Depois da hora ~11

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Eu suspiro nervosa e encaro a porta, tomando coragem para tocar a campainha da casa.

Quando eu tomo coragem, sou interrompida porque Ana abre a porta primeiro.

— Oi — ela me cumprimenta meio sem jeito.

— Oi — eu também estou sem jeito.

Nós ficamos nos encarando por uns segundos em silêncio.

— Pode entrar — ela finalmente fala, me dando espaço na porta para entrar.

Murmuro um “licença” sem fazer contato visual com ela, e ela murmura um “toda” e sai da casa, fechando a porta assim que eu entro.

— Que bom que você chegou, amiga — Suzana pula no meu colo e eu quase caio pelo movimento repentino dela.

— Nossa, você estava mesmo ansiosa pra me ver — eu solto ela do meu colo e cruzo os braços, encarando-a.

— Vamos subir lá pra cima — ela nem espera eu falar e já me puxa para as escadas, subindo rapidamente e eu tento acompanhá-la sem tropeçar na escada.

— Chegamos!

Nós estamos no quarto da Vivi, e eu fico meio envergonhada pelas lembranças que se passam na minha cabeça de coisas que aconteceram aqui.

— Que bom que você chegou — Viviane se levanta de sua cama para me abraçar.

Depois disso, nós ficamos conversando sobre coisas da escola, faculdade e futuro.

— Eu realmente não sei o que eu vou fazer depois da escola — eu desabafo — tenho medo de não ter futuro.

— Relaxa, esse desespero vai passar. Não é porque você está no último ano que é o fim da sua vida — Viviane me consola.

— Okay, vamos mudar de assunto. Falar sobre isso me causa ansiedade — Suzana se pronuncia agora.

— Que horas são? — Agnes pergunta retoricamente e pega seu celular do bolso para ver as horas. — 19:14 ainda. Que horas as outras meninas devem chegar?

— Acho que umas 20:00 — Vivi responde à pergunta de Agnes.

— Eu já estou com fome, vamos comer alguma coisa — Suzana reclama, passando a mão na barriga e fazendo careta.

— Eu vou lá embaixo pegar alguma coisa pra gente — Viviane se levanta da cama e sai do quarto.

Suzana e Agnes me encaram com uma cara maliciosa e começam a rir.

— Nem comecem — eu aponto o dedo para elas, e elas levantam a mão em redenção.

— Calma aí, Virgem Maria, nem falamos nada — Suzana debocha e recebe uma travesseirada na cabeça que eu jogo nela.

Minutos depois, a Viviane volta com pipoca, biscoito e suco, e todas nós começamos a comer.

— Humm, quando as meninas chegarem eu peço pizza — Vivi fala, depois de terminar de engolir seu suco.

— Ótimo, vou guardar minha fome pra mais tarde — Suzana fala, sem vergonha nenhuma como sempre, e para de comer os biscoitos.

Viviane ri e eu reviro os olhos, olhando para os meus pés em cima da cama, até que escutamos o som da campainha tocar.

— Deve ser as meninas — Viviane se levanta da cama e desce correndo para atender a porta, e eu, Suzana e Agnes descemos também para a sala.

Quando chegamos lá, Ana e Rebeca já estavam deitadas no sofá, Rebeca deitada por cima da Ana enquanto recebia cafuné. Elas se levantam, sentando-se normalmente para dar espaço para nós três sentarmos.

Não pude deixar de me sentir incomodada, mas me sentei longe das duas.

— Que filme vocês estão vendo? — Agnes quebra o silêncio.

— É uma série, Alice in Borderland — Rebeca responde.

— Legal.

— Olha, quantos gays em um só lugar — uma menina de cabelos curtos, como os da Ana, chega na sala muito animada. — Junho já passou, galera — ela brinca.

— Eu não acredito que voltou! — Rebeca se levanta do sofá para cumprimentar a menina, abraçando-a e dando um beijo em sua bochecha.

Em seguida, mais duas meninas chegam na sala e a gente começa a conversar. A pizza que Viviane tinha pedido chega, e só aí nós começamos a ver o filme.

Suzana e Viviane foram as primeiras a dormir, e depois de um tempo, todas estavam dormindo no colchão que colocamos na sala. A TV já estava desligada porque todas que ainda estavam acordadas entraram em um consenso de desligar a TV assim que acabou o filme.

Já devia ser umas duas da manhã, e eu não pegava no sono de jeito nenhum.

Levantei para ir à cozinha pegar uma água e, quando cheguei lá, peguei meu celular e vi que tinha oito ligações perdidas da minha mãe, mas eu não liguei e guardei meu celular no bolso de novo.

— Não tá conseguindo dormir também? — tomei um susto com a voz repentina da Ana atrás de mim.

— É.

Ela pegou água da geladeira e, só por causa da claridade da geladeira, percebi um leve sorriso no rosto dela.

— Sabe, eu tô surpresa que a Viviane está com você — eu arqueei minha sobrancelha — quero dizer, você não faz muito o tipo dela, pelo que eu conheço ela é você.

— Você nem me conhece direito para saber se eu faço o tipo dela ou não — cruzei os meus braços.

— Eu sei que você não mudou muito desde quando éramos crianças.

— Você não sabe nada sobre mim, então fique na sua!

— Eu sei que você tinha uma quedinha por mim — ela largou o copo na pia e veio em direção a mim, e meu coração disparou — Ou ainda tem? — ela sussurrou no meu ouvido e apoiou sua mão direita na parede, me cercando.

— Você é uma cretina mesmo, você namora e tá dando em cima de mim. — Eu tentei não demonstrar meu nervosismo e desviei o olhar dela.

— Eu não tô dando em cima de você, eu te fiz uma pergunta — ela virou delicadamente meu rosto para eu olhar nos olhos dela novamente — E eu e a Rebeca não temos nada sério, se é isso que tá te impedindo de fazer algo comigo.

— Eu não quero te beijar.

— Você quer muito mais que isso — ela provoca

Agora eu olhei para a boca dela, e tudo que eu mais quero é encostar na minha, mas meu orgulho não me deixa ceder. Então quem faz isso é a Ana, e (in)felizmente eu não consigo empurrá-la.

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Desculpe a demora pra quem tava esperando capítulos novos( se alguém tiver esperando🙃.
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Perdoe qualquer erro.

E as namoradinhas? - Ana Machado Onde histórias criam vida. Descubra agora