano.
    O que será que acontecerá no capítulo de hoje? Pil conseguirá encontrar uma forma de fazer a inglesa comprar a casa? Anin cairá no golpe de comprar a casa mais cara? Descubra isso agora, em Reputation TV.
    Pil caminhava de um lado a outro em sua sala trancada, mas sentou-se após andar mais uns passos. Havia proibido a secretária de incomodá-la, pois precisava repensar seus passos e refazer os planos iniciais.
    Tamborilava os dedos na mesa cara com os olhos tão estreitos que causariam arrepios em todos os pêlos do corpo de quem a visse.
    (Barulho de dedos batendo em madeira.)
    Olhava para cima e suspirava cheia de raiva em seu coração. O rosto estava fechado, carrancudo, irritadiço. Os lábios se apertando a todo momento. Os dentes mordendo a carne que havia por dentro da boca.
    Após uns minutos, levantou-se e voltou a zanzar pela sala, parecendo uma barata tonta quando está girando no mesmo lugar, caída de costas para baixo, após levar um jato de veneno.
    (Barulho de passos andando.)
    — Oh, meça! Não acredito que aquela maldita inglesa é mais inteligente do que eu! Terei de descobrir uma forma de dobrá-la ou não terei o dinheiro para comprar as jóias de titia. Sim, minhas jóias que estão com titia! Aquela velha múmia decrépita do Saara, no Rio de Janeiro, está para morrer e não quer deixar-me de herança as jóias que são minhas por direito. Prefere se esturricar dentro de um caixão, ressecar-se até sobrar só os ossos secos e levar aquelas jóias do que deixar todas elas para sua única descendente. Disse-me que posso comprar todas por uma bagatela. Se eu quiser, é claro! E a única forma em que poderei pôr as mãos no que é meu por direito, é comprando o que deveria apenas ser meu. Que injustiça! E aquele imprestável do Anan, havia me prometido que, se me casasse com ele, daria a mim tudo o que lhe pedisse. Agora, tenho de estar aqui tendo de me desdobrar para pagar as jóias de titia. Tenho de enganar aquele brochete, mucufa, jagodes... Pelo amor do amor, roteirista! Pare de olhar sinônimos no Google! Ninguém conhece essas palavras!
    — Desculpe, Freen...
    — Muito bem... A-hã! Hum... Aquele borra-botas com que fui me casar, não serviu nem para manter a fortuna para me sustentar como havia me prometido. Não, eu tenho de trabalhar como qualquer mulher sem um homem nesse país! Como qualquer morta de fome que não soube dar o golpe no primeiro asno que apareceu na frente! Que queda de um penhasco, fui ter! Mulheres jamais deveriam casar-se com um espantalho seco, magrelo, chupado, sem feno por dentro. Mulheres deveriam casar-se com espantalhos que possam enfiar bastante feno. Consegue entender o que vos digo? De que adianta casar-se com alguém que não tem nada? Porque somente asnos que possuem muito feno servem para algo. Os asnos fazem tudo o que queremos. Mas não... Não! Me casei com um asno, burro e incompetente. Preciso pensar o que farei. Já me basta que eu tenha de bancar a esposa daquele graveto ressecado. Aquele parasita inútil, fracassado e apodrecido! Deveria ter me casado com Igor Brandão. Aquele, sim, era um homem! Perdi a chance! Mas darei um jeito de ter as jóias de titia. Depois, irei embora para Acapulco para nadar nas belas águas mexicanas. Apenas para me banhar um pouquinho naquele país pobre e nojento. Após, irei-me para a Europa. Aquele sim, é o lugar para mim! Viverei minha vida longe daquela mula desqualificada e esquelética com quem me casei. Jamais irão me encontrar novamente. Jamais terei de beijar aquela boca de sapo cururu do Anan. Que nojeira ter de beijar lábios tão duros e