Depois da hora ~07

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   ︵‿︵‿୨Fevereiro 2015୧‿︵‿︵

Eu e a Ana não nos falamos mais depois do ocorrido do beijinho, literalmente um beijinho. Para piorar, a Cíntia começou a estudar na mesma escola que a gente, então foi aí que eu fui trocada mesmo.

Hoje era meu aniversário e a Ana nem olhou na minha cara. Antes, ela sempre fazia questão de passar a data junto comigo e a minha avó, que eram as únicas que se importavam comigo. Agora, só tenho a minha avó.

— O bolo está pronto — fala minha avó, cantarolando e colocando um bolo de chocolate com cobertura, que tinha uma ótima aparência, na mesa.  — Agora faça um pedido e apague a velinha — ela coloca uma vela desgastada em cima do bolo e a acende.

Eu fecho os olhos e finjo fazer um pedido, em seguida apagando a vela.

Nós comemos o bolo, que estava uma delícia como sempre, e assistimos aos programas do SBT.

  ︵‿︵‿୨Janeiro de 2019୧‿︵‿︵

Minha avó foi diagnosticada com Alzheimer e eu nunca me senti tão sozinha em toda a minha vida. Ela simplesmente parou de falar e agora é como se apenas o corpo dela estivesse aqui.

— Que mané, eu aposto que se fosse eu, eu já teria ganhado esse prêmio — falo, quebrando o silêncio, e olho para a minha avó, mas, como sempre, ela só ignora e continua quieta, olhando para a TV.

Segundos depois, ouço batidas na porta, e, quando vou atender, era uma senhora, amiga da minha avó, junto de uma menina com uma cara de encapetada.

— Oi, dona Martha, pode entrar.

— Oi, minha filha, eu trouxe minha neta junto comigo — ela aponta para a garota ao lado dela.

— Ah, claro — olho para a menina, estendendo a mão para ela. — Meu nome é Alana.

— Meu nome é Suzana. — ela me comprimenta de volta.

         ‿୨Dias atuais, Domingo୧‿

— E ela te beijou — Suzana fica chocada e empolgada, pulando na minha cama.

Eu estava contando pra ela o acontecimento do beijo na festa.

— E depois? Vocês trocaram o número? — ela me olha com malícia.

— Não, eu só sai correndo de lá — Suzana me olha decepcionada. — Mas... — ela me olha curiosa. — Depois eu fui no quarto dela pq eu precisava ir ao banheiro e acabou rolando não só beijos dessa vez.

— Vocês crescem tão rápido. — ela fala fingindo estar emocionada e limpando suas lágrimas de crocodilo. — E depois? Vocês trocaram os números de celular?

— Não, eu sai do quarto quando ela foi ao banheiro.

— Alana?! — Suzana olha pra mim indignada.

— Eu fiquei envergonhada de olhar pra cara dela.

— Ai amiga, seja livre e experimente pessoas novas, não existe só a Ana no planeta.

— A Viviane só não faz meu tipo.

— Qualquer garota que não seja a Ana não faz seu tipo. — Suzana revira os olhos de tédio.

— Vamos assistir esse filme logo? Que tal? — Eu mudo de assunto e Suzana revira os olhos, se espreguiça na minha cama e se deita no canto.
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E as namoradinhas? - Ana Machado Onde histórias criam vida. Descubra agora