Depois da hora ~01.

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Foi um dia agitado na escola hoje. O diretor, visivelmente alterado pelo caos que tomava conta da sala dele, ordena:

-Já chega! Vocês três vão ficar depois da hora limpando a quadra, o refeitório e a cozinha.- Ele balança a cabeça em negação, soltando um "tch" entre os dentes.

-Vê só, três moças bonitas dessas brigando feito cadelas por causa de gincana.- Ele aponta para a porta, um sinal para que as meninas saíssem da sala.

-Fiquem sentadas no banco de espera até dar o horário de almoço, quando o pessoal sair vocês três vão deixar a quadra e a cozinha limpas.

-O que? Tá falando sério? Por culpa dessa barraqueira eu vou perder a minha tarde.- Cíntia exclama indignada.

-Como se você fosse trabalhar ou algo do tipo- Murmuro revirando meus olhos.

Cintia ouve e eleva a voz pra mim: -Escuta aqui, implicar com todo mundo não vai fazer você ter amor paterno.-

-Eu disse que acabou o show- o diretor ordena apontando pra porta da saída da sala dele.

As três saem da sala e se acomodam em um banco. Eu me sento longe da Cintia e da sua guarda-costas, Ana. Ana parece um pouco nervosa, talvez pela adrenalina da briga anterior ou pelo diretor que só sabe berrar.

Quinze minutos parecem anos quando se está perto de Cintia. Como Ana consegue aturá-la por 8 anos consecutivos?

O sinal toca, seguido pelo barulho das crianças correndo em direção ao refeitório e os adolescentes tagarelando. Eu sigo para o refeitório e encontro minha amiga cortando a fila descaradamente.

-Eai- ela chama minha atenção -o que rolou?

Percebo que ela está meio ofegante.

-Vou ter que ficar depois da hora pra limpar o pátio.

-Aquela Cíntia deve ser sua fã, não é possível- ela diz, apoiando as mãos nos joelhos para descansar. -Cacete, nunca corri tanto na minha vida.

-Você é muito sedentária- zombo dela.

-Olha quem fala.

Finalmente chegamos à frente da fila e almoçamos.

Após o almoço, a escola já está quase vazia. A faxineira Dona Mirian nos entrega os materiais de limpeza.

-Bom meninas, mão na massa- diz com o brilho no olhar de quem vai sair mais cedo.

-Eu limpo o refeitório, a Ana a cozinha e você a quadra- Ordena Cíntia autoritária como sempre.

Eu saio sem esperar que ela termine de falar, já estressada demais com aquele dia.

-Puta que pariu. Maldito dia em que eu resolvi vim pra um evento de escola, porque eu não fingi estar doente.

Ao chegar na quadra, vejo a bagunça.

-Essa quadra tá um caos.

Começo a recolher os papéis, confetes e embalagens de comida, quando de repente ouço um barulho vindo da área onde ficam as bolas e coisas de educação física.

Paro o que estou fazendo e chamo:-Dona Mirian?-mas quem aparece não é a faxineira.

-Moleque, o que tá fazendo aqui?"- pergunto, descendo das arquibancadas e me aproximando da figura pequena que saiu de lá.

-Moleque? O bulliyng pesadíssimo- reconheço a voz de Ana -Eu só vim pegar um esfregão que eu preciso.

Entra na salinha de novo e mais barulhos de coisas caindo ecoam.

Meu senhor, acho que ela quer destruir a escola pra se vingar do direitor, penso voltando aos meus afazeres.

-Achei-diz e da uma risadinha sem graça.

murmuro um "humm" desinteressada.

Sinto um olhar dela sobre mim.

-Tira uma foto, linda-falo olhando pra ela com uma cara nada boa.

-top patadas para dar na inimiga da escola atualizada 2024.

Eu tento não esboçar reação, mas acabo sorrindo e me virando para o lado oposto pra ela não perceber.

-O que você quer?- pergunto seca.

-A quadra e um pouco grande e tá bem bagunçada- fala com se não fosse óbvio.

-Obrigada por avisar- respondo claramente sendo sarcástica

-Não vai querer ajudar?

Olho para ela com uma sobrancelha erguida.

-Tá tentando ser legal comigo por que? Você sempre ignorou minha existência depois que conheceu sua nova amiguinha.

-Eu só tô sendo gentil e queria ajudar você e você só tá sendo grossa gratuitamente comigo.

-Sei lá, pergunta pra sua patroa se ela deixa, já que você sempre faz tudo o que ela pede -volto a me concentrar em terminar de limpar as arquibancadas, quando ouço o barulho da porta da quadra sendo fechada.

E as namoradinhas? - Ana Machado Onde histórias criam vida. Descubra agora