feios! Nem direi como ele me toca como uma lesma... Escorregadio! Nojento! Do tipo que você joga sal e derrete! Que asco! Que vômito! Todas as noites preciso inventar motivações mil para não deixá-lo colocar aquele periquito safado e depenado em mim. Aquela coisa murcha, pequena, enrugada... Feia! Horripilante! Vomitarei e golfarei só de me lembrar! Credo! Deveria ter me demorado no Memorial Alan Turing. Oh, se deveria! Deveria ter beijado mais aquela francesa e dito mais uh, la, la, enquanto estávamos naquele quarto! As francesas sabem como deixar uma mulher em estado de loucura! Sim, por pouco não abandonei o paspalho do meu marido e parti para a França! Mas a vida é feita de escolhas, não é? As minhas escolhas mulambentas me trouxeram até aqui a esse ponto. E Aninlaphat ser lésbica deveria me ajudar a ser mais... Boa no que eu faço. Negócios são negócios! E eu sou uma mulher muito boa no que eu faço. Só que aquela maldita não agiu como eu esperava. Me quebrou de todas as formas. Eu deveria ter me preparado para isso de uma forma melhor. Fui tola! Mas me prepararei de agora em diante. Nada está perdido. Eu já sei o que devo fazer. Anin vai me dar aquele dinheiro, nem que eu tenha de fazê-la me dar sem comprar casa nenhuma. Nem que eu tenha de seduzir aquela mulher até que ela me entregue tudo o que é dela. Não sou o tipo de pessoa que tem pena. Eu apenas pego o que é meu. E as jóias de titia são minhas. Pena que aquela múmia deplorável e decrépita, que é titia, não caia nas minhas artimanhas, pois foi ela quem me criou e me ensinou tudo. Senão, eu já teria minhas jóias. A manipularia com minhas cordinhas até que ela me desse todas, uma por uma. Sei que aquela velha desgraçada jamais me dará aquelas jóias que eram de vovó. Como já disse, ela as levarão para a tumba do Egito, onde só as múmias habitam, todas as minhas jóias que eram de minha vovó, mas não as darão à mim. Titia diz que não a orgulhei durante a vida. Portanto, não mereço tais regalias. Quanta desonra! Velha bruxa tenebrosa! Velha carcomida do deserto do Atacama! Só porque eu amo mulheres!
    Um flashback começa, pois Pil está se lembrando de uma conversa com sua titia.
    (Barulho de fita rebobinando.)
     Alguns anos antes...
     A menina descia a escada longa e branca que dava para a sala larga e cheia de enfeites de Natal. O ambiente estava cheio de coisas caras e de grife. E a mulher de aparência de uns quarenta anos, mas tendo a idade verdadeira de cinquenta anos, era elegante, com os olhos puxados, cabelos bem penteados e roupas de grife. Ela se encaminhava para a porta.
     — Titia, quero lhe contar um segredo. — Voz de Pil adolescente feita por Sophia Rosa.
    — Diga logo, estou com pressa. Preciso ir ao escritório do desembargador Josué da Fonseca e Prado. Tenho coisas a fazer. Peço-lhe que não me atrase com suas lorotas, Pilanthita.
    (Voz de Sueli Franco em um tom seco.)
    — Não vou me demorar, prometo.
    A menina estava aflita e mordendo seus lábios. As mãos se enrolavam na saia do vestido. Os sapatos pretos com meias brancas em seus pés se contorciam tanto quanto as mãos.
    — Então, sem rodeios! Odeio ladainhas! Fale logo, vamos!
    A mulher japonesa olhava para a menina com olhos frios e distantes. Estava vestindo roupas caras que deixavam-na tão elegante quanto a sala. Havia uma certa elegância em sua pose e face. Porém, tal postura distante contrastava com a postura da menina à sua frente.
    — Titia Pattamika, é normal que se sinta o coração bater como se um universo cheio de estrelinhas girasse dentro da gente quando gostamos de alguém?
