Depois da hora ~09

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— Novidades  — Suzana parecia animada para me contar algo. — A Cíntia não vai mais estudar aqui.

— Que bom para ela. — Respondo desanimada.

— Que bicho te mordeu?

— Eu só não estou em um dia bom.

— E quando você está em um dia bom? — Suzana zomba e eu mostro o dedo do meio para ela.

— Preciso ir ao banheiro — levanto do banco do pátio que eu estava sentada.

Assim que chego no banheiro, ouço alguém chorando.

— Oi, tudo bem aí?

— Não é da sua conta, imbecil — rapidamente reconheço a voz de Cíntia e reviro os olhos.

— Então fique chorando aí sozinha, sua idiota — respondo com a mesma grosseria.

Ela abre a porta da cabine do banheiro onde estava e estava com o rosto vermelho, parecia estar chorando há horas.

— Se você falar que me viu chorando, eu acabo com você.

— Ui, que medo — respondo com deboche. — Fica tranquila, ninguém liga tanto assim para você.

Ela se aproxima mais de mim com uma cara bem irritada, mas olha por cima do meu ombro depois de ouvir passos de outra pessoa entrando no banheiro.

— O que está acontecendo aqui? — era a Ana.

— Não tem nada acontecendo aqui, eu só quero conversar com você — Cíntia responde saindo da minha frente e indo em direção à Ana.

— A gente já conversou tudo que tinha para conversar, eu não quero mais ouvir suas mentiras. — invejo a paciência e a voz calma da Ana enquanto dizia isso.

— Eu não quero ir embora sem fazer as pazes com você — ouço a voz dela falhar e pelo visto ela estava chorando de novo.

— Eu sinto muito por você então, porque eu não vou.

Seguro minha risada, mas sem querer eu falho.

— Do que você está rindo, sua idiota.

— De você. — Finalmente falo e ela olha para mim indignada.

— Aposto que você está feliz agora que a Ana se afastou de mim.

— Para falar a verdade, eu não ligo, mas é sempre legal ver você se dando mal.

Ela se aproxima de mim para me bater, mas é impedida pela Ana que segura seus pulsos abaixando sua mão.

— Cíntia, chega, para de descontar sua raiva em alguém que não tem nada a ver com a situação, para ser sincera você é insuportável com a Alana desde sempre, já chega, deixa ela em paz. — Arqueio as minhas sobrancelhas.

— Vocês viraram amiguinhas agora? — Cíntia dá uma risada debochada. — Vocês se merecem mesmo — ela balança a cabeça negativamente e se desprende da mão da Ana no seu pulso e sai do banheiro.

— Sinto muito por ela.

— Eu que sinto muito por você.

O silêncio se instaura no lugar e saio do banheiro porque, graças ao estresse, minha vontade de fazer xixi passa.

O sinal bate e volto para a sala; durante a aula, não consigo me concentrar em nada do conteúdo e quando bate o sinal anunciando o fim, só percebo quando vejo alunos saindo da sala.

Tento, mas não consigo parar de encarar a Ana de mãos dadas com a Rebeca saindo da escola e, em seguida, entrando em um carro.

— No final, a Ana não escolheu você, pelo visto. Vai ver o problema seja você, ela só não gosta de você — Cíntia chega atrás de mim falando com aquela voz irritante.

— Cíntia! Como está sua relação com a Ana? Vocês têm saído muito? — falo sendo sarcástica, deixando ela para trás falando sozinha.

Essa garota não se cansa?

— E aí — Suzana para na minha frente com uma bicicleta, me fazendo parar bruscamente antes de atravessar a rua para ir para o ponto. — Vai querer uma carona, gatinha? — ela me olha com um olhar sedutor forçado levantando a sobrancelha repetidas vezes.

— Onde conseguiu essa bicicleta? — Eu cruzo meus braços olhando pra bicicleta.

— Sem perguntas, apenas suba na garupa — ela pisca pra mim e olha pra frente.

Eu suspiro e subo na garupa mesmo com medo de ser atingida por um caminhão no meio da estrada por falta de atenção de Suzana.

A gente chega finalmente na casa dela depois de sermos xingadas por uns três motoristas no meio do caminho.

— E como estão as coisas em relação a você e a Viviane?

— Não tá — respondo direta.

— Qual é?!

— Eu não sinto nada por ela e eu não quero usar alguém só pra inflar meu ego e me sentir amada por alguém.

— Não estou falando de você usar, só acho que se você der uma chance, você e a Viviane podem dar certo.

— Eu tô achando isso uma péssima ideia, eu sinto que isso não vai dar certo.

— Você é muito teimosa e pessimista.

— Eu estou sendo realista.

Depois desse diálogo, o assunto muda e nós começamos a falar sobre outras coisas.

Até que sinto meu celular vibrar no meu bolso.

— Aposto que é quem eu estou pensando. — Suzana me olha com uma cara maliciosa.

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Viviane
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bem que a gente podia ir pegar um cineminha juntas.

Eu adoraria.

Ok

Te pego sexta-feira aí na sua casa.

Você me passa o endereço depois.

Bjs, então.

Beijinhos♡.

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— É isso aí. — Suzana grita e pula como se estivesse comemorando um gol.

— Vai ser só um filme, não um encontro ou algo do tipo.

— Vai ser um encontro sim.

— Não vou discutir com você, Suzana.

— Ah!, lembrei de uma fofoca boa que você vai amar — ela se senta do meu lado na cama. — Cíntia vai ter que se mudar, não só de escola como de cidade, acho que os pais dela se divorciaram.

— Que notícia maravilhosa.

— Nossa amiga, coitada. — o quarto fica em silêncio até a gente começar a rir.

— Boa piada. — falo ainda rindo.

— E a sua avó? — Eu paro de rir com a mudança repentina de assunto da Suzana.

— Ela tá como sempre, parece que ela não existe mais, só tá o corpo, a alma foi embora.

— Você ainda tem alguma esperança?

— Se ela morrer, vai ser melhor do que ver ela assim, é péssimo ver a única pessoa que me ama da minha família morrer.

— Eu sinto muito. — ela me abraça de lado, apoiando minha cabeça no seu ombro.

— E sua avó? — tento tirar o clima depressivo do lugar. — Ainda tá com o “sugar daddy” dela?

— Não, eles se separaram porque minha avó traiu ele com o pedreiro da obra do quarto da casa dele.

Eu começo a rir e ela também.

— Sua avó é uma pilantra.

— Eu te falo que aquela velha não presta.

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Desculpe qualquer erro😘🫶🏻

E as namoradinhas? - Ana Machado Onde histórias criam vida. Descubra agora