    — Já lhe disse que estas coisas são para mulheres tolas, Pilanthita. Sentir amor por um homem não tem serventia, menina. Se sentir, apague como se fosse fogo de fogão. Apague essa chama ou ela a irá consumir até não restar nada. Homens não amam mulheres. Mulheres não devem amar aos homens. Devem amar apenas o luxo, o dinheiro e a boa vida. É só isso?
    A mulher se virou e começou a ir embora sem, ao menos, esperar pela resposta da menina. Estava com a mão estendida para abrir a porta o quanto antes para que pudesse sair logo. A pressa estava evidente em sua postura, mas a menina possuía a necessidade de se abrir com a tia que amava tanto.
    (Barulho de passos.)
    — Mas e se fosse uma mulher?
    A menina estava aflita. Notava-se pela forma com que seu corpo agia diante da mulher. Era nítida que a expressão estava demonstrando que precisava de um conselho e um acalento de sua única família.
    (Passos parando de caminhar.)
    A mulher parou, de repente. Ficou estática por um momento. Pareceu se segurar. Então, virou-se tão fria quanto a água do mar da Dinamarca. Encarou o rosto jovem da menina como se sentisse nojo.
    — Não seja, jamais, o tipo... Darei alguns adjetivos para que entenda e que grave em sua cabeça... Abominável, condenável, horrenda, lastimável, obscena, indigna, vergonhosa e imoral, Pilanthita! Não existe nada mais lastimável do que ser uma mulher que sente algo por outra. Não seja suja, menina! Se me der licença, tenho um homem para tirar as calças. Viva, Pil! Mas viva da maneira correta, sendo sustentada por um homem. Se der sorte, será comida por ele também. Terá prazer! Viverá e terá prazer. Não viverá como uma morta de fome como as pobraiada desse país de terceira classe, agindo como porcos atrás da lavagem! Portanto, escolha sempre um homem que seja bom de cama. Que desperdício de vida seria viver tendo amantes porque seu homem não soube lhe fazer ser o bolo de aniversário da festa e não soube lhe fazer cantar parabéns todos os dias. Escolha o homem certo. E viva! Gaste o dinheiro dele e sinta prazer. Olhe para mim! Tudo o que possuo em minha vida veio de graça, graças aos homens que domei. Se era só isso, tenho mais o que fazer. Vá arrumar o que fazer, também. Não seja uma vagabunda imprestável digna de pena.
    (Barulho de passos, porta se abrindo e porta se fechando.)
    A menina ficou olhando aquela porta fechada por um tempo. As mãos não se contorciam mais. Muito menos, os pés. Nem a boca era mordida por tamanha apreensão. Ali só restava uma menina que estava fria. Tão fria quanto a mulher que havia saído porta afora.
    (Barulho de fita rebobinando.)
     Fim do flashback.
    Pil olhava para o céu azul pela janela de sua sala e suspirava. Estava parada com os braços cruzados. Se lembrava da menina que havia sido e da mulher que havia se tornado.
    — Sim, titia... É um porre estar com um homem e não cantar parabéns, quando quem me faz assoprar as velas são as mulheres. Por isso, amo colocar a boiada na cabeça daquele corno imprestável, aquele alce de Mangaratiba. Enquanto ele é um jumento, eu chupo cana num hotel de Itaquera. Logo estarei bebendo o doce caldo da garapa de Anin, ou não me chamo Pilanthita. E vou cantar parabéns com a minhas jóias no pescoço, lá em Acapulco, nos braços de uma linda mulher latina, titia. Nem você e nem ninguém vai me retirar o que é meu. Nem mesmo Aninlaphat.
    O que acontecerá no próximo capítulo? Pil conseguirá as jóias de titia? Será que conseguirá dar o golpe em Anin? Aguentará seu casamento com um homem ao qual não sente amor? Se encontrará com titia?
    Essas informações só serão respondidas no próximo capítulo de Reputation TV. Não perca... É toda quinta às dez horas da noite. Onde? Na Globoplay!

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